O Instituto Serrapilheira, organização de financiamento e apoio à pesquisa e divulgação científica no Brasil, lançou a edição de 2024 do edital destinado a podcasts, com foco na busca por boas histórias em áudio sobre ciência. Neste ano, a iniciativa é voltada exclusivamente a projetos liderados por pessoas negras, com o objetivo de ampliar a diversidade de olhares no mercado audiovisual. As inscrições vão de 15 de abril a 14 de maio, às 16h, e podem ser feitas por meio do link.
Serão selecionadas até oito propostas de podcasts. Os projetos devem trazer histórias em que a ciência tenha papel de destaque. Os contemplados receberão treinamento com especialistas da área e até R$ 55 mil em apoio financeiro para a produção de uma temporada. O edital completo pode ser acessado por meio do link.
Nesta chamada, o Serrapilheira quer encontrar propostas criativas nas quais a ciência cumpra um papel importante e que deem visibilidade às áreas apoiadas pelo instituto, como: ciências da vida, geociências, física, química, ciência da computação ou matemática. Os candidatos podem se inscrever tanto com programas já consolidados quanto com projetos ainda em fase de elaboração.
Um critério importante é que as equipes responsáveis pelos podcasts sejam compostas em sua maioria por pessoas negras. A iniciativa foi adotada pelo Serrapilheira com o objetivo de valorizar a diversidade na ciência e na divulgação científica, e promover diferentes pontos de vista no mercado audiovisual e de podcasts brasileiros.
Segundo Natasha Felizi, diretora do Programa de Jornalismo e Mídia do Serrapilheira, a distribuição de cor/raça no mercado de audiovisual, e no Jornalismo como um todo, não reflete a porcentagem de pessoas autodeclaradas negras no país, que é de 56%. ?Dados do Grupo de Estudos Multidisciplinares das Ações Afirmativas (Gemaa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ), por exemplo, mostram que 84% das pessoas nas equipes dos três maiores jornais do Brasil são brancas, e o cenário é ainda pior quando se trata de posições de liderança?, afirma.
Natasha ressalta que ainda que não há um levantamento específico sobre raça na produção de podcasts no Brasil, mas a proporção de inscrições de pessoas brancas e negras nos editais anteriores do Instituto reflete a mesma desigualdade. ?Por isso, decidimos lançar um edital exclusivo para pessoas negras. É uma tentativa de contribuir para reduzir essa sub-representação?, disse.
As candidaturas serão avaliadas por um comitê formado por profissionais que atuam na área de podcasts. Serão aceitas propostas de programas que abordem qualquer tema, em qualquer formato, incluindo mesas-redondas, entrevistas, reportagens, narrativas ficcionais, pessoais e outros. Projetos que apresentem boas estruturas de roteiro, no entanto, serão priorizados em relação a propostas de conversas improvisadas ao vivo.
O processo de seleção será feito em duas etapas. Inicialmente, todas as propostas passarão por uma pré-seleção. Entre os critérios que serão priorizados, estão a presença de um roteiro bem estruturado e o potencial para desenvolver narrativas cativantes. Os responsáveis pelos podcasts aprovados nesta etapa serão chamados para uma entrevista com avaliadores. O resultado final será divulgado em 5 de agosto.