Ricardo Bueno: Comunicação no horizonte

Colocar a alma no que faz é uma das grandes características do jornalista Ricardo Bueno

Por Juliana Freitas, em 16/05/2014
Jornalista que gosta de ver presente em seus textos o estilo literário, Ricardo Rodolfo Bueno se orgulha da habilidade que tem em conciliar este tipo de linguagem com a informação. Um bom exemplo remonta a 2009, quando foi o responsável pela equipe de assessoria de imprensa da Feira do Livro, cujo patrono era o colega e escritor Carlos Urbim. No texto de encerramento utilizou uma estrutura diferenciada de texto, com um sentido mais poético. Já a própria equipe de comunicação da Feira se emocionou com a leitura do release, que seguiu surpreendendo os leitores quando foi publicado.
Um típico sagitariano é como Ricardo pode ser definido. Nascido em 19 de dezembro de 1962, seu espírito de conhecer e explorar novos caminhos é aflorado e isso fica claro quando se conhece a sua história profissional.
Sempre amante dos livros, recebeu convite do jornalista Flavio Enninger para escrever seu primeiro título em 2008 e não parou mais. Pesquisa, redige, edita e acompanha toda a produção da publicação. "Eu e o Flavio nos tornamos parceiros na escrita de livros e temos tido a felicidade de encontrar patrocinadores para a publicação", diz.
Encontros do Jornalismo
Depois de passar no vestibular da Ufrgs para Biblioteconomia, em 1981, Ricardo foi ser revisor no jornal Zero Hora. "Ao conviver com o pessoal da redação, começou a me 'cair a ficha'", diz. Vendo que estava indo por um caminho que não lhe agradava, e como já havia feito algumas disciplinas de Jornalismo e mantido contato com professores da área, decidiu pedir transferência de curso - e ali, no Jornalismo, descobriu seu lugar.
Deixou de ser revisor, foi trabalhar no atendimento telefônico do Dmae, teve passagens rápidas pela Rádio Bandeirantes e pela Revista Goool, até que um curso da Zero Hora viria lhe trazer a oportunidade de trabalhar novamente no veículo. "No meio do curso, abriu uma vaga para jornalista na editoria de Interior, e ali comecei a trabalhar efetivamente como jornalista."
Teria depois outras duas vivências com o Grupo RBS. Uma delas foi quando a Plural Comunicação, empresa em que Ricardo viria a trabalhar mais adiante, foi escolhida para executar o projeto da revista 'E Aí', publicação semanal de conteúdo jovem, além do relançamento da revista 'Atlântida'. O quarto encontro surgiria com um convite para coordenar o portal da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho.
Foi ainda na Zero Hora que Ricardo e Carlos Urbim se tornaram grandes amigos, amizade estreitada quando passou a atuar no 'Segundo Caderno', onde Urbim era o editor. Ainda viria a ser editor do caderno 'Viagem' por quatro anos até ser demitido, depois de sete anos, em 1996. "Quando saí, pensei: 'putz, fui demitido de um dos principais jornais da região sul. O que vou fazer agora?'".
Hoje, não resta nenhuma dúvida de que a demissão foi para seu bem, pois foi graças a ela que o encontro com a comunicação institucional aconteceu. "Me vi obrigado a expandir meu olhar em relação à comunicação e isso me fez enxergar novos caminhos na área."
Guinada positiva
Trabalhou por quase dois anos em uma assessoria que havia criado com a colega Maria Lúcia Badejo, a Ipsis Litteris Comunicação, onde se deu o início deste aprendizado. Convidado por Jorge Polydoro para coordenar a equipe de jornalismo da Plural Comunicação - do Grupo Amanhã -, Ricardo pôde se relacionar de forma mais profunda com a comunicação institucional. "A Plural foi a responsável pela guinada na minha vida. Foi onde conheci o mundo da comunicação empresarial e pude aprender que a área tem diversos caminhos", diz. "Lá aprendi como planejar, executar e entregar um produto."
Depois de dois anos coordenando a equipe de comunicação da Plural, houve um convite de mais um desafio para o jornalista. "O Polydoro achou que eu tinha uma vocação vendedora e me colocou como diretor de Publicidade e Marketing", revela. Ao ingressar nesse universo da publicidade, ele pôde adquirir a experiência de vendas e de apresentação, bem como a construção de relação com o cliente. "Foi uma experiência diferente. Trabalhava com vendas e metas, além de poder conhecer mais sobre negócios", lembra.
Ali registra outra conquista importante: conheceu a atual esposa, Fernanda Pacheco, com quem está casado há 12 anos. Com ela Ricardo construiu a sua empresa de comunicação, a Alma da Palavra, surgida em um momento de crise enfrentado pelo casal: no início de 2009, se viram sem emprego, com a filha Isabela prestes a nascer.
Juntaram a longa vivência de 10 anos de Fernanda com a comunicação empresarial e a experiência de Ricardo em redação e atendimento para montar os alicerces da empresa própria. "Nós tínhamos vontade de nos apresentar como uma empresa, não mais como freelas", afirma o jornalista. Desde então, a Alma da Palavra vem atendendo a diversos setores, entre bancos cooperativos e sindicatos, além da edição de livros, com Fernanda responsável pelos atendimentos e Ricardo dedicando atenção especial para a área cultural.
Sempre hiperativo
Ricardo está sempre na ativa. Nem a deficiência locomotora, consequência da Poliomielite (paralisia infantil), o atrapalha na hora de fazer o que gosta. Aliás, a dificuldade de andar nunca foi um problema para o jornalista. "Não tenho traumas e isso não atrapalha na minha autoestima", diz.
Com a perna esquerda mais afetada, ainda na infância, passou por uma série de procedimentos que possibilitaram a Ricardo poder andar com o auxílio de muletas. Ressalta que tem dificuldades para enxergar sua deficiência, pois sempre teve planos e conquistas como qualquer pessoa. "Sinto que as ofertas de ajuda são mais pela minha idade do que pela deficiência", acredita. E assegura só ter sentido falta de duas coisas: "Dançar e poder ter carregado meus filhos no colo, quando pequenos".
Apesar da dificuldade, não para. Quando não está na assessoria, está no coral Canta Ventos. Quando não está no coral, está no grupo político do Internacional, o 'Coração Colorado'. Aliás, futebol é algo que ele gosta muito. "Sou fanático. Já estremeci relações de amizades por causa do Inter", ri e logo esclarece que hoje procura controlar as cornetas.
Filho do pediatra Telmo Sebastião e da dona de casa Inês, Ricardo é o segundo de um total de quatro irmãos. O filósofo Alexandre, de 53, o tradutor Daniel, de 49, e a farmacêutica Ângela, de 45, completam a família. Ainda criança, aprendeu a tocar piano e sabia ler partituras, chegando a realizar uma pequena apresentação em uma escola de Vacaria, cidade onde passou a infância. Por estas e outras, não é à toa que participar do Canta Ventos, o grupo vocal de Simone Rasslan, é uma atividade que lhe dá imenso prazer. "Para mim, é a oitava maravilha do mundo!", diz. Tanto gosta que até música já compôs. "Havia escrito um poema sobre o convívio com o pessoal. Um dia, tocando violão, veio uma melodia na cabeça e comecei a cantar. Mandei para a Simone e ela adorou."
Paixão e emoção
Pai de três filhos, o olho brilha quando fala que sua prole é tão colorada quanto ele. Júlia, de 17 anos, e Bruno, de 21, "são fanáticos como eu. Meus parceiros. Me acompanham nos jogos e, quando não podemos ir ao estádio, assistimos em casa". A caçula Isabela, de 5 anos, também é uma de suas 'atividades' quando não está trabalhando. "Meu tempo livre também é dela. Eu e a Fernanda a levamos ao teatro e ela gosta muito de ler e de nos ouvir contar histórias", diz.
Como característica marcante de sua personalidade, ressalta a intensidade. "Ela é minha qualidade e defeito. Entro de cabeça em meus projetos. A emotividade, às vezes, me leva a certa impulsividade, meio passional. Tenho que estar sempre me controlando. Às vezes sou um pouco rude", diz. A personalidade forte, claro, atrai também contrariedades: "Já recebi críticas por deixar o emocional vir à tona".
Tem na empresa seu maior orgulho e, com o coração sempre à frente do racional, se emociona quando alguém capta do nome 'Alma da Palavra' o verdadeiro sentido da escolha da expressão. "Entramos de alma nos trabalhos. Entro com intensidade, seja para o bem ou para o mal", garante, convicto de que está no caminho certo.
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