Cinco perguntas para FêCris

Jornalista assumiu como gestora de Produto e Estratégia do Matinal Jornalismo

Fernanda Cristine Vasconcellos da Silva, mais conhecida como FêCris

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Meu nome é Fernanda Cristine Vasconcellos da Silva, mas desde a época da escola me chamam de FêCris. Eu nasci e fui criada em Porto Alegre, minha mãe é professora e pedagoga e meu pai engenheiro civil, ambos hoje aposentados. Tenho um irmão mais velho, gente boníssima e muito naturalmente inteligente, o que sempre me colocou como a pessoa que precisava correr atrás para acompanhar o resto da casa. Também me criei com meus avós e, em especial o meu avô, também era um grande incentivador da educação e dos livros. Então, naturalmente virei uma pessoa apaixonada por estudar - e também por música, outra coisa que não podia faltar na minha casa. Profissionalmente, eu sou jornalista e tenho mestrado em Comunicação Social pela PUCRS. Concluí recentemente o doutorado com dupla diplomação pela PUCRS e Universidade Católica Portuguesa, de Lisboa, durante o qual pesquisei as crises do jornalismo no contexto digital. Adoro pesquisa científica, é algo que me deixa muito realizada, e aliar a academia e o mercado de notícias sempre foi um objetivo da minha trajetória profissional. Atuo como professora do curso de Jornalismo da Famecos/PUCRS, editora do Zap Matinal (um boletim de notícias gratuito via whatsapp) e, desde janeiro deste ano, gerente de Produto e Estratégia do Grupo Matinal Jornalismo. Sou também muito fã de música, dos meus amigos, da minha família e do meu marido, que também é jornalista.

2 - Quais são as metas e os principais desafios como gestora de Produto e Estratégia do Matinal Jornalismo?

O Grupo Matinal Jornalismo começou de uma maneira muito bonita, porque nasceu da vontade de fazer a diferença na nossa sociedade, e eu me relaciono muito com esse sentimento. Eu tenho a sorte de enfrentar esse desafio ao lado de pessoas e profissionais de primeiríssima linha, gente boa mesmo, e que tem crenças e valores muito parecidos com os que eu considero essenciais para o jornalismo e para a sociedade hoje.

Nossos desafios para este ano são basicamente em duas esferas: redesenhar nossos produtos (a revista Parêntese, o site do Roger Lerina, o Zap Matinal, nossa news diária Matinal News e o site Matinal Jornalismo), que foram muito bem recebidos pelo público nos últimos dois anos, e entender como eles podem ser ainda melhores; e trabalhar para que o Grupo Matinal Jornalismo ganhe ainda mais visibilidade e chegue a mais pessoas, para ajudar a pautar o debate público efetivamente, apresentar novas visões e diferentes alternativas. Nos últimos meses, o Matinal ganhou grandes votos de confiança do público, com a superação de 100% da nossa meta de crowdfunding; e do mercado, com reconhecimentos como o Troféu Antônio Gonzalez de Contribuição à Comunicação Social no Prêmio ARI, Menção Honrosa no 37º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo 2020 e segundo lugar em um prêmio do International Center for Journalists (ICFJ) de reportagens sobre a pandemia, na categoria Transparência, Crime e Corrupção, entre outros. Nesse último, aliás, fomos o único veículo gaúcho contemplado. Então, surge como um grande desafio ajudar a empresa a crescer de maneira sustentável sem perder a sua essência de jornalismo local, investigativo e propositivo, com luz nos fatos e foco nas ideias, como diz nosso slogan.

3 - Como e por que escolheu ser jornalista?

Eu tinha uns 11 anos quando eu vi na TV que ocorreu um seriíssimo acidente aéreo (voo TAM 283). Nesse dia, me lembro de ter me dado conta pela primeira vez de quanto um jornalista ajudava a sociedade, mesmo em um momento como esse. Minha mãe me explicou por que falavam tanto daquele assunto, que as pessoas estavam preocupadas, e isso me bateu com muita força. Ao longo dos anos seguintes, eu fui obviamente aprendendo mais sobre jornalismo, mas esse sentimento inicial, de fazer diferença na sociedade, sempre permaneceu.

Quando eu entrei na Famecos, em 2004, queria trabalhar com jornalismo cultural e rádio. Ao longo do curso, aprendi sobre jornalismo digital - fiz estágio desde a segunda semana de aula na extinta Cyberfam, o primeiro laboratório universitário de jornalismo on-line do Brasil, com os professores Eduardo Pellanda, André Pase e Andreia Mallmann. Depois disso, me apaixonei também por essa área e consegui juntar tudo na minha trajetória na profissão, que eu considero em pleno voo, tenho muito o que aprender ainda.

4 - Como professora, como vês a importância do ensino e da faculdade de jornalismo para o exercício da função?

Não só como professora, mas desde a minha época de aluna de graduação, eu sempre fui grande defensora da faculdade de Jornalismo e do diploma. Para mim, não há outra maneira de abrir os horizontes, aprender a pensar sobre o mundo, ter senso crítico sobre o fazer jornalístico, e criar repertório também, ler, debater leituras, escrever, errar... Como também não há outra maneira de aprender sobre a prática jornalística senão vivenciá-la, em seus diversos ambientes e possibilidades. A Escola de Comunicação, Artes e Design - Famecos, onde estudei durante os últimos 15 anos e hoje sou professora, proporciona também muitas oportunidades de prática aos alunos e eu acredito muito em redações que possibilitem a reflexão e a autocrítica aos jornalistas.

Eu aprendi muito nas redações pelas quais passei, sou muito grata, mas mesmo a minha capacidade de aprender com a prática foi muito moldada pelas oportunidades de leitura e debate que eu tive na faculdade. Lógico que cada aluno faz a sua trajetória acadêmica, eu era daquelas que absorvia tudo o possível, ia em todas as aulas, todos os eventos, fazia mil perguntas, me dedicava mesmo - e quem me conhece sabe que eu não deixei de trabalhar um único dia durante todo o curso e, também, aproveitei bastante as pistas da noite porto-alegrense (risos). A minha crença maior é no equilíbrio: um bom jornalista só é formado no encontro da vivência prática com a capacidade de reflexão acadêmica.

5 - Quais são os teus planos para daqui a cinco anos?

Se tem uma coisa que essa pandemia massacrou em mim foi a capacidade de fazer planos. Realmente, não vejo espaço emocional em mim para, hoje, olhar para os próximos cinco anos e traçar uma trajetória em linha reta. Mas algumas ideias a gente sempre tem, claro. Eu queria muito poder responder que vou dar um tempo de estudar - concluí o doutorado há um mês -, mas a verdade é que eu sou completamente apaixonada por pesquisa científica, então não devo esperar tanto tempo para buscar um estágio pós-doutoral. Por ora, vou editar minha tese em livro e alguns artigos - acredito muito que o conhecimento acadêmico precisa ser acessível para a sociedade em formato e linguagem -, me debruçar sobre os desafios no Matinal e as minhas aulas no Jornalismo da Famecos, que são uma fonte eterna de inspiração, tanto através dos grandes colegas como na voz dos nossos queridos alunos. Meu maior desejo é que a vacinação contra a Covid-19 avance logo, para podermos estar juntos. Mas a única coisa certa, para mim, é dedicar minha vida profissional a ajudar a construir um mundo melhor, menos desigual e com jornalismo de qualidade, que ande de mãos dadas com a sociedade.

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