Larissa Magrisso: Conexão Criativa

Jornalista é movida por fazer junto, aprender e se divertir

Larissa Magrisso - Crédito: Divulgação

A criatividade sempre esteve presente na vida da filha caçula da artesã Ronete Magrisso e do engenheiro civil Solon Magrisso. A sócia e vice-presidente de Criação e Conteúdo da W3haus, Larissa Langer Magrisso, lembra que, desde criança, sempre teve a imaginação estimulada pelos pais, que lhe oportunizaram muito acesso a livros, revistas e gibis. Tanto é que, aos 10 anos, já assinava algumas revistas femininas, como Capricho, Cláudia e Marie Claire. Foi esta paixão que a influenciou a decidir pelo Jornalismo. Assim como o teatro, outra das suas paixões, e que cursou dos seis aos 12 anos - e fez muita diferença para a vida dela.

A irmã do analista de sistemas Marcelo e do arquiteto Ricardo nasceu em 25 de outubro de 1980, em Porto Alegre. Ela conta que neste momento está lendo o livro 'O Caminho do Artista', de Julia Cameron, uma ferramenta que considera valiosa para quem deseja se conectar com a própria criatividade. Por isso, está em um processo em que está revisitando a sua infância e se reconectando com sua originalidade de uma maneira mais profunda.

Revivendo também as brincadeiras com o irmão do meio, Ricardo, na ladeira que tinha em frente à antiga casa no Morro Santa Tereza, na divisa com o bairro Menino Deus, Larissa conta que, quando brincava sozinha, também era um estímulo às artes e à inovação, assim como quando ia para a casa em que os pais tinham em Osório e se sentia muito livre por lá.

Idas e vindas do amor

Casada há cinco anos com o UX Designer Daniel Fernandes, diz que conheceu o marido em um jantar de uma amiga em comum, mas como na época os dois namoravam, tornaram-se apenas amigos. Dois anos depois, encontrou a mesma amiga na Feira do Livro de Porto Alegre e, como estava solteira, perguntou se ela não tinha alguém para lhe apresentar. Então, surgiu o nome de Daniel novamente.

Larissa o adicionou na rede social da época Orkut, o que resultou em um relacionamento até 2009. Em 2012, reencontraram-se e, desde então, nunca mais se largaram. Hoje vivem em São Paulo, com os dois cachorros vira-latas que adotaram: Joaquim e Dercy, dois peludos de sete anos que completam a família.

Neste momento de pandemia da Covid-19, visto que não podem sair, o casal aproveita o fim de semana para fazer faxina, pois, segundo a jornalista, com o Daniel tudo acaba virando brincadeira. "Nós 'gameficamos' o momento de limpeza, colocamos músicas e brincamos bastante", diverte-se. Ela também aproveita para descansar, ler, pegar um sol no terraço do prédio e fazer colagens. Escrever cartas, bem como em um diário, também faz parte de sua rotina - hábito adquirido durante a fase do isolamento social e que utiliza para se desligar.

Assistir séries, beber um bom vinho, cozinhar e fazer videochamadas com a família e amigos também fazem parte deste novo momento. Antes, porém, adorava receber os amigos em casa, levar os cachorros para passear no parque, alugar um carro e passar o fim de semana na praia ou no sítio.

Preferências

Dentre as comidas favoritas, está o churrasco feito em casa pelos irmãos, além de frutos do mar e culinária italiana, como batatas, nhoque e massa. "Chuva de carboidratos é comigo", brinca, explicando que é bem aberta a novos sabores, além de gostar de ter a gastronomia como um exemplo de novas experiências, tanto sabores quanto de cultura.

Em relação aos livros, a preferência é por histórias, biografias, ficção e psicanálise. Costuma ler muito sobre criatividade e, dentre os títulos que mais a marcaram, destaca uma leitura que realizou quando era criança: 'O Diário de Anne Frank', escrito pela própria jovem judia, enquanto estava enclausurada durante a Segunda Guerra Mundial. Inclusive, teve a oportunidade de conhecer a casa da autora em 2019. Além dessa obra, cita 'O mundo pós-aniversário', de Lionel Shriver; 'Mulheres que Correm com os Lobos', de Clarissa Pinkola Estés; 'Mamãe & Eu & Mamãe', de Maya Angelou, além de 'O Filho de Mil Homens', bem como 'O Paraíso São os Outros', ambos de Valter Hugo Mãe.

Ao confessar que não é uma expert do cinema, diz que usa a sétima arte como válvula de escape, e que prefere os filmes que lhe acomodam a alma. Por isso, curte mais comédias românticas. Dentre os seriados, é fã de 'Grey's Anatomy' e está maratonando atualmente o norte-americano 'In Treatment', uma vez que adora Psicanálise e Psicologia.

Gremista, diz que não se apega ao futebol, mas que gosta quando o tricolor gaúcho ganha, porque sabe que o pai, os irmãos e os sobrinhos ficarão felizes. A natação é o seu esporte favorito, porém um caso de vai e volta constante. De atividade física, explica que nesta quarentena tem aproveitado para dançar com o marido no 'Just Dance', um jogo de videogame. Também tem praticado algumas aulas de ioga pelo Youtube.

Digital, impresso e agência

Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em 2002, é pós-graduada em Dinâmica de Grupos pela Sociedade Brasileira de Dinâmicas de Grupos (SBDG), em 2017. Larissa conta que esta última é mais voltada ao campo da Psicologia e dos Recursos Humanos, e que foi uma experiência transformadora para sua vida.

Desde o primeiro semestre da faculdade, já estagiava no programa 'Medicina e Saúde', veiculado tanto da hoje extinta TV Guaíba, quanto na Rádio Guaíba. O trabalho era atender aos telefonemas das pessoas mais idosas que ligavam para a atração e, muitas vezes, desejavam apenas uma companhia, enquanto a jovem estudante adorava. Passou também pelo antigo jornal de bairro 'Oi' e pela revista 'E aí' (já não mais existente), e que foram uma escola para ela.

Em 2001, ingressou no portal Terra, começando como freelancer de SMS, passando para redatora, editora-assistente, editora de Capa, coordenadora de Redação e editora-executiva. "Foi uma época muito fértil para o Jornalismo e eu tive um crescimento muito bom, que investia em conteúdo próprio, e no qual tive a oportunidade de criar bastante", relata.

Ingressou na Zero Hora, após seis anos no veículo on-line, como editora-assistente de Política, pois queria muito trabalhar com jornal impresso. Também foi colunista do 'Palanque Eletrônico', durante as Eleições de 2008 - projeto inovador na época, no qual misturava humor e política e acabou recebendo prêmio de revelação.

Quando ainda estava no impresso do Grupo RBS, foi chamada para um freela pelo ex-colega e CEO da W3haus, Tiago Ritter. Contudo, acabou não acontecendo, apesar de que o futuro lhe reservava integrar o time da agência. Ao assumir a vaga de gerente de Projetos, alguns anos mais tarde, tornou-se a responsável por gerir toda cadeia criativa da empresa. Dali para frente não parou mais.

Sugeriu criar a área de Conteúdo e Social Mídia e viu a empresa se transformar em referência no nicho. Na época, Larissa assumiu como gerente de Conteúdo e Redes Sociais e realizou diversos trabalhos dos quais tem o maior orgulho em fazer parte. Cresceu cada vez mais e mais na agência, e um dia se deparou como sendo uma das sócias, além de também abastecer o currículo com a função de vice-presidente de Criação e Conteúdo. As horas dedicadas ao trabalho ainda são preenchidas com a apresentação de palestras e cursos que eventualmente acaba ministrando.

Ativista de algumas causas

Como gosta muito de conectar pessoas, destaca que se sente superfeliz quando lhe pedem indicação de alguém e dá certo. Também adora contar histórias e trabalhar com cocriação. A partir disso, menciona que uma das tarefas do livro que está acompanhando, 'Caminho do Artista', é escolher uma profissão diferente. Para tal, cita a última escolha: maquiadora, na qual revela que a está fazendo se divertir e brincar bastante.

Como qualidade, Larissa destaca que tem sensibilidade, pois consegue perceber o que está acontecendo ao seu redor e, com empatia, colocar-se no lugar do outro. Já sobre defeitos, diz que tem muitos, mas, para ser sincera, relata a ansiedade, que é uma eterna briga. "Meu grande desafio neste plano é não ser tão ansiosa, não sofrer tanto pelo que eu não controlo", confessa.

Para se definir, cita a frase do psicanalista Carl Rogers que diz: "Para permitir que os outros possam ser tudo que podem ser, nós temos que nos permitir ser tudo o que podemos ser." Para Larissa, a citação é revolucionária e, além disso, conecta-se com ela.

Para a vice-presidente de Criação e Conteúdo, usufruir das experiências da vida e se abrir para o que ela pode lhe oferecer, conectando-se com as pessoas reais, e com o que elas têm de verdade, é o que importa. "Conexão é uma palavra muito importante para mim: é sobre fazer juntos, criar juntos, estar juntos. Isso implica em comprar umas brigas e ser ativista por algumas causas também", admite.

Uma dessas lutas foi quando teve um episódio de assédio enquanto trabalhava no Terra. Teve muita coragem ao denunciá-lo e revela que passou por todo o processo que a vítima transita: ser acusada, sentir-se culpada, além de ser ameaçada. Apesar de o colega ter sido demitido, ficou um tempo de lado no portal, até decidir sair. "Eu verbalizei isso muito tempo depois, e acho que hoje é importante falar, pois ainda acontece. É um assunto muito banalizado, em que a vítima sempre será posta em dúvida. Tem um roteiro-padrão para isso acontecer, e acho que agora esta discussão está chegando nas agências, por isso devemos abordar esses assuntos", desabafa.

A jornalista confessa que este fato a marcou e diz muito sobre que tipo de líder quer ser. "Estas questões humanas não são diretamente ligadas ao nosso ofício, mas precisam estar na pauta. Temos que pensar sobre representatividade racial, sustentabilidade, acessibilidade. São assuntos que não temos mais como separar do que iremos produzir", alerta.

Movida por fazer junto, aprender e se divertir, Larissa hoje está em busca de se preencher mais criativamente e ter mais espaço para arte na vida dela. Como lema profissional, destaca: "Conteúdo é a forma mais simples de fazer a diferença na vida de alguém". Já sobre a vida, finaliza com o poema de Vinicius de Moraes: "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida".

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