Quatro pré-candidatos à presidência bloqueiam jornalistas no Twitter

De acordo com Abraji, o primeiro da lista é o atual Presidente da República, Jair Bolsonaro, e em segundo está o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro

Abraji monitora desde setembro de 2020 o bloqueio de jornalistas por parte de autoridades brasileiras - Crédito: Reprodução

Segundo o monitoramento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), dos nove presidenciáveis nas eleições deste ano, quatro bloquearam ao menos um jornalista no Twitter. O primeiro da lista é o atual Presidente da República, Jair Bolsonaro, com 86 bloqueios a profissionais de imprensa e 10 a veículos de Comunicação. Na segunda colocação se apresenta Sérgio Moro, conforme o estudo. O ex-ministro da Justiça bloqueou dois repórteres. 

Em seguida no ranking aparecem João Doria e André Janones, com um bloqueio cada. Entretanto, Ciro Gomes, Eduardo Leite, Felipe d'Avila, Luiz Inácio Lula da Silva e Simone Tebet não impediram jornalistas e veículos de terem acesso aos conteúdos que postam na plataforma. Repórteres e especialistas ouvidos pela Abraji destacam que, assim que passam a ser candidatos, tornam-se personalidades de interesse público, e a medida veta acesso a conteúdos e impede a possibilidade de interação. 

Segundo a apuração, no caso de Bolsonaro, a atitude barra também a aproximação a anúncios de políticas governamentais. Uma reportagem da Abraji, publicada em setembro do ano passado, destacou que mais de 98% dos tuítes do atual presidente são de interesse público. Caio Machado, presidente do Instituto Vero, lamenta que "nenhum tribunal tenha encarado a questão da restrição de acesso nas redes sociais".

Em entrevista à associação, ele destaca que, uma vez que os candidatos eleitos passam a usar as redes sociais como canal de Comunicação com o público, essas contas devem responder às obrigações do Poder Público. "Imparcilidade, eficiência, impessoalidade e tantas outras coisas, que não são respeitadas", comenta Caio.

Procurado pela Abraji, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disse que não trabalha com a figura do pré-candidato e que deve apresentar, em seguida, um guia de boas práticas para os candidatos. A equipe do Twitter diz que não interfere na decisão de autoridades bloquearem usuários, pois acredita que o recurso é prerrogativa de quem usa a rede social. 

No entanto, segundo Wilson Gomes, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), "autoridades do alto escalão e também candidatos a cargos públicos que usam as redes sociais para promover Comunicação com o público, podem usar o veto para controlar a visibilidade de postagens e segmentar conteúdo a certas comunidades", pontua.

A Abraji monitora desde setembro de 2020 o bloqueio de jornalistas por parte de autoridades brasileiras. Até o momento, 46 autoridades bloquearam profissionais de imprensa 343 vezes.

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