Critérios de seleção para coletiva de imprensa geram mal-estar entre Rádio Grenal e lnter

Reportagem do Coletiva.net conversou com os envolvidos para entender a situação

Rádio Grenal participou da coletiva de imprensa no último domingo - Reprodução

Não foi só o futebol que atraiu a atenção dos jornalistas esportivos na cobertura do empate entre Internacional e América (MG) no último domingo, 27. Uma situação extracampo também envolveu a Comunicação do Clube e a rádio Grenal. Em um post nas redes sociais, a diretora de conteúdo da Rede Pampa, Marjana Vargas, reclamou que a emissora estava fora da coletiva de imprensa pós-jogo. Com a intervenção da Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos (Aceg), a empresa participou do evento. A reportagem do Coletiva.net conversou com os envolvidos para entender a situação.

Na postagem, Marjana divulga uma lista de veículos feita pelo coordenador de Comunicação de Futebol do clube, Rafael Antoniutti. Nela, havia os selecionados para participar da entrevista, e a rádio Grenal não estava entre eles. Tal informação foi passada em um grupo de WhatsApp privado denominado 'Coletiva Inter', o qual integra repórteres e comunicadores envolvidos nas jornadas esportivas. Essa seria a segunda vez que a emissora não estaria presente. 

 

Após manifestar sua inconformidade e jornalistas da empresa, como Haroldo de Souza e Luiz Carlos Reche, reclamarem ao vivo, Marjana recebeu a ligação da assessoria do time confirmando a participação deles. Também recebeu telefonema do vice-presidente da Aceg,  Rogério Amaral. Conforme ela, ele prometeu solicitar ao Internacional que as quatro emissoras FM de Porto Alegre pudessem participar permanentemente dos questionamentos após os jogos. Dessa forma, e em acerto com o time, a rádio participou do evento pós-jogo. Sendo assim, Marjana publicou nas mídias pessoais sobre a atualização e participação do veículo.

 

 

De acordo com a executiva, esse descontentamento começou já em 25 de maio deste ano, quando a Comunicação colorada sugeriu novos critérios para a seleção de repórter nas entrevistas, estabelecendo um rodízio entre os veículos. No dia seguinte, Marjana enviou mensagem em particular para os assessores de imprensa e do presidente do Internacional. "Elenquei as razões pelas quais eu considerava que ele não podia ser aplicado. Não satisfeita pedi para o Thiago Rocha, mas não tive retorno".

Um dos pontos que a diretora de conteúdo da Rede Pampa discorda é o local em que isso foi proposto: um grupo composto por basicamente comunicadores e, não, por diretores que possam falar em nome dos veículos. "Nós somos hoje uma empresa na qual tem a rádio Grenal, a TV Pampa e o Jornal O Sul que trabalham com futebol. Só na Grenal são 40 funcionários. Temos que dar satisfação para nossos ouvintes e nossos anunciantes", explicou. E, segundo ela, foi para dar essa explicação aos ouvintes que ela fez a postagem.

A gestora afirmou ainda: "Consideramos que as perguntas dos repórteres são de extrema importância para nosso entendimento". Além disso, entre os participantes do encontro virtual com a imprensa, estão as emissoras identificadas com o clube, o que, segundo Marjana, impossibilita que algumas perguntas mais críticas sejam feitas. "Eu considero não ter um representante da rádio Grenal prejudica inclusive o produto entrevista coletiva".

Pensando no número limitado de vagas, Marjana disse que, por iniciativa própria, e para otimizar espaço para todos, indicava apenas um representante do conglomerado. No entanto, se essa situação não se modificar, ela disse que indicará representantes dos três veículos. Para ela, a rádio que só fala de Grêmio e Internacional não pode ficar de fora. "Eu só quero ser ouvida pelo presidente!". E ela terá esta oportunidade em 13 de julho, pois Alessandro Barcellos está confirmado como convidado do 'Pampa Debates'. 

Internacional adota novos critérios

Conforme o coordenador de Comunicação de Futebol do Internacional, Rafael Antoniutti, desde o começo da pandemia as coletivas dos clubes têm sido virtuais. Nas realizadas após as competições regionais e nacionais, "a demanda estava muito alta e o clube com dificuldades em atender a todos". Por isso, antes do início do Campeonato Brasileiro, em 25 de maio, propôs no grupo 'Coletiva Inter' ajustes pelo quais se possibilitasse que mais profissionais participassem. Para tanto, foram estabelecidos critérios para tivessem entre nove e 10 participantes dividido por categorias, e, assim seria feito um rodízio entre os veículos em diferentes jogos. 

O acordo incluía uma vaga para quem tem o direito de transmissão, quatro para rádios, duas para TVs, duas para veículos identificados e uma para o oficial do clube.  A proposta, segundo Rafael, foi amplamente aprovada pelos integrantes. Assim, já teve veículos que ficaram de fora em algum momento, mas que teriam compreendido a situação. 

O comunicador colorado acredita que esta forma possibilita ainda mais participação em jogos fora de casa do que presencialmente, quando três ou quatro participavam e que a ideia era para "beneficiar todo mundo". 


Colaboração da Aceg

A solução deste caso teve intervenção da Aceg. Conforme o presidente da entidade,  Alex Bagé, as assessorias de imprensa dos clubes têm total abrangência e poder de decisão sobre as coletivas, principalmente em meio à pandemia, na qual é tudo a distância. "Esta decisão do Internacional foi feita em um grupo de WhatsApp que eu não tenho como saber da existência",  e acrescentou que foi em um comum acordo entre o Internacional e os repórteres, não teve um veto por parte da Associação. "A partir do momento que eu fiquei sabendo que isso tinha acontecido, eu já entrei em contato e nós conseguimos reverter isso na hora", relatou. 

Segundo Bagé, acabou recebendo uma promessa, por parte do Inter, de que essa atitude seria revista, além da afirmativa pela qual "as quatro grandes rádios de Porto Alegre - Band RS, Gaúcha, Grenal e Guaíba - participarão de todas as coletivas". 

Conforme o presidente, a explanação da diretora causou estranheza, porque as outras três grandes já haviam deixado de participar. "Apenas a Grenal, que é a Marjana Vargas, a diretora, sentiu-se no direito de reclamar publicamente e o Haroldo de Souza. Criticaram-me como presidente da Aceg, mas era uma situação que não dependia da gente".

Bagé explicou que a redução do tempo de entrevista era um pedido do antigo treinador do time colorado e, a mudança da comissão técnica do Internacional facilitou que a entidade conseguisse retomar o assunto. "A partir de agora não vai mais ter o rodízio com as quatro grandes, porque são as quatros que há mais tempo acompanham a dupla Gre-nal no dia a dia". 

 "A Aceg está sempre buscando uma maneira de facilitar e esta foi mais uma", destacou o presidente. Para dar o posicionamento à sociedade, aos clubes e principalmente aos associados, a entidade publicou uma nota no seu site. "Eu estou sempre atuando, eu e minha equipe da Aceg, aqualquer situação que aconteça a gente comece a atuar para facilitar o trabalho da imprensa", finalizou.

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