Polêmica: coletiva da nova série do HBO Max reforça letramento em HIV

Coletiva.net conversou com ator Ícaro Silva sobre linguagem inadequada utilizada por comunicador durante entrevista

17/08/2025 14:21
Polêmica: coletiva da nova série do HBO Max reforça letramento em HIV /Crédito: Press Photo

Em coletiva de imprensa marcada por mobilização e debate público, elenco e equipe da série 'Máscaras de Oxigênios não cairão automaticamente', que estreia no domingo, 31, no HBO Max, defenderam a atualização de termos e escuta ativa para combater estigma e desinformação. Após a conversa com os jornalistas, Ícaro Silva, que atua na produção, falou com exclusividade à reportagem de Coletiva.net sobre o "agora", ou seja, o retrato da sociedade atual, e a potência de nomear corretamente. Entenda a polêmica

No encontro com os jornalistas e criadores de conteúdo, nesta manhã, 17, do 53º Festival de Cinema, na Sociedade Recreio Gramadense, um comunicador usou a expressão "aidético" para fazer referência ao personagem de Johnny Massaro, o comissário de bordo Nando na série. Após o questionamento, o ator Ícaro Silva explicou que esse era um termo pejorativo.  A conversa, marcada pela resistência de alguns presentes sobre atualização de termos e letramento, foi uma aula pública sobre linguagem, saúde e responsabilidade social. O ponto central: letramento em HIV e a necessidade de abandonar expressões que desumanizam pessoas portadoras do vírus. Os participantes lembraram que o Brasil acabou de atravessar uma pandemia global e que, no País, a negação científica cobrou um preço alto. E ressaltaram que eventos como o 53º Festival de Cinema são uma oportunidade para pautar a maneira como se fala sobre pessoas e doenças. O recado foi direto: o ser humano vem antes do diagnóstico. Termos que reduzem alguém a uma condição ("aidético", "maníaco", "deficiente") apagam histórias e direitos.

Letramento requer escuta Em entrevista exclusiva ao portal, o ator Ícaro Silva destacou que estar no presente exige escuta aberta e disposição para se atualizar. "Cada geração traz novidades e o nosso tempo é o agora. Para estar nele, a gente precisa escutar de verdade. Na nossa série e no tema HIV/Aids, a doutora Márcia Rachid (infectologista e consultora da série) foi fundamental para construirmos entendimento e cuidado".

Ainda de acordo com ele, muita gente segue associando o tema à morte: "O que precisamos deixar claro é que não existe sentença de morte quando falamos de HIV hoje, é uma sentença de vida. Com cuidado, as pessoas podem viver normalmente".

Ícaro também comentou o momento da coletiva em que um termo pejorativo foi usado por um comunicador, lembrando que linguagens do passado não dão conta do presente: "É importante entender que certos termos não fazem mais parte do nosso dia. Se rejeitamos a novidade, ficamos fora do tempo. Eu quero aprender o máximo hoje e, se puder, compartilhar com quem tem escuta aberta".

Papel do audiovisual A série assume o compromisso de dialogar com o público para reduzir estigmas e ampliar informação qualificada. Ao trazer especialistas para dentro do processo criativo, a equipe reforça que boas histórias também educam e que palavras importam tanto quanto personagens e enredos.

A equipe de Coletiva.net acompanha o 53º Festival de Cinema de Gramado, realizado de 13 a 23 de agosto, na Serra Gaúcha. Nesta edição, o apoio é da Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), que enviou estudantes de Jornalismo e Publicidade e Propaganda para reforçar a cobertura. O público pode conferir matérias e entrevistas exclusivas sobre o evento no portal, repercutidas nas redes sociais - Facebook e Instagram -, além de drops em Coletiva.rádio.