O publicitário gaúcho Juliano Corbellini foi anunciado como marqueteiro da campanha do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), ao governo de Minas Gerais. Estudioso de Marketing Político, o profissional é coautor do livro 'A eleição disruptiva: por que Bolsonaro venceu', que apresenta e discorre sobre os fatores que contribuíram para o resultado observado no pleito de 2018. Em conversa com a equipe de Coletiva.net, ele apontou que ser um ?estrangeiro? traz tanto vantagens quanto desvantagens.
Para o profissional, vir de um estado diferente pode ser ruim por não ter muito conhecimento das peculiaridades locais. ?Então é importante você chegar sempre com muita humildade?, ressaltou. No entanto, Juliano também percebe um lado positivo nisso: ?Você vê as coisas com os olhos descontaminados, longe dos preconceitos e das crenças do sistema político local e, às vezes, acaba fazendo com que se adote outros procedimentos de linguagens de comunicação?.
Para exemplificar, o publicitário falou sobre a sua atuação com Flávio Dino, no Maranhão, onde existe uma tradição de campanhas eleitorais bélicas. Na época, a equipe dele levou para as ações a importância de ter peças publicitárias alegres e bonitas, até mesmo na hora de abordar problemas. ?Por exemplo, você pode falar de pobreza de uma maneira mais lúdica. Então eu acho que essa mistura é benéfica para todos. Tanto ao marqueteiro ?estrangeiro?, quanto às lideranças políticas locais?, ponderou.
Desafios regionais e pandêmicos
O publicitário ainda relatou ao portal que não tinha nenhuma relação anterior com o pré-candidato, tampouco já havia trabalhado em Minas Gerais. Dessa forma, o seu nome chegou ao político mineiro por meio de uma avaliação de mercado. Depois de uma análise da sua trajetória com outras iniciativas na área e trabalhos publicados, no início desta semana ele acertou com Kalil para começar a atuar no que ele considera "um grande desafio".
Entre os motivos para isso estão as diferenças nas tendências de comportamento eleitoral no Brasil e a diversidade dentro do próprio estado. ?Internamente tem uma parte muito moderna, uma mais pobre e outra mais agrária?, explicou. Além disso, ele apontou para algumas mudanças nas eleições, como uma maior utilização do WhatsApp e, paradoxalmente, mais pessoas vendo televisão - o que ele defende ter ocorrido em função da maior permanência da população em casa durante a pandemia. "Então considero um mito falar que a TV não é mais importante?, afirmou.
Sobre o profissional
Corbellini é consultor de campanhas eleitorais há mais de 18 anos e já ocupou diversos cargos enquanto atuava para diferentes candidatos. Entre os políticos que trabalharam com ele estão: José Fogaça, candidato a prefeito de Porto Alegre, em 2004; Yeda Crusius, na corrida pelo governo do Rio Grande do Sul, em 2006; Manuela d'Ávila, que concorria à prefeitura de Porto Alegre, em 2008 e 2012; e Jairo Jorge, na eleição para o governo do Rio Grande do Sul, em 2018. Além deles, o publicitário traz no currículo experiências ao lado de Daniel Coelho, Edivaldo Holanda Júnior, Eliziane Gama e Flávio Dino.
Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi professor de Marketing Político e de Comportamento Eleitoral na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e professor convidado na ESPM de Porto Alegre. Também é autor de 'Lições de uma campanha eleitoral: a derrota do grupo Sarney', publicado em 2019.