Cristiane Dias: Viva e deixe viver

Jornalista gaúcha é apaixonada por esporte e viagens

Cristiane Dias - Crédito: Reprodução

Vender todos os bens, ter como teto as estrelas e, como luz, o sol e a lua. Muitos jamais cogitaram fazer essa troca, mas não Cristiane Dias. A jornalista, conhecida como Cris, colocou em prática o lema "viva e deixe viver", pegou seus cachorros Brisa e Sal e, ao lado do filho Gabriel e do "namorido" Caio Paduan e foram atrás da mais nova integrante da família: a Wanda - como é chamada a Van que compraram e transformaram em uma moradia sustentável e móvel.

Não foi à toa que a comunicadora escolheu ser jornalista. Afinal, não queria ter rotina, tampouco trabalhar em um escritório. Graças ao nomadismo, ela, que vive com o pé na estrada entre a vida no motorhome e em casas alugadas temporariamente, consegue trabalhar de fato com o que ama. Isso porque pode conciliar a apresentação do 'Band Esporte Clube', transmitido todos os sábados, com as paixões por viajar e velejar. "Perceber isso agora me deixa muito feliz, porque consegui trabalhar de fato com o que amo. Isso para mim não tem preço", anima-se.

Cris imaginava que teria essa experiência de viver em um motorhome quando fosse mais velha, mas fica muito feliz que a oportunidade tenha chegado mais cedo, pois, se tem algo que essa aventura exige, é disposição. É preciso ter disciplina e liberdade ao mesmo tempo, e saber organizar muito bem todas as viagens. "É uma vida de perrengue, mas as pessoas se ajudam. Tem muita troca e é preciso exercitar a empatia. É uma experiência transformadora para a alma", conta ela, que já está na estrada com a família há quase um ano. 

Paixão pelo esporte

Quem acompanha o trabalho da gaúcha e a naturalidade e simpatia dela com as câmeras não imagina que, na realidade, o Jornalismo não foi a primeira opção. Aos 16 anos, Cris desejava se tornar médica. Contudo, ao perceber que teria que estudar muito, além de precisar ser boa nas áreas exatas e biológicas, acabou desistindo. Mas foi a aptidão com as humanas, principalmente com Português e História, que a fizeram trilhar o caminho da Comunicação.

Quando chegou a hora de prestar vestibular, a guria, que namorava um carioca à distância, resolveu se inscrever também em faculdades no Rio de Janeiro. Apesar de ter passado em Porto Alegre, na PUCRS, foi a Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), do Rio, que a concedeu o diploma, pois acreditava que o mercado no eixo Rio-São Paulo seria melhor. Com lágrimas nos olhos e o coração apertado, ao deixar a família no Sul, partiu com a promessa de que retornaria caso a experiência não fosse boa. Mas foi. 

Formada em 2002, iniciou a carreira na antiga TV Educativa, atualmente conhecida como TV Brasil. Não demorou muito para a porto-alegrense alçar voos maiores. Contratada pela Rede Globo, apresentou o 'Esporte Espetacular', entre outros programas do conglomerado midiático, durante 13 anos. Antes de chegar ao Grupo Bandeirantes, atual casa, ainda teve uma passagem pela CNN Brasil.

Desde criança, sempre foi muito esportista, independentemente do Jornalismo ter a levado para essa área. Afinal, o pai, César Oliveira, foi jogador do Grêmio. Por isso, carrega no coração quando teve a oportunidade de conhecer seus ídolos. Pessoas que sempre admirou, desde Usain Bolt, até grandes atletas brasileiros que se tornaram amigos, como o ex-judoca Flávio Canto e a jornalista e ex-bodyboarder Glenda Kozlowski.

E quando esta mesma apaixonada por esporte tem a oportunidade de cobrir uma Olimpíada em casa? "Ter ficado lá no estúdio, no centro e coração do Parque Olímpico, foi completamente inesquecível, porque a gente viu tudo e fazíamos tudo no calor. Eles ganhavam as medalhas e iam lá conversar conosco", rememora. 

Fora do ar 

Em outras épocas, Cris já teve o dia a dia tão corrido, que chegava em casa e fazia "nadismo". Mas agora, com a pandemia e o home office, trabalho e lazer acabam se misturando. A jornalista gosta muito de aproveitar quando está em casa para ler e estudar algo. No momento, está lendo 'O Animal Social', de David Brooks. Ela costuma acompanhar algumas obras em paralelo, mas como a leitura atual tem 400 páginas e, segundo a comunicadora, é viciante, acabou priorizando. Outro vício, mas que está adormecido, é pelas séries 'La Casa de Papel' e 'This is us.' 

Algo que gosta muito de fazer também, mas agora também não está conseguindo, por causa da pandemia, é sair com os amigos. Em relação à música, se diz muito eclética. Escuta muito Reggae, algo que aponta ser um gosto adquirido quando morava no Rio Grande do Sul. "Tem muita banda do estilo e tínhamos muitas festas boas. Desde guria nova eu ia nos shows com a camisa do Bob Marley e usava aquelas pulseiras", recorda. Além disso, gosta de MPB, como Marisa Monte, ao salientar que valoriza o produto nacional, além de Pop Rock e Indie. Caio, muito ligado em música, ainda descobre sons interessantes e acaba indicando para ela.  Esse é o caso da banda Fat Freddy's Drop, que descreve "quase como se fosse uma orquestra", em vista da grande quantidade de músicos.

Acima de tudo, gaúcha

A liberdade trouxe uma alegria sem tamanho para esta guria porto-alegrense: ficar mais perto da família, que mora toda no Sul - algo que não conseguia fazer nos últimos 15 anos. Como ficou mais livre profissional e também pessoalmente, conseguiu passar dois meses ao lado do pai, César, da mãe e do padrasto, Angela e Roberto, além dos irmãos Ana Luiza, Bianca, Gabriela e Vitor, e também do sobrinho e afilhado Gustavo, de apenas um ano. 

Sempre tenta ao máximo não ficar muito tempo distante do Rio Grande do Sul, porque "é uma típica gaúcha", que sente falta dos amigos, tem um laço familiar muito forte e também porque é muito "fã da terrinha". "Sou bem gaudéria, mas não sou daquelas que leva o chimarrão e toma sozinha. Desanimo se não houver alguém pra compartilhar", relata ela, que apesar de estar em uma onda de evitar a carne vermelha, confessa que tem sido muito difícil, porque a cultura do churrasco é muito forte. Há quase duas décadas morando fora, o "tu" acaba alternando com o "você". Entretanto, é extremamente apegada às raízes e tem muito orgulho das tradições, e enxerga o povo gaúcho muito competente e aguerrido. Inclusive, até o filho Gabriel, que é carioca, conhece todos os costumes do Estado.

Por aí

Com verdadeira paixão por viajar, a mãe volta e meia brinca com ela: sempre que conhece um novo lugar, acaba querendo morar lá. Inclusive, a iniciativa de ser nômade surgiu, justamente, porque queria passar mais tempo nos lugares, com o intuito de aproveitar mais. "Descobrimos uma praia em Barra do Sul, em Santa Catarina, e umas regiões incríveis, que se não estivéssemos com a Wanda teria passado batido para sempre", conta, entusiasmada.  

Apesar de rodar o mundo, o coração aventureiro tem uma predileção: a praia do Preá, no Ceará. Um lugar pelo qual nutre muito carinho e onde quer ter um cantinho no futuro, pois o frequenta muito na temporada de velejar, além de ser uma localidade onde tem os amigos mais queridos do esporte que é aficionada, o Kitesurfe. Ainda gosta muito da Europa, especialmente a Itália. Também cita Bali, onde teve uma experiência espiritual muito rica, e o Uruguai. 

"Conheço pouco ainda, perto de tudo o que quero desbravar. São 206 países no mundo e visitei cerca de 30. Quero o máximo que der", enfatiza a jornalista, que já tem o próximo destino traçado: o México. Outro carimbo que deseja ter no passaporte é o do Japão. Isso porque Gabriel é muito fã da cultura asiática, principalmente da japonesa, e Cris tem muita vontade de explorar o País ao lado do filho.

Para o futuro, deseja criar bem o herdeiro, pra ele ter autonomia na vida, ser bom cidadão, uma pessoa do bem e que se divirta e curta a vida. Pretende também continuar trabalhando com o que ama e, é claro, desbravar o mundo. "Isso de morar um tempo em cada lugar me seduz muito. Tenho vontade de ter umas bases em alguns locais preferidos e envelhecer assim, viajando. O sonho é viajar e virar uma mochileira." Se depender de foco, persistência e determinação, as principais qualidades dela, e do defeito de ser teimosa, essa será a realidade da jornalista.







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