Cinco perguntas para Lucas Laux

Com um tipo de câncer raro, publicitário gaúcho precisa de verba para realizar cirurgia em São Paulo

Publicitário ainda precisa de ajuda para a cirurgia para retirada do câncer - Divulgação

1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?

Eu gosto de brincar sempre que eu sou um arteiro que, às vezes, paga de artista na Criação Publicitária. Eu sou nascido em Porto Alegre, mas passei sete anos da minha vida, minha criação inteira de amadurecimento, em Caxias do Sul, que é uma cidade que hoje eu tenho um grande afeto. Eu estou sempre lá quando eu posso, vendo amigos, conversando com pessoas, conhecendo gente. Então sempre que eu posso, eu visito a 'minha terrinha'.

2- Quando e por que decidiu fazer Publicidade?

Eu brinco que, na verdade, não fui eu que escolhi a Publicidade, a Publicidade que meio que me escolheu, porque foi acontecendo tudo por acaso. Eu primeiro fiz um curso de Comunicação Visual, para ver se realmente eu me adaptaria à área criativa. E o que eu sempre quis foi fazer Design, mas eu fiquei com medo de não dar certo. Por um  medo também, eu me tornei publicitário, porque eu teria outras áreas onde eu poderia atuar. A escolha pela Publicidade em si, ao invés do Design veio muito em cima disso. E me dei bem na área, acho que hoje eu faço um bom trabalho.

Tem, inclusive, uma história engraçada, de quando eu fui fazer meu primeiro vestibular para um curso acadêmico. Eu não tive pensamentos como "vou fazer este curso por isso". Eu abri o site de uma faculdade, o IPA, tinha uma menina que ia fazer vestibular e eu estava interessado nela e eu descobri a Publicidade pelo interesse nessa moça que ia fazer o vestibular neste curso. Eu queria ter alguma chance com ela, e foi assim que eu descobri um grande interesse pela área, pois então de fato eu fui conhecendo o que era Publicidade. 

3 - O que mais te atrai na atuação como publicitário?

A minha atração pela Publicidade está no campo da criatividade. Eu diria que, às vezes, é só este campo que realmente me interessa. Porque a gente pega algo do zero, um briefing, transforma em alguma coisa bacana e ainda gera resultado para o nosso cliente. Todo esse processo para mim é algo que exige muito da nossa cabeça, do nosso psicológico. E meu grande interesse é no campo das ideias, como elas são embrionárias e, posteriormente, transformadas pela cabeça de um criativo. Isso é muito legal: ver o nascer, ver o embrião. É como se fosse um filho. Quando a gente faz uma peça publicitária a gente considera, às vezes, como um filho. Até às vezes não gosta muito que alguém mexa, tem ciúmes do diretor de Arte. Então, minha grande fascinação é pela área criativa, e como as ideias nascem, se transformam, amadurecem e geram resultados. 

4 - Há alguns meses você trata um tipo raro de câncer e, para cobrir os custos de uma cirurgia, você fez uma vaquinha on-line. Como está o tratamento e você conseguiu arrecadar o valor necessário para fazer o procedimento? Se sim, alguma previsão para que ele seja feito?

Sim, eu tive um câncer raro, inicialmente, de apêndice, que aflige um em um milhão de habitantes, então realmente muito raro. Ele não tem uma causa, ele acontece por acaso. Infelizmente, é um câncer que demora para ser descoberto porque ele fica no apêndice. Gerou uma metástase para o peritônio. Eu preciso de uma cirurgia chamada Hipec, que é um procedimento intraperitoneal, que é todo um processo muito complexo. Eu fiz essa vaquinha on-line porque o tratamento aqui no Rio Grande do Sul custaria R$60 mil. No entanto, eu tive uma progressão dessa doença. Recentemente, eu descobri por uma tomografia computadorizada que talvez eu tenha que acelerar este processo e fazer esta operação. Esse processo só pode ser agilizado se feito em São Paulo. Eu vou precisar de mais verba do que eu já tinha conseguido - eu tinha fechado os R$60 mil. Eu vou precisar de, pelo menos, mais R$15mil, porque a equipe paulista é mais cara. A grande vantagem de São Paulo é que não precisa importar o equipamento, ele tá lá. O que demoraria aqui no Estado, seis ou sete meses, lá, se eu tiver o dinheiro, com plano de saúde ok - ele tem uma carência a ser cumprida - pode demorar dois ou três meses para os médicos me analisarem e conseguirem fazer um entendimento da situação, o estadiamento (processo para determinar a localização e a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa), para que consiga fazer a  cirurgia. Então eu comecei uma nova arrecadação. Nesta, eu arrecadei em torno de R$1.500,00.

5- Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Quando se trava uma luta pela vida e uma luta contra o câncer, a gente passa a viver dia após dia. Então não saberia dizer onde eu quero estar daqui a cinco anos. Eu serei uma pessoa muito privilegiada socialmente se eu estiver vivo em cinco anos. Porque tem vários procedimentos que são complexos, podem não dar resultado. A gente vai atrás, a gente sabe que a Medicina evoluiu muito. Minha prioridade, parece meio mórbido falar isso, mas é estar vivo em cinco anos. Mas eu acredito que sim. Eu sou otimista com relação a isso. 

Eu quero seguir fazendo o que eu gosto que é a área criativa. Eu me vejo na Escala. Porque eu já falei para o Roberto Lopes (diretor de Criação) que só se ele me tirar, porque se não, eu me aposento nesta agência. Pretendo estar nela por bastante tempo e pretendo estar fazendo o que eu gosto, me sentindo bem, com minha família, com meus colegas. Com uma carreira estável, uma vida, psicologicamente, estável - porque o psicológico também é importante para tudo que a gente faz na vida. O que eu procuro é estabilidade profissional, emocional e, de certa forma, financeira. Então minha busca em cinco anos é: primeiro pela vida, segundo para seguir fazendo o que eu gosto.

 

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