Consórcio de veículos de imprensa criado na pandemia chega ao fim

Parceira, criada ainda em 2020, reunia o trabalho de seis empresas de Comunicação

30/01/2023 17:00 / Atualizado em 30/01/2023 15:18
Consórcio de veículos de imprensa criado na pandemia chega ao fim /Banco de imagens/Canva

Chegou ao fim o consórcio de veículos de imprensa criado em 2020 para a divulgação de dados sobre a Covid-19. Contando com a participação de seis empresas de Comunicação, a parceria consolidava diariamente os números da pandemia no Brasil. 

O trabalho começou após o governo de Jair Messias Bolsonaro (PL) atrasar a divulgação dos dados sobre contágios e mortes pela doença no País, ação  que foi considerada como uma tentativa de dificultar o acesso a essas informações. Sob a gestão do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, os números eram publicados sempre às 17h, na titularidade de Nelson Teich, às 19h. Em 3 de junho de 2020, quando foi registrado recorde de vítimas fatais, sob a chefia de Eduardo Pazuello a pasta publicou apenas às 21h45. No dia seguinte, quando um novo pico aconteceu, o boletim foi ao ar às 22h.

Além disso, a forma de divulgação foi alterada, já que o informe oficial começou a dar destaque para os números do dia, sem publicizar a totalização geral de mortes e contaminados. Também foram evidenciadas informações relativas a ?casos recuperados?, mesmo que, até aquele momento, não houvesse informações sobre a cura da doença.

Com isso, surgiu o consórcio entre os veículos Estadão, Extra, Folha de São Paulo, G1, O Globo e UOL, que consolidava, sempre às 20h, os dados dos 26 estados e do Distrito Federal. A parceria pôde registrar marcos da crise de Saúde, como quando o número de mortos alcançou os 200 mil no Brasil, em 7 de janeiro de 2021, ou a falta de oxigênio vivenciada por pacientes em Manaus, no Amazonas. Ainda foram incluídas as informações sobre o processo de vacinação da população, as doses de reforço e, mais recentemente, a imunização de crianças. 

Fim do programa

Nos últimos meses, de acordo com as empresas participantes do programa, a divulgação de casos, tanto na esfera federal quanto estadual, tem se mostrado confiável. Embora os veículos continuem a publicar informações sobre a pandemia, agora a avaliação é de que não é mais necessária a compilação dos dados por parte do consórcio.

"Quando o Estado brasileiro falhou no dever mais básico de informação no enfrentamento de uma epidemia, a imprensa, em uma ação inédita, uniu forças para suprir o vazio deixado pela inépcia oficial?, contextualiza Eurípedes Alcântara, diretor de Jornalismo do Estadão. Alexandre Gimenez, gerente-geral de Notícias, Economia e TAB do UOL, opina que o fim do consórcio é um voto de confiança ao governo, mas que os jornalistas continuarão atentos a eventuais inconsistências. Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha, fala que a parceria cumpriu o papel profissional de manter a população informada, enquanto o ?governo federal se omitiu?.

Segundo Renato Franzini, diretor do G1, o Jornalismo requer ?senso de urgência, capacidade de apurar informações relevantes com precisão e agilidade e mostrar tudo isso de um jeito objetivo e claro", o que foi cumprido pelo consórcio. Para Alan Gripp, diretor de Redação do jornal O Globo, a formação da parceria foi ?um marco histórico para a imprensa brasileira?.