Joelma Maino: Na vida para ensinar

O Marketing cruzou cedo o seu caminho e as experiências vividas mostraram o quanto é importante acreditar e ter resiliência

Joelma Maino - Divulgação

Dos 50 anos de vida de Joelma Maino, dois, no mínimo, são inesquecíveis. A lembrança das experiências vividas além-mar estão tão frescas na memória que ela é capaz de contar em detalhes cada acontecimento daquelas vezes quando, no auge da juventude, trocou o Brasil pela Alemanha. Mesmo viajando para o mesmo país europeu em ambas as oportunidades, garante que foram vivências completamente distintas uma da outra.

Graduada em Administração pela Feevale, as disciplinas de Marketing chamaram sua atenção logo nos primeiros anos na faculdade. Na sequência, assim que conquistou o diploma na graduação, engatou um mestrado na área na PUC e foi então que soube que estava no caminho certo: seria professora. Escolha feita ainda na adolescência, quando optou pelo Magistério. "Cheguei a pensar em cursar Letras ou, até, Pedagogia, mas uma mudança de rumo pessoal me fez escolher Administração com ênfase em Marketing", conta.

Antes mesmo de fazer a defesa da dissertação do mestrado, em 2001, já estava na sala de aula e, de lá, nunca mais saiu. Hoje, leciona nas graduações de Administração e Comércio Exterior e no MBA da área. Gerente de Marketing da Feevale há uma década, Joelma coordena uma equipe de aproximadamente 80 pessoas, sendo responsável pelos núcleos de assessoria de imprensa, Marketing, digital, mídia e relacionamento da instituição de ensino de Novo Hamburgo.

Conexão Brasil X Alemanha

Professora desde os 17 anos, sua primeira oportunidade profissional foi dar aulas de Alemão na Escola de Aplicação da Feevale, quando retornou da primeira viagem à Alemanha. Mesmo de origem italiana, foi aquele país que a acolheu. "Ir para lá foi uma mudança de rumo", revela, ao mencionar que, desde cedo, tinha o sonho de viver fora do Brasil, mas que sua primeira opção sempre foi aprender Inglês nos Estados Unidos. Aos 15 anos começou a construir a ideia até que uma amiga lhe apresentou uma oportunidade no velho continente.

Sem pretensões, candidatou-se a para trabalhar de babá na Alemanha. Um ano depois, lá estava. "Nunca vou esquecer aquela cartinha de aceitação. Mal entendia a língua e logo comecei a estudar." A chance lhe garantiu diversas experiências na Europa, por onde viajou bastante. No passaporte tem carimbo de Belgrado, antiga Iugoslávia, por exemplo, e de várias outras localidades do Leste Europeu.

A segunda viagem foi para cuidar do apartamento de uma prima que resolveu passar uma temporada fora do país. Dessa vez, foi para o norte da Alemanha, quase na fronteira com a Holanda. "Foi outra experiência. Totalmente diferente", assegura. Já estava com 24 anos e a língua não era mais um desafio. A prima voltou para casa e, no ímpeto de permanecer no país, Joelma foi morar na casa de um casal de médicos, com os quais mantém contato até hoje. "Eles são uma parte da minha vida."

Desta vez, confessa que até surgiu uma oportunidade de trocar de vez o Brasil pela Alemanha, mas a vontade de retornar para as suas origens e rever amigos e família falou mais alto. "Voltei pela vontade de morar aqui e sabia que tinha uma missão a cumprir. Fechei este ciclo", declara.

Na sala de aula

"Quando comecei, não imaginava que chegaria até aqui. As coisas foram acontecendo." É assim que Joelma define sua trajetória dentro da sala de aula. Inclusive, a missão que a trouxe de volta ao Brasil é o que a move até hoje. A gerência de Marketing da Feevale, por exemplo, é um cargo que ocupa atualmente e que, consciente, sabe que um dia passará a função para outra pessoa. Mas a docência, acredita, está na sua essência. "Não sei se conseguiria parar de lecionar. O meu 'ser professora' sempre me encantou. Hoje, estou em um cargo que me foi atribuído, mas nunca deixei nem deixarei de ser professora", afirma.

A Feevale é sua casa e o local onde teve outras oportunidades profissionais. Foi lá que atuou por cerca de sete anos como coordenadora do Centro de Pesquisa. Depois, foi convidada pelo então reitor Ramon Fernando da Cunha para coordenar os cursos de Administração e Negócios Internacionais em Marketing e Serviços, função que exerceu por oito anos. Foi nessa passagem que ajudou na implantação do curso de Comércio Exterior.

Pelo mesmo ex-reitor, foi chamada para assumir o departamento de Comunicação e Marketing da instituição de ensino, em 2007. Para ela, o convite se deu pela ampliação do setor e de seu reposicionamento e é eternamente grata a ele. "Uma pessoa sensacional e que faz uma falta enorme", lamenta, ao lembrar que o colega faleceu em fevereiro deste ano. Mesmo satisfeita e realizada quanto aos rumos profissionais, assume que gostaria de ter cursado Jornalismo "se tivesse tido oportunidade e tempo". O motivo é a facilidade em se comunicar e o gosto pela função. "Entendo a total importância e a valorização da profissão para a sociedade", opina.

Agradecer sempre

O antigo relacionamento que durou uma década não resultou em filhos, embora a vontade de ser mãe estivesse presente. Mas garante que, hoje, é muito bem resolvida com a questão. Supre essa falta com os sobrinhos Pablo, de 19 anos, e Paloma, de 24. Os herdeiros do irmão mais velho João Luís, mais conhecido como Lolô, são o que chama de filhos do coração. "Tenho um amor por eles que chego a sentir, possivelmente, o que uma mãe sente. E é recíproco. Sinto-me abençoada", exemplifica.

Tanto é que é com eles e com os demais familiares que costuma dividir os momentos de lazer. Cozinhar, por exemplo, é um de seus hobbies, mesmo que tenha se aperfeiçoado no ramo há pouco tempo. Aprendeu a lidar com a questão enquanto cuidava da mãe, Maria Zilda, que faleceu no ano passado. O prato preferido pode até ser sushi, mas sua especialidade, garante, é risoto. "Acho tudo de bom poder desfrutar de momentos assim entre amigos", declara a irmã mais nova da executiva Janete.

Da mãe herdou qualidades como empatia e altruísmo e lembra que Maria Zilda sempre estava disposta a ajudar a comunidade. Também foi dela e do pai, Luiz, de 88 anos, que pegou o gosto por animais. O resultado: seis cachorros que divide a guarda com a família. "Os animais passam energias boas", acredita, ao mencionar que, em casa, tem duas fixas, a Esmeralda e a Safira. Energias boas, aliás, é o que conduz sua crença. Batizada na igreja Católica, Joelma cultua a fé e acredita que, aonde quer que esteja, tem que estar conectada com coisas boas, com algo superior. "Vou à igreja em busca de um ambiente de paz, e sei que Deus está em tudo o que é bom e positivo", sentencia. Por isso, costuma frequentar o Santuário Padre Réus, na cidade vizinha, São Leopoldo.

Declaradamente gremista, confessa que não para toda quarta-feira em frente à TV para assistir aos jogos do time do coração, "mas quando ele está firme no campeonato e vai se encaminhando para o título, eu 'tô' dentro". Gosta, também, de ir ao estádio e, inclusive, os colegas do trabalho, quando fazem alguma homenagem de aniversário a ela, por exemplo, sempre a caracterizam com uma camiseta do Tricolor. 

Na televisão, além das partidas decisivas do Grêmio, assiste séries na Netflix e, nas preferidas, está The Crown, que conta a história da realeza britânica. "Achei maravilhoso e impressionante. Não vejo a hora de chegar a próxima temporada", anseia. Além disso, está sempre com vários livros na estante, prontos para serem consumidos. Na leitura diversificada, estão títulos sobre Marketing e diversas revistas, meio pelo qual costuma se atualizar. No quesito musical, são as produções dos anos 80 que a tiram da cadeira para a pista, com Abba, Be Gees e Rod Steward no topo da lista de preferências. Lembra, ainda, que foi nos shows de Phil Collins e Roger Waters. "Gosto mais da música como tínhamos antes do que como temos agora", define.

Viajante apaixonada, sempre dá um jeito de sair a passeio por algum lugar. Considera-se, também, uma pessoa simples e diz buscar constantemente ser humilde. "Essas coisas mexem no nosso interior quando tu chegas, talvez, na metade da vida, e penso cada vez mais em priorizar o que é, realmente, importante, e viver bem o momento, pois tem coisas que não voltam", relata, e completa: "Na medida em que vou envelhecendo, não quero ficar com a pele lisinha. Acho tão bacana ter linhas de expressão, pois elas são resultado de tudo o que foi vivido. São marcas bonitas que tu deixas".

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