Louca por ser feliz

Se eu contar a metade do que me aconteceu, nos últimos, digamos, 20 dias, juro que vocês não vão acreditar. Os mais invejosos (livrai-me …

04/06/2008 00:00

Se eu contar a metade do que me aconteceu, nos últimos, digamos, 20 dias, juro que vocês não vão acreditar. Os mais invejosos (livrai-me Nosso Senhor do Bom fim) sairão espalhando que eu sou louca, que ando fora da casinha e que é melhor internar enquanto o mal não se propaga. Os céticos irão pensar: "mas como, isso nunca ocorreu". E os cientistas de plantão, com seus uniformes cheirando a éter e aquele olhar de quem sabe tudo, chegarão com seus tubos de laboratório para pegar material para exame. Sabe-se lá o que aconteceu comigo? Será que a ciência explica? Ou o esoterismo? Talvez uma seita mais heterodoxa?

Não paguei algumas contas (fiz sorteio, tipo esta sim, esta não, esta come requeijão). Recusei alguns convites masculinos para sair (ai, tá podendo, heim?). Em compensação, depois de uma festa do balacobaco, na companhia de algumas amigas, vi o sol nascer redondo e meus pés reclamando de tanto dançar a noite inteira, espremidos no scarpin de salto alto. Fui poucas vezes ao shopping, e não para exercitar um dos meus hobbies preferidos que é de consumir, mas para freqüentar o cinema. Encontrei o caminho da cozinha, fiz mais exercícios de levantar o travesseiro e virar para o lado e dormir mais.

E para confundir tudo, decreto em alto e bom som, meus queridos e poucos leitores. Em apenas quatro dias termina o meu período de inferno astral e eu sou muito feliz. Ah! Ah! Ah! Por favor, sonoplastia de risada malévola. Quer dizer, superei tudo. Até o mau humor da perita do INSS que me concedeu mais dias de licença-saúde. A cara feia do gerente da mesma fast food do shopping que serviu, mais uma vez, um prato totalmente diferente daquele pedido pela minha filha Gabriela Martins Trezzi e que constava na foto. Os extras fugindo da carteira pela ausência de frees e o dinheiro jogado no lixo toda vez que não ganho a Mega-Sena.

Então, podem dizer que sou louca "por pensar assim, se eu sou louca por ser feliz, mais louco é quem me diz, e não é feliz". Sim, os versos são da música "Balada do Louco", composição de Arnaldo Baptista e Rita Lee, e somente agora, às vésperas de subir mais um degrau na escala dos 40 (calado Jorge!), percebi que tem tudo a ver comigo. É simples, ser feliz não é tarefa fácil. No meu caso, e não estou reclamando, poderia até ser impossível.  Sozinha para cuidar de uma filha adolescente, afastada do que fiz toda a vida por problemas de saúde, orçamento estreito e proibida de certos prazeres (pera!), como bebidas alcoólicas.

Lamento informar mas sou mais bonita do que Juliana Paes, mais famosa que Ronaldinho (eca), penso que Deus sou eu (com menos poderes, ok). Não tenho três carros e sabem por quê? Eu posso voar. Não vou me curar porque é bem melhor não ser o normal. Assim, se encontra a paz. Enfrentando de peito aberto qualquer problema, tentando vencer os desafios, inventando novos prazeres, aprendendo novos saberes e amando. Cada dia mais. Amar é o melhor remédio. E se você tem como objeto de amor alguém como a Gabriela, exagere na dose porque foi lote exclusivo de fabricação.