Um grupo de comunicadores voluntários lançou o projeto 'Escuta que Faz Bem'. A iniciativa visa ajudar as necessidades das pessoas de Porto Alegre e algumas cidades da Região Metropolitana que foram atingidas pelas enchentes. A ação conta com o auxílio da rede de Farmácias Panvel, Pacto Alegre e Apsen. O projeto é 100% gratuito e conta com o trabalho de 150 'escutadores'.
Em conversa com a reportagem de Coletiva.net, o comunicador e líder da iniciativa, Cesar Paz, contou que o projeto foi inspirado em uma política pública que existe em Medellín, Colômbia, chamada de 'Escuchaderos'. ?Evidente que para a realidade de Porto Alegre, especialmente dentro do contexto das enchentes, tínhamos necessidades específicas?, explicou. Para isso, o projeto procurou o coletivo 'POA Inquieta', o responsável técnico da iniciativa, junto ao 'Domos Terapia', para juntos construírem uma metodologia para um processo de escuta ativa durante as cheias na capital.
Conforme Cesar, em um primeiro momento, os parceiros construíram o projeto, na sua fase inicial, utilizando a rede de capilaridade da própria Panvel para fazer o processo de escuta, que era feito nas lojas da rede de farmácias. ?A gente começou a fazer o processo de escuta ativa como um processo que trabalha muito a questão da saúde emocional, que é uma necessidade absurda em tempos de grande catástrofe?, disse.
No segundo momento, foram montadas e levadas tendas para fora das lojas da Panvel, assim como, mais tarde, para espaços públicos. Atualmente, os atendimentos ocorrem em oito lugares diferentes, sendo eles: Rodoviária de Porto Alegre; Mercado Público; Comunidade Rubem Berta; Comunidade Humaitá, em Canoas; Shopping Total; Shopping João Pessoa; Eldorado do Sul e por meio on-line. ?Não é um trabalho de terapia, mas é terapêutico, atuamos com empatia profunda, num trabalho de escuta de pessoas que precisam falar sobre suas dores e perdas, principalmente nesse momento pós-enchente.?
Guia de Informações
Outra ação do projeto é a criação do 'Guia de Informações para Enchentes RS'. A cartilha reúne iniciativas dos governos federal, estadual e municipal, bem como privadas, que oferecem serviços gratuitos, como auxílio psicológico, conserto de eletrodomésticos, conexão entre voluntários e quem precisa de ajuda. ?Foi um trabalho que me voluntariei em fazer para atender a um propósito meu. Como atuo em Comunicação, tinha consciência de que essas pessoas estavam com diversas necessidades não atendidas?, explicou o Especialista em Comunicação e responsável pela cartilha, Juliano Rigatti.
Juliano foi inserido neste projeto de forma voluntária, para que durante a construção do guia pudessem reunir, desde o início, as informações atualizadas de toda a rede de apoio que estava sendo formada, para dar suporte às pessoas que foram afetadas pelas enchentes. De acordo com ele, o seu papel, ao participar do projeto, se deu a partir de estar a par de que as pessoas escutadas estavam tendo as duas necessidades atendidas.