Fernando Vieira: Ousadia em realizar

Profissional fala do caminho percorrido ao longo da carreira e da busca pelo desafio

Por Patrícia Castro


Diante de uma bela paisagem, em um escritório aconchegante, localizado na Avenida Dom Pedro II, o executivo e apresentador do programa Zoom, da TV Pampa, Fernando Derivi Vieira, recorda os caminhos percorridos na vida profissional e pessoal.

Ele já fez muitos eventos e festas, na Emprol Eventos, com o ex-sócio, Jorge Salim Allen. "Os grandes bailes de Carnaval, de promoção, os shows e os festivais, sempre foram a minha área", conta. Começou cedo, ainda estudante, com festas que promovia para o Grêmio Estudantil do Colégio Parobé. A experiência deu início à carreira, na TV Difusora, em 1968.

O convite para trabalhar na emissora surgiu de José Maurício, da área comercial e de marketing da Rádio Gaúcha. Na época, José Maurício produziu um programa na escola Parobé - 'Arraial da Alegria' -, que era uma festa junina promovida pela emissora, que costumava levar a programação para fora do estúdio. "Como o Parobé era bem localizado, o Arraial acabou acontecendo lá e, quando terminou, estava surgindo a Difusora. Então, o José Maurício me convidou para ir trabalhar neste novo espaço, na área de promoções", recorda Fernando. Porém, como ainda não existiam grandes eventos na área, acabou acumulando funções, como câmera, produtor e assistente de estúdio.
Põe na agenda

Na época em que fazia a produção do 'Agenda', um programa de variedades exibido sábado à tarde, na TV Difusora, foi convidado para substituir o apresentador Luiz Claudio Melo, que estava se desligando da empresa. "Comecei a apresentar o Agenda, ao vivo, com três horas de duração, sem nunca ter pego num microfone antes."

O desafio deu muito certo. Quando o programa saiu do ar, Fernando passou a apresentar um quadro sobre o mundo jovem, com clipes musicais, apresentações de bandas ao vivo e dicas de música, no Programa Portovisão. A partir daí, foram criados diversos eventos que levavam os telespectadores até o espaço da emissora. Como a iniciativa tomou uma dimensão muito grande - o pátio da Difusora ficou pequeno -, os eventos passaram a ser realizados no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Fernando, então, saiu da emissora, em 1982, e foi trabalhar na TV Guaíba, onde montou o projeto de Multifeiras, iniciativa que durou 15 anos.

Em 2002, o profissional ingressou na TV Pampa, apresentando o Zoom, um programa de entrevistas que acompanha fatos da área social, empresarial e política, que já era apresentado por ele na TV Guaíba. Também foi na Pampa que retomou o projeto da Festa Nacional da Música - encontro da MPB, que fez sucesso nas décadas de 1970 e 1980, realizado na cidade de Canela. "O Paulo Sérgio Pinto e o então governador da época, Germano Rigotto, me convidaram para voltar com o projeto de música, para dar uma fortalecida na Região da Serra Gaúcha. Me entusiasmei e acabei retomando a Festa da Música, que já está na 7ª edição", orgulha-se.

Em paralelo ao Zoom, que, devido à rotina de viagens, passou a ser semanal, exibido das 9h às 10h, de sábado, Fernando toca, há 15 anos, a empresa de eventos VF. Com a entrada dos filhos na empresa, ele voltou a realizar eventos e feiras em diversos municípios gaúchos e em Fortaleza. "A proposta agora é ter um grande evento para cada mês, e assim completar o calendário e passar o que aprendi aos meus filhos."
Fora do ar

Se não fosse apresentador e promotor de eventos, Fernando seria um bom profissional de marketing esportivo. O mais velho de seis irmãos - três homens e três mulheres - recorda das brincadeiras de infância e dos jogos de futebol no meio da Rua Guararape, no Bairro Petrópolis, em Porto Alegre. Dessa época, ele também lembra que, entre os amigos de "peladas", estava o jornalista Lauro Quadros.

Fernando destaca, entre suas lembranças, a batalha que os pais, o funcionário público Flávio Almeida Vieira e a dona de casa Elaine Derivi Vieira, tiveram para criar, sustentar e dar uma boa educação aos filhos. Segundo ele, hoje é quase inviável ter mais de dois herdeiros, uma vez que o custo de vida é muito maior. As idas de bonde até o Colégio Rio Branco também são destacadas como boas lembranças e uma grande aventura.

Casado há 22 anos com a dona de casa Antonella Vargas Vieira, ele lembra que conheceu a esposa em um baile de Carnaval em Porto Alegre. O relacionamento foi longe, e até o matrimônio, namoraram por cerca de quatro anos. Da relação, nasceram Fernando, 20 anos, estudante de Direito, e Manuela, 19, estudante de Administração. O convívio com a prole é diário, segundo ele, facilitado por trabalharem todos juntos.

Os programas familiares e entre amigos estão na rotina do casal. "Temos uma relação boa e unida. Atualmente, estou mais caseiro, coisa que nunca fui, mas tenho curtido mais minha família. Os meus filhos é que saem mais com a turma deles. Eu e minha esposa também temos uma turma de 15 casais e acabamos fazendo algumas coisas juntos."

O executivo se considera um excelente cozinheiro, mas diz que gosta é de fazer uma boa "comida de panela". Nada muito sofisticado, por isso a preferência é por peixes, ensopados e massas. Porém, o que não pode faltar neste momento gourmet são as pessoas na sua volta.

Nos momentos de folga, o colorado de coração gosta é de assistir aos canais de esporte e, quando consegue, joga algumas partidas de tênis. Para se atualizar, Fernando gosta de ler muitos jornais, e, para se entreter, prefere filmes de ação. "Com o conforto e a estrutura que temos em casa hoje, nem sinto vontade de ir ao cinema. Acabo assistindo a muitos filmes pela TV a cabo ou em DVD mesmo", explica. Entre músicas, ele destaca que é eclético e que o segredo é uma boa canção. "Não importa se a música é de alguém que esteja começando ou já encerrou a carreira. Admiro grandes intérpretes como Emílio Santiago, Cauby Peixoto e Nelson Gonçalves."
Desafios e marcas

Entre os principais desafios encontrados na carreira, Fernando ressalta os projetos ousados que fez na TV Difusora e na Guaíba. "O nosso grande desafio era convencer sempre as pessoas que nos cercavam que aquilo que planejávamos e escutávamos iria dar certo."

Na vida pessoal, recorda a tentativa de assalto ocorrida em agosto de 2008, quando atravessava o corredor de ônibus na Avenida Carlos Gomes, após ter sacado dinheiro em uma agência bancária, como algo que marcou sua vida. No episódio, Fernando levou um tiro na coxa esquerda, mas não teve comprometimento muscular. No entanto, o que o fez refletir e valorizar ainda mais os passos de cada dia foi quando a médica, que fez a ressonância da perna na época, disse que ele foi azarado pelo assalto, mas que teve muita sorte, pois a bala havia passado apenas três milímetros do fêmur, o mais longo e pesado osso do corpo. "Esta situação marcou a minha vida", desabafa.

Fernando confessa que, aos 70 anos, recém-realizados no dia 4 de maio, se sente um completo "guri", com mentalidade jovem, com vontade de ousar, criar e estabelecer novos parâmetros. Por conta disso, quer ter saúde e lucidez para encarar os próximos dez anos. Estando lúcido, estará sempre buscando novos horizontes e desafios, e poderá continuar andando no caminho do bem. Entre seus defeitos, destaca a impaciência e, como qualidade, a "ousadia em realizar".
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