Inventores do amanhã

  "O progresso não é feito por pessoas que acordam cedo. Ele é construído por preguiçosos tentando achar maneiras mais fáceis de fazer as …

06/10/2016 16:16 / Atualizado em 10/12/2016 10:33
  "O progresso não é feito por pessoas que acordam cedo. Ele é construído por preguiçosos tentando achar maneiras mais fáceis de fazer as coisas." (Robert A. Heinlein)

*** Se estivesse vivo, ele estaria completando 110 anos. Mas suas profecias de futuro já estão se formando ao nosso redor. Robert A. Henlein foi mais do que um escritor da ficção-científica, ele foi um humanista e antecipou as conquistas espaciais, décadas antes delas acontecerem. Em um lampejo de gênio, reuniu duas palavras, "Star" e "Wars" e inventou um dos mais emblemáticos códigos da linguagem do século XX. Que depois seria apropriado por Ronald Reagan, em seu apocalíptico discurso: "- Vamos nos preparar para a Guerra nas Estrelas."

*** Enquanto Robert Henlein criava seu código-do-fim-do-mundo, outro gênio da science-fiction, o russo Isaac Asimov, escrevia as Leis da Robótica, o manual para a nova raça que surgia - o homem cibernético. Sua novela Eu, Robot, de 1950, definiu as três leis do Cérebro Positrônico, o processador de dados que permitiria aos androides servir aos humanos, mas os proibia de causar mal aos demais e a si mesmos. O nome mudou para Cérebro Eletrônico, intronizado como o avô do hard-disk de nossos computadores atuais. Uma terceira figura se juntaria a Henlein e Asimov, para formar o Trio de Gênios da ficção científica - o britânico Arthur Charles Clarke. Que se tornou celebridade, ao escrever o roteiro de um dos filmes mais espetaculares e influentes de todos os tempos - "2001: Uma Odisseia no Espaço". As premonições de Arthur Clarke o acompanharam muito antes de chegar      ao cinema. Em 1934, ainda adolescente, ele apresentou a um grupo de cientistas ingleses o projeto de um sistema de comunicação via satélite, solenemente ignorado e até motivo de zombarias. Este trio de profetas ficou famosos por suas novelas, que ganharam uma nova seção nas prateleiras das livrarias, chamada Science-Fiction. Mas os três fizeram mais - especularam sobre os efeitos das conquistas espaciais no futuro do planeta, sem esquecer temas como liberdades individuais e capacidade de superação. E, como não podia deixar de ser, os levou à dúvidas e indagações filosóficas. Em ?Rama II?, Arthur Clarke escreve: "Eu descobri que existem duas coisas com valores inestimáveis - apreender e amar. Nada mais, nem a fama, o poder ou as conquistas têm o mesmo valor duradouro. Quando a vida chegar ao final, ao dizer "Eu aprendi" e "Eu amei", cada um de nós deveria ser capaz de exclamar: "Eu fui feliz". Por sua vez, o autor de "Eu, Robot", Isaac Asimov, afirmava: "As estórias espaciais podem parecer triviais aos críticos míopes e filósofos de hoje, mas o âmago da ficção científica ? sua essência ? tornou-se crucial para nossa salvação ? se é que merecemos ser salvos ?.

*** Talvez a melhor anotação sobre o valor de Henlein/Asimov/Clarke tenha sido a frase que Ray Bradbury ditou ao The New York Times, pouco antes de sua morte, em 2012. O autor dos clássicos "Fahrenheit 451", "O Homem Ilustrado" e "Crônicas Marcianas" apenas resumiu: "Eles inventaram o nosso amanhã."

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