Eduardo Ferreira: Embelezador de cidades

Inovador, visionário e apaixonado por mídia exterior, ele quer deixar bons frutos pela vida

Eduardo Ferreira

Carioca nascido em 8 de fevereiro de 1970, o sócio-fundador e CEO da Sinergy, Eduardo Ferreira, teve sua primeira relação com a mídia ainda na  infância. Aos oito anos, o irmão mais velho das publicitárias Daniela e Rafaela participou do especial de Natal do cantor Roberto Carlos. Como elas eram amigas do filho de um dos diretores da Rede Globo, foram convidadas para irem ao parque de diversões e, na condição de irmão mais velho, acabou indo junto. Na oportunidade, Roberto Carlos estava vestido de Papai Noel e o "penetra" roubou a cena, sendo filmado junto ao Rei para o Brasil inteiro. 

Mas esta não havia sido a primeira vez em que estaria junto a alguma celebridade. Entre as lembranças da infância, está, também, o aniversário de sete anos, quando teve entre os convidados o então jogador de futebol Zico, uma vez que seu pai, o consultor de empresas Luiz Carlos Ferreira, foi diretor da TV Rio e levou o atleta à festa, o que fez com que este registro alegrasse a criançada na época e se eternizasse em sua memória. 

Faixa Preta

Morando em Porto Alegre desde 1978, o filho da dona de casa Carmem Ferreira foi campeão brasileiro de natação, aos 14 anos, pelo Grêmio Náutico União, e faixa preta em Jiu-jítsu. Porém, passou um longo período afastado da prática esportiva, mais precisamente duas décadas. Por isso, há dois anos, o tempo livre é dedicado à atividade física. Musculação, bicicleta e natação entraram na rotina durante a pandemia e são mantidas diariamente, seja no clube, seja na academia. E é cheio de confiança que diz que, com as tecnologias que se têm hoje, é possível ficar forte aos 50 anos. 

Além do esporte, também gosta de comer bem. Filho de italianos, entre os pratos favoritos está a pizza. Intolerante ao glúten, acabou de descobrir uma receita sem adição desta proteína, então não perdeu tempo - inclusive, ao longo da entrevista, foi saboreando uma fatia atrás da outra. E ainda brincou que, como esta não lhe faz mal e agora está se exercitando, pode comer sem peso na consciência.

Mas não é só a culinária italiana que está entre as preferências. Cheio de elogios, conta que a esposa é quem cozinha muito bem, principalmente pratos típicos da cozinha do estado do Espírito Santo, como baião de dois, moqueca capixaba, "coisas que não temos por aqui". Uma culinária considerada diferente e supersaborosa. 

Unidos pela fé

Católico praticante, de rezar o terço e cumprir com a confissão, costuma frequentar as missas na Paróquia Nossa Senhora do Mont'Serrat, em Porto Alegre. E foi em um ato de fé que conheceu a esposa, a administradora de empresas e dona de hotéis Bianca Ferreira, com quem está casado há 22 anos. Seus caminhos se cruzaram no Santuário Nacional de Nossa Senhora de Aparecida, na cidade de Aparecida, no interior de São Paulo. 

Eduardo havia acabado de sair do emprego, decidindo fazer um ano sabático. Partiu do Rio Grande do Sul até Aparecida e lá encontrou Bianca, que havia saído do Espírito Santo. Ao se encontrarem, acabaram se apaixonando e, então, ele acabou seguindo o ônibus em que ela estava de volta à cidade de origem. Um ano depois, já estavam casados e à espera da primeira filha, Maria Clara, de 22 anos. "Foi um encontro muito casual e improvável", alegra-se. 

Além da primogênita e advogada, também são pais do estudante Felipe, de 14 anos. A família se completa com a cachorrinha da raça Spitz Alemão, Chiara. Juntos, adoram viajar, fazer festas, sair para jantar e cantar no karaokê. "Somos uma família muito musical. Minha filha toca baixo e meu filho e eu gostamos de cantar. Já minha esposa e os vizinhos adoram ouvir", conta, sorrindo. É comum, inclusive, quando ele está cantando no apartamento, algum vizinho interfonar solicitando para que cante alguma música ou aparecer para acompanhar. A preferência é pelo Pop Rock dos anos 80, que vai de Bon Jovi, Eric Clapton a Eros Ramazzotti. 

Além da música, nas horas vagas também gosta de aprender por videoaulas sobre os mais variados temas. Como é voltado ao visual, não gosta muito de ler, pois prefere imagens que se expliquem, mas destaca que o livro de sua vida é 'Senhor dos Anéis', de J. R. R. Tolkien. O primeiro contato que teve com esta obra foi aos 14 anos, mas, após isso, já releu por no mínimo outras 10 vezes. Da sétima arte, a escolha também não poderia ser diferente. Tinha que ser a fantasia, especialmente os filmes de super-heróis da Marvel. Aficionado por esses personagens, guarda mais de mil personagens colecionáveis em uma sala especial para abrigá-los em casa. 

Visionário, há mais de 20 anos já previa que histórias como a de Thanos sairiam dos quadrinhos para as telas. "Fiquei muito feliz quando pude assistir às sagas da Marvel nos cinemas. Foi uma realização. Acho que o cinema é uma válvula de escape. Precisamos ver coisas que não são muito reais, por isso se chama entretenimento. O mundo real já tem tantas situações difíceis", argumenta.  

Viciado em Mídia Exterior

Logo que se formou em Administração e Publicidade e Propaganda, pela PUCRS, ambas em 1994, sonhava em trabalhar na Coca-Cola, pois adorava as propagandas da marca. Então, pediu a um primo-irmão que lhe indicasse. Na época, não existia processo seletivo para isso. Então, o parente lhe fez um convite para que fosse trabalhar com ele na Prolix Comunicação Visual, para fazer os painéis da Coca-Cola. Acabou entrando para o mundo da mídia exterior, em 1995, e desde então ficou "viciado". 

Na empresa, passou por diversas áreas, foi office-boy, captador de pontos (quando o profissional sai pela cidade para descobrir os melhores lugares para instalar os outdoors), vistoria e manutenção, criação e comercial.  Nesta última, perdeu a gagueira e foi ganhando segurança e se destacando. No primeiro ano, vendeu mais que a equipe de vendas inteira, até sair em 1998, para fazer um ano sabático e, um ano depois, começar o processo de criação da Sinergy. Esta foi inaugurada em 2000, como empresa de estratégia de mídia exterior, com objetivo de posicionar as marcas gaúchas no Brasil.

Iniciou atendendo a grandes empresas gaúchas, como Grendene, Piccadilly, Azaléia e Tramontina e, em pouco tempo, já contava com um belo acervo de representação das melhores empresas do Brasil e do mundo. "Em uma entrega malfeita eu vi uma oportunidade, pois quando viajava, eu via vários outdoors das nossas empresas daqui mal posicionados, atrás de morros. Dinheiro indo para o lixo mesmo. Então, entrei no mercado não para acusar as agências, mas para fazer um trabalho melhor e mais assertivo", explica. 

Circuito digital no Sul

Foi o primeiro representante a ter parceria com as empresas Clear Channel e JCDecaux ao mesmo tempo. A relação foi tão boa com a segunda, que foi convidado para ser gerente comercial da empresa em São Paulo. A Sinergy, então, ficou a cargo de um sócio em Porto Alegre. Quando voltou à capital gaúcha, após quatro anos, criou um modelo de negócios de mídia exterior que foi o projeto de grandes adoções. Como a da Orla do Gasômetro, pela Pepsi, por sete anos.

Depois, foi a vez da remodelação das bancas de revistas e chaveiros. Começou a fazer embelezamento do mobiliário urbano e, hoje, a empresa conta com 170 pontos, sendo que quase 60 são de led. Ainda, tem os relógios urbanos de Florianópolis, que ganhou licitação por 30 anos, e entrou em Curitiba em 2015, com o mesmo produto.

O projeto mais recente que está enchendo seu peito de orgulho é o da revitalização do Muro da Mauá. "Era algo que já estava na minha veia há muito tempo. Eu tinha a mídia exterior, o capital para fazer, os anunciantes que iam entrar e o conceito.  Então, por que não contar a história de Porto Alegre numa linha do tempo até chegar lá no rio?". A primeira fase foi de raízes; a segunda, os 250 anos e "queremos contar mais histórias ainda: a do rock anos 80, a do futebol, da literatura, dos poetas, dos livros, da culinária, da música e tudo mais que Porto Alegre tem de bom", empolga-se.

Na carreira, houve três momentos marcantes de satisfação: o primeiro quando ganhou a licitação dos relógios de Florianópolis; o segundo com a entrega do Muro da Mauá; e o terceiro é a entrada no Paraná em sociedade com a empresa Favretto, o que resultou na criação de uma nova empresa, a Elooh. "Está sendo supergratificante ter este circuito digital na Região Sul inteira. A diferença que eu quero fazer com meu trabalho é de embelezar as cidades. Deixar Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba lindas. Isso é uma satisfação pessoal", admite. 

Bons frutos

Para o futuro, o plano é estar fazendo as mesmas atividades, porém muito melhor e sempre se reinventado. "Vou ficar velho, mas a minha empresa não. Vou me retroalimentar de gente jovem e estar sempre me renovando", almeja. Também se vê fazendo algo voltado ao Agronegócio, quer ter uma chácara e trabalhar, inclusive, com mídia exterior de forma mais sustentável. 

Na vida pessoal, ainda deseja fazer duas viagens: uma para Itália e outra para Jerusalém. Porém, sempre dando espaço para aquela voz interior que diz que precisa fazer mais. Revela que mal pensou na criação do muro e já está cheio de ideias novas para pôr em prática. 

Mas nada surpreende vindo de alguém que quer deixar um legado de coisas boas, tanto para a família quanto para a cidade. Compartilha que Jesus dizia que a árvore se conhece pelos frutos, então, se puder deixar os bons pela vida, já está bom. Finaliza trazendo como lema a frase em inglês: "Do your best, God does the rest", que, traduzindo para o português, quer dizer: "Faça o seu melhor, que Deus faz o resto".

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