Cinco perguntas para Carlos Ferreira

Sócio da Agência Padrinho fala sobre a necessidade de opções complementares para o Jornalismo tradicional

1. Quem é você, de onde veio e o que faz?
Acima de tudo, sou alguém apaixonado pelo Jornalismo. Decidi seguir este caminho ainda na adolescência, em Venâncio Aires, cidade onde nasci, e vim para Porto Alegre meses antes de ser aprovado no vestibular da PUC. Era 1999, e uma das poucas certezas que tinha era a vontade de virar repórter, pelo gosto por escrever. Consegui quatro anos mais tarde, quando ganhei uma chance na editoria de Economia no jornal O Sul. Mas o ciclo por lá foi curto e, quando me dei conta, já era repórter de Esportes no recém-fundado Diário de Santa Maria. Foi minha entrada na RBS, o que também inclui uma passagem pelo Pioneiro, em Caxias, e outra mais longa - os últimos sete anos - na Zero Hora. 
Na ZH, trabalhei como repórter e editor em Esportes e Geral e editei, ainda, o caderno Nosso Mundo Sustentável. O que faço, então, acho que está bem claro: Jornalismo. E com muito gosto.
2.  O que motivou a seguir para a área de produção de conteúdos empresariais e gestão de mídias?
Foi um entendimento da necessidade de encontrar atividades complementares ao Jornalismo "tradicional". Mas isso não significa que eu (entenda-se também a Padrinho Agência de Conteúdo) tenha abandonado a produção e edição de reportagens para sites, jornais, revistas. É uma questão de demanda, de projetos, de ideias, e a experiência com jornalismo traz uma grande ajuda na hora de tirar algo do papel. 
Sobre o mercado digital, parece-me obrigatório para qualquer profissional ou empresa ir além da teoria e partir para a prática. Neste ponto, tenho como ótima referência minha amiga de longa data e agora sócia, Alexandra Zanela, ex-executiva do portal Terra.
3. Com apenas meses de mercado, a Agência Padrinho já realizou um trabalho para um canal internacional. Qual o diferencial da empresa?
Qualidade de acabamento, pontualidade na entrega, criatividade e profissionalismo. Cumprimos o que prometemos e não temos receio de dizer que pensamos grande - mas sem esquecer de que ainda temos muitas etapas por cumprir até chegar lá. Isto significa consolidar a empresa, fortalecer o nome no mercado e ampliar nosso círculo de contatos e clientes. Ou seja, temos bastante trabalho pela frente. 
Sobre nosso cliente internacional, fico feliz em dizer que a BBC Arabic não foi o primeiro. Ainda em janeiro, quando nosso CNPJ sequer tinha saído, produzimos uma reportagem para o diário El Comércio, do Equador, sobre a concentração do Equador em Viamão. E, duas semanas depois, escrevemos uma série bem dolorosa de matérias para o site da revista Veja, sobre o primeiro ano da Tragédia de Santa Maria. Estes dois trabalhos marcaram o início, de fato, da agência.
4. Com experiência em impresso, como vê a relação da comunicação impressa com a digital?
Dá para brincar com uma analogia. Trata-se de uma travessia difícil e sem volta, na qual os últimos dificilmente serão os primeiros. Boa parte dos jornalistas tem uma resistência natural às mudanças, ainda mais aqueles criados no ambiente pré-internet das redações. De certa forma, foi meu caso: quando terminei a faculdade, 11 anos atrás, sequer havia preocupação com conteúdo de site. Era a réplica da edição impressa. Mas este cenário mudou de forma gradativa até se chegar ao ponto onde estamos, no qual o jornalismo digital virou protagonista e vive em pé de igualdade (ou com vantagem) sobre a dita mídia impressa. E no meio disto tudo há um problemão: os profissionais produzem mais, mas a remuneração não necessariamente acompanha este aumento na demanda e na necessidade de qualificação. Isto explica um pouco do que ainda existe de resistência a entrar nesta travessia, como disse, inevitável para se ter futuro na profissão. 
5. Quais são os planos para os próximos cinco anos?
Esta resposta combina muito o que penso para a minha vida e para a Padrinho. Consolidar a empresa, divulgar sua marca e torná-la uma das referências no mercado de produção de conteúdo é uma meta complicada de se atingir, mas não impossível. É para isto que pretendemos trabalhar. Quando decidimos - Alexandra e eu - deixar a estabilidade dos nossos empregos para investir em algo novo para nós, sem garantias, foi porque entendemos haver a chance de fazer um trabalho que nos desse orgulho profissional e realização pessoal. 
E se sobrar um tempo e algum dinheiro em meio a isso tudo, pretendo viajar mundo afora. Meu pai costuma lembrar que passou os primeiros 10 anos da carreira sem tirar férias. Ele sempre foi um exemplo para mim, mas neste caso acho que vai ficar feliz se der para fazer um pouco diferente.
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