Patrícia Pontalti: La donna intensità

Comunicativa e cozinheira de mão cheia, a jornalista especializada em moda adora reunir amigos em volta de uma mesa farta

Patrícia Pontalti - Reprodução

Estilo, sensibilidade e intensidade são os principais traços que desenham a personalidade de Patrícia Pontalti. Comunicativa e cozinheira de mão cheia, a jornalista, nascida em Caxias do Sul no dia 5 de junho de 1974, não renega sua ascendência italiana. Para ela, uma mesa farta compartilhada por amigos e familiares, além de ser essencial, é uma espécie de demonstração de carinho. "Sou uma mamma na cozinha. Adoro fazer massa e risoto. Gosto muito da cultura italiana e, às vezes, acho que sou uma gringa! Falo com sotaque e meu passatempo é reunir meus amigos aqui em casa. Já fui muito baladeira, mas, hoje, adoro essa coisa de congregar."

É por isso que, no futuro, quando se aposentar, a jornalista especializada em moda pretende voltar a morar na Serra, abrir um restaurante e lançar uma grife de "roupas para ser feliz", "daquelas de ficar em casa", explica. Outro projeto é realizar uma semana de moda gaúcha para mostrar os talentos do Rio Grande do Sul. Sua principal qualidade é se preocupar com os outros, se diz muito sensível à causa alheia e afirma tratar qualquer pessoa com muito carinho. Quanto aos defeitos, ela relata: "Sou muito brava, exigente e explosiva. Isso é culpa do sangue italiano, que é muito quente. Mas meu orgulho é quase zero e, quando erro, não tenho vergonha de pedir desculpas", brinca.

Excelência em moda

Hoje, aos 34 anos, a donna tatuada, de 1,77 metro de altura e cabelos descoloridos, lembra que seu interesse pela moda começou na infância. Aos sete anos, uma de suas atividades favoritas era desenhar figurinos em um bloco de papel. Na tradicional brincadeira entre meninas, suas bonecas sempre eram jornalistas ou estilistas. Durante a época colegial, notas baixas nunca foram problemas para Patrícia. O período em que foi estudante foi marcado por ela ser uma aluna politizada e engajada. Porém, os professores chamavam constantemente sua atenção porque ela distraía seus colegas por ser muito "conversadeira".

O pai, que é dono de uma construtora em Caxias do Sul, desejava que a filha cursasse Arquitetura e Engenharia. Foi com 16 anos, na empresa da família, que Patrícia deu seus primeiros passos profissionais. Aos 17 anos, na hora de prestar vestibular, como não havia o curso na cidade e, também, por ser filha de pais separados e por morar com a mãe, com quem era muito apegada, não se sentiu segura para arriscar a vida em outro município. O interesse por política e o gosto por leitura fizeram com que optasse pelo Jornalismo, mas, hoje, não descarta a possibilidade de estudar Arquitetura por hobby, pois é fascinada por design, mobiliário e decoração.

O primeiro emprego foi no jornal O Pioneiro, onde imaginava atuar nas editorias de Política, Cultura ou Variedades, porém acabou designada para cobrir Polícia. Disposição e dedicação nunca lhe faltaram: estudava de manhã e trabalhava nos períodos da tarde e da noite e, mesmo sem precisar, ficava em plantão todos os finais de semana. O freela de três meses durou seis e, em seguida, foi efetivada como repórter. Depois de oito meses na editoria de Polícia, foi para a Geral e desta, para Variedades. A primeira cobertura foi sobre o Festival de Cinema de Gramado, junto veio o primeiro editorial de moda, que foi com a modelo e atriz Luciana Vendramini. "Assim eu ingressei em moda e me tornei mais apaixonada do que já era. Passei a comprar todos os livros e revistas da área e me tornei uma workaholic da moda, uma autodidata", conta.

Com a cara-de-pau típica de jornalista, Patrícia ligava para organizações de eventos e se apresentava como editora de Moda do jornal na esperança de conseguir realizar uma cobertura. A jornalista lembra que frequenta o São Paulo Fashion Week ? a mais tradicional e conhecida semana de moda do Brasil ? desde a sua segunda edição, quando ainda se chamava Morumbi Fashion.

Certo dia, decidiu mudar. Queria novos rumos, e o destino em vista era São Paulo. Ao comunicar a decisão ao seu editor, ele sugeriu que tentasse uma vaga no jornal Zero Hora. Patrícia resolveu tentar a sorte, depois de um teste, foi admitida. No total, foram 10 anos no Grupo RBS, tendo atuado nos últimos quatro anos como editora de Moda de ZH. Deste período, além de experiências, ganhou amizades que permanecem até hoje.

Aspatrícias

Na época da faculdade, Patrícia conheceu outra Patrícia, a Parenza. A identificação foi imediata e nascia ali não apenas uma amizade duradoura, mas um casamento, uma sociedade. Depois de formadas, costumavam frequentar os mesmos eventos, cada uma representando os veículos onde atuavam. A proximidade e a união das duas geraram uma única identidade: "As Patrícias". Bastava que a presença delas ? ou de apenas uma delas ? fosse notada nos eventos de moda para que ouvissem de alguns participantes: "Chegaram as Patrícias!" "As Patrícias do Sul estão aí!"

A jornalista conta que não possui o hábito de assumir ou manter funções e responsabilidades quando acha que não é a pessoa mais adequada para fazê-las. Este foi o motivo que fez com que ela se desligasse de ZH. "Comecei a me incomodar com algumas coisas jornalísticas. Se via um buraco na rua ou um acidente, não ligava mais para a Redação. Perdi o pique. E eu tinha consciência de que estava amando mais a moda do que o jornalismo. Todas as coisas que eu respeitava e admirava começaram a me incomodar um pouco", conta.

Foi quando a outra Patrícia, a amiga, sugeriu que montassem uma empresa que unisse as paixões das duas: moda e jornalismo. Surgia, assim, a marca Aspatricias (www.aspatricias.com), que oferece uma série de serviços especializados para todo o Brasil, entre eles, consultoria de moda, palestras e workshops, assessoria de imprensa, treinamento, produção de conteúdo para mídia impressa e eletrônica e produção de catálogos e desfiles. "Eu vejo a moda como uma grande elo, uma corrente. E ela sempre reflete muito rápido as coisas que estão acontecendo. A moda fala por si e a roupa passa uma mensagem individual. Então, sou totalmente apaixonada pelo que eu faço", destaca.

A empresa, que completa cinco anos de atuação, teve um início muito difícil. "O mercado gaúcho ainda é resistente na compra de ideias", diz. Paciência foi a palavra-chave do momento. Até que, em 2005, surgiu uma proposta inusitada: apresentar um quadro de moda no programa Domingo Legal, do SBT. Durante um ano, as Patrícias viajaram toda a semana para São Paulo para fazer as gravações da atração.

"Há o que não termina"

A paixão por tatuagens levou a jornalista a conhecer aquele que considera o amor de sua vida: o tatuador, designer e artista plástico Gilberto Pereira, o Beto, com quem é casada há três anos. O casal se conheceu quando ela foi fazer sua segunda tatuagem. O que logo chamou a atenção de Patrícia foi o fato do tatuador estar ouvindo um CD de Dean Martin, pois, segundo ela, não é um gosto muito comum. A partir daí, tornaram-se grandes amigos e, um ano mais tarde, se reencontraram. Então, livres e desimpedidos, começaram a namorar.

Já são quatro anos de namoro e nove tatuagens, sendo que uma delas, uma frase do francês Michel Deguy, foi gravada no corpo dos dois como simbologia do amor entre eles: "Há o que não termina". "Eu acredito em coisas que não terminam. Acredito que o meu amor pela moda e pelo meu marido não vá terminar. As relações até podem terminar, mas os amores eu acho que não", conta.

É notável a harmonia entre Beto e Patrícia: os mesmos gostos e os estilos parecidos quase que os tornam uma só pessoa. Por meio de uma troca saudável, um completa o outro. Rock antigo, filmes clássicos, cinema, leitura e antiquários estão entre as preferências do casal. "Relacionamento sempre tem que ter troca, tem que ter coisas em comum. Essa coisa de "os opostos se atraem" não funciona. Opostos não se atraem, eles se apaixonam. Depois, as diferenças começam a pesar e pesam muito!"

A união do casal - que pode ser visto circulando em um Fusca 67 todo original, chamado Zelda - ocorreu há três anos, em uma cerimônia civil, ao ar livre. Os amigos da noiva, que teve o figurino inspirado na atriz Marylin Monroe, achavam que ela desistiria da cerimônia, pois Patrícia não acreditava na instituição "casamento". Hoje, a jornalista, inclusive, planeja se casar na igreja "só para fazer outra cerimônia".

Filhos não estão nos planos do casal ? pelo menos por enquanto. "Não sei se eu teria tempo para me dedicar da forma que eu gostaria e eu seria uma péssima mãe, pois mimaria muito. Eu mimo meu cachorro! Se ele está triste, eu vou lá e compro uma roupa! Que é isso!?" Porém, Patrícia destaca que muda muito de ideia e que não tem vergonha disso. O "filho" deles é uma vira-lata charmosa, de nome famoso. A Chanel é a alegria da casa ? que tem como decoração uma mistura de moderno e retro, com móveis antigos estilizados e eletrodomésticos modernos ? e traz em seu pescoço no lugar de uma coleira uma jóia com o símbolo da griffe da estilista francesa Coco Chanel.

Eterna aprendiz

Entre os diretores de cinema preferidos de Patrícia, estão Fellini, Bergman e Billy Wilder. Ela e Beto assistem a cerca de 10 filmes por semana, e a jornalista tem um gosto especial por filmes de terror. Se pudesse, ela teria nascido em Paris, nos anos 20. Odeia multidão, Carnaval - "gente suada pulando junta", explica - e detesta não saber das coisas. É bastante autocrítica e acredita que essa é uma característica que mostra o caminho do bom senso.

Ao ser questionada sobre sua realização profissional, Patrícia não hesita em responder: "Eu quero muito da vida! Quero me divertir mais, quero conhecer mais pessoas, quero aprender, aprender e aprender muito mais! Quero fazer muito mais coisas!". Apesar de não ser uma fã de frases feitas, sua filosofia de vida é amar e se deixar amar. "Faça o que te faz feliz, busque a felicidade. As pessoas têm receio de buscar isso, até mesmo de identificar. Não importa o que você é, mas faça sempre com amor. Busque as coisas que te dão alegria e as faça com prazer." 

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