Jessé Rodrigues: Espalhando a palavra do digital

Especialista em Marketing na internet, ele viu sua carreira crescer rapidamente junto do on-line, em paralelo com o casamento, a paternidade e sua fé

Jessé Rodrigues, fundador da Escola do Marketing Digital - Crédito: Divulgação

O ano era 2014. O lugar, o Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos. No berço de gigantes do digital, como Apple, Facebook e Google, profissionais do ramo, do mundo inteiro, estavam reunidos para trocar experiências e ampliar conhecimentos. Sentado ali, o filho do seu Lauro e da dona Rosane vivia o sonho de muitos empreendedores que viram a internet se consolidar como forma de conexão social e souberam embarcar nessa viagem. E pensar que, 10 anos antes, a maior distância que Jessé Rodrigues percorria era a bordo de um ônibus da Unesul, nos 290 km entre Passo Fundo e Porto Alegre.

Aquele era apenas o primeiro rompimento de fronteiras. Atualmente, o gaúcho vive em Utah, nos Estados Unidos, onde cria as filhas ao lado da esposa Roberta. Além dos trajetos percorridos, mais de três décadas separam o fundador da Escola do Marketing Digital, que vive do outro lado do continente, do guri nascido em São Luiz Gonzaga, em 11 de junho de 1983, e criado entre Passo Fundo e a Capital. Antes de criar o próprio negócio e estar em um dos mais famosos polos mundiais de criatividade e tecnologia, ele vendeu picolé, entregou jornal, foi empacotador do Zaffari e balconista da Panvel.

Do sonho com uma carreira no futebol, passando por uma reprovação no vestibular para Direito, até o encontro com o marketing digital, Jessé afirma que amadureceu mais rápido que a maioria dos jovens. Em 2007, veio o diploma de tecnólogo em Marketing, pelo Senac/RS, na primeira geração da família a concluir o ensino superior. Hoje, frutos do esforço podem ser vistos em seu local de trabalho: ele expõe, orgulhoso, troféus dos prêmios BlackBelt Eduzz e Abradi-SP, conquistados ao longo da carreira.

Missionário

Apesar da paixão pelo digital, a primeira incursão do guri fora dos limites do Rio Grande do Sul não foi a trabalho. Frequentador, desde a infância, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, seguiu a tradição religiosa e embarcou em missão ao completar 18 anos. Jessé viveu em São Paulo, dedicando-se exclusivamente à rotina religiosa por dois anos. Foi quando viveu duas experiências que viriam a mudar sua vida: conheceu Roberta Martines - com quem se casaria cinco anos depois - e aprendeu inglês com missionários de outros países.

Jessé destaca que a fé vai além de uma religião: "É um estilo de vida". Um exemplo dessa máxima, segundo ele, foi sua juventude. Seguindo a crença que herdou dos pais, também mórmons - como explica que são conhecidos os seguidores de sua igreja -, era um adolescente mais "pacato". Na faculdade, vieram alguns namoros e festas, mas sempre como o motorista da turma, por não consumir bebidas alcoólicas. O comportamento, relembra, fazia parte da busca por uma vida mais "limpa", para que pudesse ser missionário quando chegasse a hora.

Cidadão de Utah

Os valores religiosos se mantêm na família, porém, em outra congregação, já que, atualmente, frequentam uma igreja em Utah. No estado berço da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, as manhãs de domingo do casal têm sempre duas horas dedicadas à fé, junto das filhas Luiza, 7 anos, e Isabela, 4. Depois, sobra tempo para aventuras. Jessé conta que o local tem muitos atrativos ao ar livre e que a família, sempre que possível, passeia pelos parques locais.

Além das tantas opções de atividades gratuitas para fazer com as crianças, o gaúcho pontua outras vantagens que vê em morar por lá: a qualidade do ensino das escolas públicas, a sensação de segurança e o respeito às liberdades individuais dos cidadãos. A vontade é manter residência em Utah, onde já possuem uma rotina consolidada. Jessé e Roberta levam as filhas na escola e trabalham on-line - ela é psicóloga. À noite, frequentam uma academia em família, visto que o local possui, inclusive, aulas para as pequenas.

Além dos passeios, os tempos livres são curtidos com filmes entre o quarteto e muita música. O final de semana tem que ter o churrasco, do qual Jessé não abre mão e ressalta: "Faço à moda gaúcha, nada de churrasco norte-americano ou paulista". A preparação inclui todo um ritual para lembrar a terra natal, com direito à música nativista. Ele faz questão que as filhas - que falam inglês, português e espanhol - não percam o contato com a cultura de suas raízes nos pampas.

Craque

Parte importante da ligação que Jessé mantém com o Brasil é o futebol. Luiza e Isabela têm camisetas do Grêmio, porque o pai torce para o Tricolor. Elas também simpatizam com o Palmeiras, clube da mãe, que é paulista. O gaúcho brinca que, entre todas as liberdades com que criam as meninas, a escolha do time é o único fator que não tem negociação na casa. "Elas já aprenderam que Internacional e Corinthians são ruins", conta, aos risos.

A rotina da família em Utah tem uma agenda certa aos finais de semana para atender a um amor antigo de Jessé: a pelada com os amigos. Claro que a internet sempre é protagonista da vida dele, pois é por meio de um grupo de WhatsApp que os amigos coordenam os detalhes das partidas. Todos os atletas envolvidos são brasileiros que vivem no estado norte-americano e, ao todo, são cerca de 60 jogadores. Na hora em que a bola rola, a cena pode parecer confusa, pois cada um, conta o gremista, entra em campo com a camiseta do seu clube do coração. E aquele pontinho azul, preto e branco lá no meio é Jessé com sua tricolor.

O futebol não só é um amor antigo do especialista em Marketing, como poderia tê-lo feito passar longe da carreira digital. É que o sonho do guri era mesmo ser goleiro. Jogando desde a infância, ele chegou a atuar no Sport Clube Gaúcho, em Passo Fundo. Em Porto Alegre, até conseguiu uma passagem pelo São José, mas não demorou para perceber que não conquistaria o futuro desejado com a bola. Precisando se manter financeiramente e investir em um caminho profissional, abriu mão desse objetivo de criança e acabou virando craque mesmo em praticamente tudo que diz respeito à internet.

Professor

Foi com o digital que Jessé descobriu a possibilidade não só de desenvolver a própria carreira, mas também de ajudar quem deseja fazer o mesmo. Ele destaca que esse é o principal objetivo da Escola do Marketing Digital, empreendimento que nasceu em 2010, após o profissional se dedicar a empresas como Dell Computadores, Grupo RBS e Terra. "Trabalhei por 10 anos para os outros, antes de abrir minha empresa", relembra, orgulhoso da conquista. Atualmente, são mais de duas décadas de atuação na área.

O empreendedor deixa claro, a todo o momento, sua paixão por transmitir conhecimento. E essa relação com o ensino começou cedo. Aos 17 anos, foi convidado da Data School, em Canoas, para dar aulas nos famosos cursos de informática básica, bastante comuns na época. Depois, não parou mais. Ele recorda que a experiência no digital era tão diferenciada, naquele momento de expansão da internet, que chegou a lecionar em pós-graduação, antes mesmo de possuir seu MBA em Gestão Estratégica de Negócios.

O extenso currículo como professor inclui instituições como ESPM Sul, PUCRS, Senac, Unisinos, UCS e Unochapecó. Para o profissional, depois do nascimento das filhas, no topo do ranking de melhores momentos vividos, estão os reconhecimentos de alunos e colegas do ramo. Até hoje, Jessé confessa estranhar quando o guri "que até em Alvorada morou, uma cidade conhecida por ser uma das mais violentas do Estado", é reconhecido e chamado para fotografias ou conquista prêmios.

O pai, empreendedor e professor gaúcho ressalta que é muito grato por tudo que conquistou. Porém, engana-se quem pensa que ele chegou ao ápice da satisfação. O contato com o mercado exterior só motivou o diretor da Escola do Marketing Digital a querer expandir mais. Para o futuro, o desejo está na ponta da língua: ampliar o atendimento de alunos para o mundo inteiro. A ideia, que foi uma sementinha plantada em sua mente durante uma conversa, lá naquele evento no Vale do Silício, em 2014, hoje é uma certeza. "Se o meu crescimento ajuda outras pessoas, 'bora'!", declara Jessé Rodrigues.

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