Eliete Santana de Quadros: Foco no sucesso

Gaúcha de coração, Eliete precisou comer muito pão com sardinha para obter estabilidade na carreira e na vida pessoal

Determinada e batalhadora, a relações-públicas Eliete Santana de Quadros sempre esteve com o foco voltado para o sucesso. Para obter estabilidade na carreira e na vida pessoal, foram necessárias quase quatro décadas de trabalho e dedicação, além de senso organizacional. Ela mesma faz questão de relembrar que precisou lutar muito para chegar aonde chegou, considerando que partiu da estaca zero: aos 22 anos, decidiu que seria independente e deixou o conforto da casa dos pais para morar sozinha e poder bancar suas próprias contas. "Essa foi uma experiência maravilhosa, mas tive que comer muito pão com sardinha por alguns anos para me manter."


A catarinense, nascida a 5 de janeiro de 1953, na cidade de Sombrio, veio morar em Porto Alegre com seus pais aos quatro anos de idade e, hoje, se considera uma "gaúcha de coração". Nativa de Capricórnio, ela acredita que o signo influencia na sua personalidade. "Sou bem terra mesmo: extremamente organizada, determinada, focada nas coisas que faço e, às vezes, chego a ser cruel de tão objetiva que sou", conta. Com o tempo, aprendeu a ter "jogo de cintura" para lidar com traços fortes de sua personalidade, como o autoritarismo, que, segundo a astrologia, são típicos de um capricorniano.


Há 22 anos atua à frente da Marprom - empresa de marketing e promoções. Obstinada, a profissional quer sempre fazer o melhor e encara cada novo trabalho como um desafio. "Não consigo executar tarefas repetitivas e, talvez por isso, atue na área de eventos. Aqui, cada dia, cada trabalho é um desafio", relata. Eliete ainda é Conselheira Nacional da Abeoc  (Associação Brasileira de Empresas de Eventos) e presidente da Ampro-RS (Associação de Marketing Promocional). "Acredito nas entidades e acho que elas fortalecem nossa categoria discutindo assuntos pertinentes."


Na infância queria ser psicóloga, depois, decidiu que seria aeromoça, mas acabou cursando Relações Públicas. A veia empreendedora tem origem na família, que sempre trabalhou com o comércio. Formada há 27 anos pela PUC, optou pela área por ser um curso novo e por ter experiência no meio publicitário. Mais tarde, depois de perceber um nicho interessante no mercado, cursou Pós-Graduação em Responsabilidade Social pela Fundação Irmão José Otão (FIJO-PUC). "Hoje Responsabilidade Social virou moda, mas na época eu não queria levar o tema para a Marprom como um modismo ou apenas mais uma novidade, queria conhecer e acrescentar como um diferencial, um canal de comunicação com o terceiro setor", diz ela.


Responsabilidade precoce


O objetivo para o próximo ano é cursar Gastronomia, mas ela já adianta que não pretende abrir restaurante. "Estou numa fase superlegal da minha vida e eu gosto de cozinhar. Gosto de comida japonesa e tailandesa e adoro receber meus amigos na minha casa. Acho que o curso vai proporcionar um conhecimento e um lazer ao mesmo tempo, pois cozinhar também é uma terapia", afirma.


Quando decidiu morar sozinha, além de pagar suas contas, arcava com todas as despesas da faculdade. A saída foi usar a experiência adquirida durante um curso técnico de Propaganda, realizado após o término do Ensino Médio, para entrar no mercado de trabalho. Foi com muita dificuldade que conseguiu concluir seu curso superior de Relações Públicas. "Me formei em quatro anos, pois sabia que não existia a possibilidade de reprovar, afinal, não tinha dinheiro para pagar."


No currículo ela carrega seis anos de experiência nas agências Norton e MPM Propaganda, onde atuou no departamento de Mídia. Também trabalhou durante cinco anos na área comercial de veículos como o extinto Coojornal e a Rede Pampa, onde foi a primeira mulher contratada para essa área. "Essa responsabilidade precoce para a época fez com que eu entrasse fundo no mercado de trabalho. Eu sabia que tinha que ser competente e fazer as coisas certas porque dependia daquele salário para pagar as minhas despesas e a faculdade. Se tivesse que voltar no tempo, faria tudo igual", revela.


Experiência como desafio


Já formada, resolveu colocar seus aprendizados acadêmicos em prática e foi trabalhar na Ribalta Promoções, primeira empresa de marketing promocional do Rio Grande do Sul. Aos poucos, foi mostrando potencial e subindo de cargo. Chegou a ser sócia da empresa, juntamente com o publicitário João Satt, e lá permaneceu por oito anos. "Quando a MPM comprou a Ribalta, eu achei que o fato de ter um sócio tão grande me tornaria um grãozinho de areia, então, decidi montar a Marprom." A RP entendeu que tinha bagagem suficiente para dar o "grande passo", afinal já contabilizava 15 anos de mercado. Durante a entrevista, sempre com uma agenda à mão, quando resolve fazer as contas se assusta. "Comecei a trabalhar com 18 anos e hoje tenho 55, ou seja, são 37 anos de vida profissional. Credo! Posso até me aposentar!"


A agência foi montada em parceria com uma ex-colega de faculdade, que, seis anos mais tarde, optou por seguir outro ramo, o da psicologia. "Tive outras sócias no decorrer do tempo, mas sempre fui a majoritária." A primeira conta da Marprom foi a Fenae (Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa), cliente que obrigou a viajar pelo Brasil inteiro. "Pegamos uma conta maravilhosa e tivemos que fazer eventos em 22 capitais. Depois disso, não paramos mais. Hoje, a Marprom é sinônimo de eventos corporativos, pois sempre se posicionou no mercado como uma agência de marketing promocional e não como uma produtora de eventos."


Para Eliete, o desafio atual da empresa é se manter experiente e não envelhecer. Entre as 56 contas da carteira de clientes da Marprom estão nomes como Banrisul, CEEE, Claro Digital, Coca-Cola / Vonpar, GM, Fiergs, Governo do Estado, John Deere, Lojas Arno, Petroquímica Triunfo, Sebrae, Tramontina, Trensurb, Unimed, Unisinos, ADVB, Ajuris, OAB/RS e Petrobras. Nas duas décadas de existência, mais de 2 mil eventos foram realizados, sendo focados nos segmentos de mercado corporativo (indústria e serviço) e entidades e governo.


Não por acaso, a profissional se diz apaixonada pelo que faz. "O produto é uma novidade, as pessoas que trabalham com o cliente são diferentes. Costumo dizer que o evento é um programa ao vivo: você não pode errar, pois não tem como voltar atrás. Para trabalhar com isso tem que ter muita organização, muito senso prático e cuidar para não enlouquecer. Tem que botar tudo para funcionar no horário certo."


Aliados no amor


Eliete é casada há 23 anos e faz questão de deixar bem claro: "Com a mesma pessoa". Define seu casamento como uma relação saudável e afirma que a compreensão do marido, o funcionário público Eurico, é o principal fator que colabora para a longevidade e a harmonia do casal. "Somos pessoas com hábitos diferentes e que temos uma relação muito boa. Ele é um homem compreensivo e que entende meu trabalho. Nós moramos juntos por seis anos e, depois disso, casamos. Foi um casamento bárbaro porque, no mesmo dia, ele foi para o sítio com nosso filho e eu fui fazer um evento para a Tramontina. Apenas oficializamos uma relação que já existia."


O filho do casal, também chamado Eurico, de 18 anos, optou por seguir os passos da mãe e entrou para a área da Comunicação. Hoje, cursa Publicidade e Propaganda na ESPM.  Eurico, o filho, foi criado em um sítio, na cidade de Pantano Grande, e Eliete acredita que esse foi um fator decisivo para formar os valores do jovem. "Acho que conseguimos passar valores importantes para o nosso guri, que é essa coisa da terra e da valorização da pessoa", conta. A criação do filho também exigiu uma divisão de tarefas pelos pais. "Como nós dois trabalhávamos, tivemos que fazer um roteiro para deixar o Eurico na escola ou para pegá-lo mais tarde. Às vezes eu estava numa reunião e tinha que ligar para meu marido ir buscá-lo. Temos várias diferenças, mas conciliar essas tarefas foi fundamental para nossa relação."


Mulher moderna e independente, com um ritmo de vida acelerado, Eliete possui também um lado tradicional. Ela não abre mão, por exemplo, de passar as datas formais, como Natal e Páscoa, com a família. "Somos vários personagens ao longo do dia: existe a Eliete mãe, a profissional, a amiga, a esposa? mas todos possuem características semelhantes, o que muda é a postura frente a determinadas situações". Na sua opinião, as características negativas desses personagens são o autoritarismo. "Gosto que prevaleçam as minhas opiniões, mas não sou mal-educada. Com o passar do tempo, aprendi a lidar com isso e cheguei à conclusão de que a gente não muda, a gente melhora, se aprimora e passa a rever valores com a idade".


A leitura de revistas, de jornais diários e de livros alternativos é uma das atividades preferidas, porém, este hábito teve origem nos "chás de banco" que levava de alguns clientes. "Quando eu era guria, ficava irritada por esperar. Sempre tinha um livrinho na bolsa e, para passar o tempo, ficava lendo. Hoje tenho "chás de banco" maravilhosos entre uma reunião e outra e isso me permite exercitar a leitura. O aeroporto é outro lugar excelente para essa atividade", diverte-se.


Eliete acredita que já foi uma mulher além de "seu tempo", entretanto, hoje, depois de encontrar o seu tempo, vive um período de colheitas. "Sempre tive muitas metas e objetivos na vida e, aos poucos, fui obtendo tudo o que queria. Se, na época, as coisas não acontecessem, não sofria com isso e projetava essas metas para o ano seguinte. Nunca tive nada com facilidade, sempre batalhei por tudo." É numa casa com vista para o Guaíba e em meio ao verde da Zona Sul que comemora e vive sem pressa a fase de colheitas: os amigos e o casamento estão consolidados; o filho já está encaminhado e, agora, Eliete aguarda pacientemente os netos.

Imagem

Comentários