Mídias sociais em pauta: Coletiva.net busca percepção dos professores sobre o futuro da Comunicação

Em conteúdo especial, portal visa a entender como os docentes percebem o impacto do digital em seus alunos

Professores analisam o impacto das mídias sociais nos estudantes de Comunicação - Divulgação

Com o objetivo de ter uma análise dos professores a respeito da ampliação do mercado digital, Coletiva.net procurou docentes de Comunicação para entender como avaliam o cenário mercadológico. A matéria integra uma série de especiais a respeito do tema.

Alessandro Souza, coordenador dos cursos de Comunicação da ESPM, revela que a instituição já vem preparando os alunos tendo em vista os avanços do digital. Conforme analisa, os futuros publicitários se destacam porque as redes sociais exigem maior poder de persuasão. Para ele, é interessante ver que o movimento de mercado acontece das pequenas empresas às grandes corporações. "Os últimos quatro anos já haviam sido de avanço das mídias sociais, mas a pandemia impulsionou ainda mais este processo", percebeu. 

O coordenador vê um mercado em expansão, mas acredita que as posições tradicionais avançam em conjunto. "Cresceram as demandas", explicou, acrescentando que são oportunidades heterogêneas, porque ainda não há um formato definitivo: "enquanto algumas empresas internalizam, outras externalizam para as agências". Para ele, os direcionamentos para o mercado se dão conforme o perfil de cada aluno. Alessandro defende que estudantes mais criativos, optam pelas agências, enquanto os mais corporativos partem em busca de empresas onde possam alçar voo com auxílio dos RHs.

Mercado aquecido pela pandemia

Elise Bozzetto, professora e coordenadora dos cursos Técnicos de Comunicação e Fotografia da Univates, também entende que o mercado foi aquecido pela pandemia. Mas, ao contrário do que Alessandro percebe, para ela, as oportunidades para trabalho com mídias sociais representam 70% das vagas que são transmitidas para ela. "Os outros 30 por cento das oportunidades surgem para a criação", especificou. A profissional também analisa que a opção pelo empreendedorismo é forte. "Muitos se tornam uma 'eugência' ", pontuou. De acordo com ela, a maioria dos estudantes ou se interessam por criação, ou por conteúdo. "A partir disso é que buscam espaço no mercado."

Para Luis Henrique Rauber, doutor em Diversidade Cultural e Inclusão Social e professor dos Cursos de Publicidade, Jornalismo, RP e Gestão Comercial da Feevale, há poucos anos muitos alunos de Comunicação tinham interesse prévio em trabalhar na área de criação, com processos criativos, mas, com o passar do tempo e as ampliações dos usos das plataformas online pelas empresas e marcas, muitos vêem a área de Social Media como interessante para a atuação profissional. "Muito disso se dá pela aparente flexibilidade de horários e até mesmo pela possibilidade de trabalho freelancer", frisou. 

Um profissional, muito conteúdo

Rauber observa que muitos dos seus alunos trabalham no digital e, ao mesmo tempo, se dedicam a outros focos. Ele coloca isso na conta da possibilidade de informalidade na geração de conteúdo para empresas menores. De acordo com esse aspecto apontado, Elise esclarece que os estudantes do Vale do Taquari também acumulam os clientes em paralelo com as colocações formais. "Por isso, nosso curso tem foco no digital. Os alunos já nos buscam pela identificação com a grade curricular", revelou. 

Para o professor Rauber, o online facilitou o trabalho dos profissionais de Comunicação, pois trouxe novos formatos e novas mídias para o desenvolvimento e disseminação de conhecimento sobre marcas e empresas. "O TikTok demonstrou, através de sua expansão no mercado global e inclusive no Brasil, que há espaço para novidades", declarou. O profissional entende que é necessário muito estudo e conhecimento sobre ferramentas e sobre conteúdo, para que a presença não seja simplesmente uma presença online, mas sim uma presença online com propósito.

Luiz Artur Ferraretto, professor de Jornalismo e do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Fabico, relembra que nas décadas de 1980 e 1890, quando era estudante e tornou-se professor universitário, respectivamente, os alunos entravam na universidade tinham um objetivo específico. "Quando precisava ir para o mercado, ficava claro a necessidade de ser mais eclético. Por vezes, a área de interesse não oferecia oportunidades". Ele, conforme confidência, não tinha vontade de trabalhar em rádio, Assessoria de Imprensa, nem em televisão, sua afeição era pelo impresso. "De 2012 para cá, sinto que, com a configuração atual do país, os alunos têm o entendimento de o que vier, vem bem", salientou.  

Nem todos têm acesso à Internet

Ferraretto alerta para a romantização do acesso à Internet. "Meus alunos usam redes sociais quando há sinal wireless disponível. Há relatos de estudantes que não tem condições". Conforme analisa, quando se trata de conexão, é preciso pensar na questão econômica. "Muitos usam, mas pensar que possa se converter em negócios é difícil", analisou levando em conta o perfil socioeconômico de estudantes de universidades públicas. 

Tratando de Jornalismo, o professor entende que as redes sociais não têm o poder de facilitar ou atrapalhar. "O que faz isso é a forma de utilização. É uma ferramenta muito interessante do ponto de vista de acesso à informação, mas vivemos na era das fake news. Isso é um desafio para os criadores de conteúdo profissionais", pontuou, salientando que os bons comunicadores são os que detém conhecimentos técnicos e éticos. "Os demais nos colocaram neste momento de selvageria informacional", colocou.  

No campo da Publicidade, Elise entende que as mídias sociais trouxeram a necessidade das marcas de se tornarem mais transparentes e preocupadas com as pessoas. "Trouxeram outro momento para a Comunicação, onde estamos presentes de fato. Mudou a dinâmica a respeito dos tempos de resposta e dos tratos entre clientes e profissionais", embasou. Ela acredita que a exposição também impulsionou a necessidade do trabalho com imagem e Gestão de Crise, porque a exposição aumentou. "É preciso errar menos. Isso pede profissionalismo e um cuidado encadeado", concluiu.

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