A jornalista Fátima Torri subiu ao palco do Empreender 40+ com a convicção de quem nunca se afastou do trabalho, nem da vida. ?Palestra é que nem parto, a gente não pode terceirizar?, brincou logo no início, sintetizando o espírito que guiou sua trajetória como empreendedora, comunicadora e mulher à frente do próprio destino.
Filha de um casal de italianos, cresceu vendo os pais trabalharem sete dias por semana em um pequeno negócio de distribuição de bebidas. ?Eu amava estar com meu pai, ver como ele atendia as pessoas. Mas minha mãe me mandava pra cozinha ajudar com a louça?, contou. Foi ali que percebeu, ainda menina, que ser dona de casa não rendia o mesmo que empreender.
Aos 10 anos, realizou seu primeiro negócio: alugava o telefone fixo da família, o único do bairro, para vizinhos que precisavam fazer ligações. ?Eu adorava ouvir as conversas, mas o que me encantava era poder comprar meu picolé na hora que eu quisesse?, lembrou.
O tempo passou, e o espírito inquieto continuou. Depois de anos trabalhando na imprensa, Fátima se reinventou aos 42, recém-separada, com dois filhos e sem emprego. O que parecia um ponto final virou recomeço. ?Fui trabalhar com assessoria de imprensa pela primeira vez. Eu queria criar algo novo, que realmente fizesse diferença.?
Assim nasceu a Fato Comunicação, que assinou projetos para marcas como Tintas Renner, Hospital Moinhos de Vento, Tramontina, Panvel, Shopping Iguatemi e Maiojama. Fátima faz questão de destacar mulheres que abriram caminho ao longo da jornada, como Rosane Fontinelli e Nailê Rocha, ?mulheres que facilitam a vida de outras mulheres e tornam a caminhada mais leve?.
Mas foi aos 62 anos, em plena pandemia, que Fátima começou um novo ciclo, o projeto digital ?Fala, Feminina?. ?Eu sou analógica, minha casa só tem papel e caneta. Um dia pensei: o máximo que pode acontecer é não dar certo.? Deu muito certo. Três vídeos viralizaram, somando milhões de visualizações: um sobre o custo do corpo feminino, outro sobre a sobrecarga doméstica e um terceiro sobre o peso da maternidade.
De seis mil seguidoras, passou para 300 mil em 15 dias. Hoje, o projeto impacta mais de 500 mil mulheres em todo o Brasil. ?As mulheres querem falar. Criamos uma roda de conversa onde elas colocam tudo o que sentem?, relatou. Uma das mensagens que mais a marcaram veio de uma mãe que escreveu: ?Foi a primeira vez que ouvi alguém falar sobre o puerpério, alguém descreveu o que eu senti e vivi.?
Para ela, empreender é um ato de coragem e exposição: ?É solitário, arriscado e perturbador, mas dá tanto prazer. No fim da vida, o importante é poder dizer que a gente se arriscou. Se expor é o gesto mais revolucionário que existe.? Com mais de seis décadas de história, Fátima Torri segue se reinventando e resume com humor e lucidez o que aprendeu: ?Depois dos 60, o melhor projeto sou eu.
A equipe de Coletiva net está presente no no Summit Empreender 40+, realizado em 29 de outubro, no Teatro Bourbon Country, em Porto Alegre. e Comunicação, realizado em Canela, na Serra Gaúcha. Durante a cobertura, participam a gerente de Conteúdo Patrícia Lapuente, a repórter especial e social media Márcia Dihl e as assistentes de Redação Ronise Garcia e Ana Rosa Scheibe, que produzem matérias, entrevistas e bastidores diretamente do local. O público pode acompanhar a cobertura completa no portal Coletiva.net, com repercussões nas redes sociais - incluindo Facebook e Threads - e conteúdos exclusivos no Instagram e drops na Coletiva rádio.