Quem fica parado é poste: painel da Agert destaca o avanço da publicidade digital no rádio

Juliana Paiva, da Antena 1 FM, e Rodrigo Tigre, da Zeno Media, participaram do encontro com mediação de Daniel Starck, do Tudo Rádio

27/10/2025 20:19
Quem fica parado é poste: painel da Agert destaca o avanço da publicidade digital no rádio /Crédito: Coletiva.net

O avanço do áudio digital e os novos modelos de monetização no rádio estiveram no centro dos debates nesta segunda-feira, 27, durante o 27º Congresso Gaúcho de Rádio, Televisão e Comunicação. No encontro, promovido pela Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert), em Canela, tratou-se, em tom provocativo: 'Quem fica parado é poste ? A evolução do rádio: do digital ao Sistema de Dados de Rádio (RDS)'. Juliana Paiva, diretora de Gestão Comercial e Expansão da Antena 1 FM, e Rodrigo Tigre, fundador e presidente da OZN FM e diretor da Zeno Media, participaram do painel mediado por Daniel Starck, diretor do portal Tudo Rádio.  

Rodrigo Tigre abriu o painel apresentando um panorama sobre o consumo e o investimento em áudio no mundo. Segundo ele, o investimento no rádio terrestre está caindo, enquanto o digital ganha cada vez mais espaço. ?Hoje, nos Estados Unidos da América, tudo que é gasto em áudio se divide praticamente pela metade entre o terrestre e o digital. E esse equilíbrio tende a mudar. O podcast, por exemplo, foi criado em 2004, mas só agora a publicidade está conseguindo acompanhar o seu crescimento. É um caminho sem volta?, enfatizou.

O executivo destacou ainda que as emissoras precisam valorizar seu inventário digital, termo usado no mercado para designar os espaços disponíveis para veiculação de publicidade em plataformas on-line, como streaming, aplicativos e podcasts. ?Existe um descompasso entre o tempo que as pessoas passam consumindo áudio digital e o volume de publicidade que chega a esse meio. Essa diferença é preocupante, mas também representa uma grande oportunidade para o setor?, observou Tigre.

O desafio de precificar o streaming

A gestora do Comercial da Antena 1 FM, Juliana Paiva, chamou atenção para a forma como muitas emissoras ainda encaram o digital. ?O principal erro do rádio é tratar o streaming como apenas uma extensão do dial. O áudio digital é um produto diferente, que precisa ser precificado e vendido como tal. A bonificação não te libera de dar valor a ele?, afirmou.

Juliana explicou que o processo de venda no digital envolve um aspecto psicológico: ?O cliente precisa perceber que está levando vantagem. Quando a emissora precifica o digital e demonstra o valor agregado, o anunciante passa a enxergar o espaço de outra forma.?

Ela também destacou o sucesso do pré-roll, formato de anúncio reproduzido antes do conteúdo principal no streaming ou assistentes de voz, como a Alexa. ?O pré-roll é o produto mais valioso do áudio digital, porque o nível de atenção do ouvinte naquele momento é altíssimo. É ali que a mensagem publicitária tem maior impacto?, pontuou.

Métricas, formatos e novas oportunidades

Durante a conversa, o mediador Daniel Starck provocou os convidados sobre a dificuldade das emissoras em mensurar resultados e estabelecer preços para o streaming. ?Quando a gente sabe quanto vale o streaming, consegue ajustar o discurso comercial e valorizar o canal?, salientou.

Juliana relatou que a Antena 1 passou a adotar modelos híbridos de comercialização, como o CPM (custo por mil impressões), usado no ambiente digital. ?Temos clientes que compram apenas o dial, outros só o digital, e também os que investem nos dois. Hoje, o pré-roll, por exemplo, tem fila de espera?, disse.

Tigre reforçou a importância de as rádios terem plataformas próprias de streaming e ampliarem sua presença digital. ?Não basta apenas estar no ar. A emissora precisa estar onde o ouvinte está,  no aplicativo, no site, na Alexa, no carro. Essa é a essência do rádio multiplataforma. O público quer escutar quando e onde quiser?, frisou.

Inteligência Artificial e automação

O diretor da Zeno Media falou ainda a Zeno Plus, ferramenta que automatiza a geração e distribuição de conteúdo digital a partir da programação do rádio. ?O sistema identifica o início e o fim dos blocos, remove músicas e anúncios, cria novos espaços de publicidade, transcreve o conteúdo e o publica automaticamente como podcast. É uma forma de dar sobrevida ao conteúdo do dial?, explicou.

Tigre também ressaltou o potencial da inteligência artificial para otimizar estratégias de programação e vendas. ?Essas ferramentas conseguem analisar dados de audiência com muito mais precisão. É possível entender em que momento o ouvinte entra, quando a publicidade tem mais impacto e até o tipo de música que gera mais engajamento?, apontou. 

O rádio em transformação

Encerrando o debate, os participantes foram unânimes em afirmar que o rádio vive um momento de transformação e reposicionamento comercial. ?O setor precisa ajustar seu discurso, valorizar o digital e entender que o rádio é, antes de tudo, um conteúdo multiplataforma?, concluiu Starck.

A equipe de Coletiva.net acompanha o 27º Congresso Gaúcho de Rádio, Televisão e Comunicação, realizado em Canela, na Serra Gaúcha. O evento, promovido pela Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert), reúne profissionais e especialistas do setor para debater tendências, desafios e inovações na área da comunicação. Nessa cobertura, participam a gerente de Conteúdo Patrícia Lapuente, a repórter especial e social media Márcia Dihl e a assistente de Redação Ronise Garcia, que produzem matérias, entrevistas e bastidores diretamente do local. O público pode acompanhar a cobertura completa no portal Coletiva.net, com repercussões nas redes sociais - incluindo Facebook e Threads - e conteúdos exclusivos no Instagram e drops na Coletiva.rádio.