Cinco perguntas para Bruna Suptitz

Colunista do Jornal do Comércio foi selecionada para turma inaugural do Oxford Climate Journalism Network

Bruna é natural de Tapejara, no Rio Grande do Sul - Crédito: Maria Souto

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Me chamo Bruna Fernanda Suptitz e nasci em 1991 na cidade de Tapejara, no Rio Grande do Sul. Sou de uma família de professoras e, ainda no interior, formei-me professora pelo magistério público estadual. Não atuei em sala de aula além dos estágios, mas entendo essa como uma etapa importante da minha formação como jornalista.

Cheguei em Porto Alegre em 2010, fui bolsista na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e me formei em Jornalismo em 2013. Recentemente, concluí uma especialização em Direito Urbano e Ambiental pela Fundação do Ministério Público (FMP). Ainda trabalhei na Comunicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) entre 2014 e 2016, e como repórter de Política no Jornal do Comércio entre 2016 e 2019. Tive alguma experiência com Comunicação Institucional e faço reportagens como freelancer.

Desde março de 2020, assino a coluna semanal e o blog 'Pensar a Cidade' no Jornal do Comércio. O projeto surgiu um ano antes, com a proposta de trabalhar com o Jornalismo Local, e reflete meu interesse profissional e pessoal nas pautas que acompanho. Na coluna e nas redes sociais, divulgo conteúdos especializados e sobre planejamento urbano, participação, e outros assuntos relacionados a Porto Alegre.

2 - Por que você escolheu o Jornalismo?

Lembro de querer ser jornalista desde criança. Uma memória que tenho é da professora Fátima Daré, quando eu estava na quarta série: ela incentivava a turma a buscar notícias, registrar em um caderno, responder algumas questões de interpretação e compartilhar o entendimento com os colegas. Hoje identifico esse como um importante exercício de educação midiática. Não sei dizer se a minha escolha pelo Jornalismo é anterior a esse período, mas certamente o "caderno de reportagem" foi um incentivo que contou na decisão.

3 - Em janeiro, você foi anunciada como uma das selecionadas para participar da turma inaugural do Oxford Climate Journalism Network. Como tem sido a experiência?

A experiência está sendo incrível! Temos seminários quinzenais e outras atividades no intervalo que possibilitam uma troca constante entre os participantes do curso. Alguns dos integrantes já trabalham com a pauta climática e o aprendizado acontece muito com essa partilha de experiências.

Paralelo ao tema central do curso, outros assuntos do momento são abordados. É o caso das eleições para escolha de presidente no Brasil e em outros países; a guerra na Ucrânia e a crise energética associada a ela, que atinge especialmente a Europa; e outros. Esse intercâmbio cultural e profissional, que acontece mesmo estando em casa, é uma oportunidade única que eu aproveito com dedicação.

4 - Na ocasião, você também nos contou que tem muito interesse em questões ambientais e climáticas. Como você enxerga que o Jornalismo pode contribuir para esse debate?

Acredito muito no papel educativo da Comunicação. Existem formas didáticas de fazer isso, explicando termos técnicos e aproximando o conteúdo do cotidiano do público, com exemplos e histórias. Esses são conceitos que podem ser aplicados a praticamente qualquer pauta. Tento desenvolver isso no projeto e na coluna e acredito que o mesmo vale para as questões ambientais e climáticas. 

Por exemplo, pode ser difícil entender a gravidade do aumento da temperatura média do planeta acima de 1,5ºC ao dizer que isso vai derreter as geleiras e aumentar o nível dos oceanos, pois é algo distante fisicamente e também no tempo. Uma forma de comunicar é trazer isso para a realidade local, podendo até se valer de pautas do momento. Por exemplo, explicando como o aquecimento global impacta no ciclo das chuvas, considerando que a falta ou o excesso afetam a produção agrícola na nossa região. E dá para aliar a isso informações de como as ações locais de preservação do ambiente natural impactam positivamente no cenário global, ao frear o aumento da temperatura média do planeta.

Acredito que despertar a consciência das pessoas é um primeiro e necessário passo para abordar esses assuntos e a Comunicação tem sim papel nisso.

5 - Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Tenho algumas ideias em mente relacionadas à minha carreira, mas não sei dizer se serão concluídas ou iniciadas em cinco anos.

Um dos motivos pelo qual criei o projeto 'Pensar a Cidade' é acompanhar e noticiar a revisão do Plano Diretor de Porto Alegre. Naquela época estava iniciando o processo, mas a pandemia e alguns outros fatores atrasaram. Sigo com esse propósito de ser a jornalista que acompanhou toda revisão atual. Em paralelo, continuarei comunicando sobre a cidade e temas relacionados ao planejamento urbano.

Como tenho me dedicado aos estudos sobre temas ambientais e mudanças climáticas, em ambos os casos tratando da relação com a vida nas cidades, pretendo desenvolver um formato próprio para divulgar esses assuntos, sempre primando pelo conteúdo didático e acessível, pois acredito que o Jornalismo deve ser assim. E, com o incentivo da bolsa que estou cursando em Oxford, pretendo buscar uma experiência de intercâmbio profissional no exterior, com a proposta de retornar e qualificar o trabalho que desenvolvo por aqui.

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