Lidiane Amorim: Ela é híbrida

Apaixonada por dança, jornalista conta como se divide entre o trabalho, o casamento e seu mais novo amor, o filho Martín

Nascida em Uruguaiana, cidade que faz fronteira com a Argentina, a assessora de Comunicação e Marketing da PUC, Lidiane Ramirez de Amorim, teve todo princípio da infância e da alfabetização mais voltado ao país vizinho. A filha da professora argentina Rosa Ramirez e do comerciante brasileiro Eriovaldo Amorim se lembra de ser alfabetizada nos dois idiomas, mas até certa idade misturava as palavras.

No colégio, escrevia um pouco em espanhol e um pouco em português, até conseguir separar as línguas. "Esta infância de hábito dos dois países é o que há de mais marcante em mim", explica. Bem dividida, a irmã mais velha do Rodrigo, da Lívia e do Álvaro chegou a fazer a cidadania argentina, para poder se sentir das duas nações e lembra que, quando era pequena, escondia-se em dias de jogos entre Brasil e Argentina, para não ter que escolher para quem torcer.

Esta dupla "nacionalidade" marcou toda sua formação, tanto é que ela só foi experimentar a fruta goiaba depois dos 16 anos, pois a culinária de criança e adolescente era toda voltada para o que a família da sua mãe comia e vivia na Argentina.

Destinos cruzados

Casou em 2015, na mesma semana em que defendeu a tese de doutorado. Porém, conheceu o marido, o engenheiro de automação Douglas Strack, em 2007, dentro de uma linha de ônibus da Capital. Um dia sentaram lado a lado e como Lidiane estava lendo um livro, em que marcava as páginas com o seu cartão de visitas, na hora de descer deixou cair o dito. Douglas encontrou e então a adicionou no Orkut, rede social que estava em alta.

Na época, ele dividia apartamento com alguns amigos e, entre eles, estava uma amiga de infância de Lidiane, que era lá de Uruguaiana e a quem não via há muitos anos. Então, Douglas promoveu o encontro das duas e acabou se aproximando mais ainda da jornalista - desde então nunca mais se largaram. 

Da relação, nasceu o mais novo amor do casal, o filho Martín, de 1 ano e 8 meses, que é a alegria de ambos. "Está aí o nosso plano e experiência de vida se concretizando", derrete-se. Como os dois são super-rigorosos com rotina, todos os dias, às 20h30, o pequeno já está dormindo e eles têm pouco tempo para ficarem juntos, então, os demais tempos livres são dedicados integralmente ao Martín, sem que sequer peguem o celular, pois aquele momento é só dele.

"Estamos sempre tentando proporcionar experiências diferentes e criativas. Eu me preparei muito para ser mãe. Estudei muito para conhecer esta nova fase e me tornei resistente para muitas coisas, como, por exemplo, ser contra o uso da tecnologia para crianças até uma determinada idade", desabafa. A família se completa com o "guaipeca de grife", Basco. Um cachorro vira-latas, de sete anos, que parece de raça e é, segundo Lidiane, todo branquinho e lindo. "Um amor, um anjo na terra" e considerado por ela como o primeiro filho.

Escrever, dançar, rezar e torcer

Tem mania de escrever aleatoriamente e em cada fase da vida foi se motivando a discorrer sobre algo. Da maternidade, por exemplo, ela escreveu relatos mensais de como era cada fase. Por isso, hoje, suas redes sociais são voltadas ao Martín, pois, desde que ele nasceu, escrevia religiosamente um texto a cada 'mesversário'.

O hábito da leitura também lhe acompanha desde sempre. Neste momento, diz que está em um dilema, pois, ao mesmo tempo em que quer continuar lendo mais sobre maternidade, desenvolvimento humano e conteúdos que impactam em seu trabalho, quer ler algo que não tenha nada a ver com isso. Já tem até uma pilha de livros que ganhou de amigos e está louca para atualizá-los.

Como hobby, confessa que sempre gostou muito de dançar, tanto é que, quando estava fazendo vestibular para Jornalismo, chegou a cogitar cursar faculdade de dança em Campinas, mas quem venceu foi a Comunicação, onde se encontrou e hoje não se imagina em outra profissão.

Colorada, Lidiane revela que gosta muito de esportes e que um domingo perfeito é aquele em que tem esporte o dia todo na programação da televisão. Antes de o Martín nascer, era figura frequente no Beira-Rio e, na adolescência, jogava basquete, padel, vôlei, futebol, fazia natação e dança. Até quando foi para Madri, na Espanha, fez aula de dança, o Flamenco. Católica, diz que gosta de pensar na fé e no que acredita. Tenta cuidar da sua espiritualidade, que, para ela, é uma dimensão do ser humano, algo bem intimista e individual, sem tantos ritos, mais um cultivo dos valores cristãos do que necessariamente um hábito de ir à Igreja todos os domingos.

Já seu repertório musical favorito é bastante eclético, mas todo composto pelo gênero latino-americano. Vai desde o cantor uruguaio Jorge Drexeler, passando pelo argentino Diego Torres até chegar na Shakira. Sobre filmes, a preferência é pelas histórias reais e que a façam pensar. Gosta de drama e suspense, mas não assiste ficção científica.

O Jornalismo

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 2006, com formação em Comunicação Institucional pela Universidade Austral, na Argentina, é doutora e mestre em Comunicação pela PUC, com estágio doutoral na Universidad Complutense de Madrid (UCM/España), onde morou por quatro meses, pois queria estudar e visitar empresas multinacionais no país.

Começou a trabalhar muito voltada para os clássicos do Jornalismo. No segundo semestre da faculdade, decidiu atuar com pesquisa como bolsista de iniciação científica. No quarto semestre, trabalhou na TV e rádio universitárias, como estagiária, em praticamente todas as áreas destes veículos. Além disso, até se formar, atuou como freelancer para TVE e algumas emissoras como a rádio CBN em Santa Maria.

Porém, quando concluiu a faculdade, veio para Porto Alegre e teve sua primeira oportunidade na Capital como assessora de comunicação na Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul. Em 2007, entrou na assessoria de comunicação dos colégios da Rede Marista, onde fez carreira atuando com conteúdo, criação e campanhas, ou seja, foi experimentando quase todas as áreas da comunicação. 

Convidada pela jornalista Rosângela Florczak, foi para gestão corporativa da Rede, entrando neste universo de organizações de empresas e de onde, hoje, não se imagina longe. No período do doutorado, trabalhou de forma remota e, quando voltou, foi convidada a se tornar gerente de Comunicação Corporativa da Rede Marista. Em 2016, veio outro chamado: integrar a equipe de gestão do atual reitor da PUC, Irmão Evilázio Teixeira, liderando a equipe de Comunicação e Marketing.

Além disso, atuou como professora das disciplinas de Comunicação Interna, Comunicação Integrada, Comunicação de Marketing e Comunicação de Risco por cinco anos, nas faculdades Senac, IPA e PUC, e conta que achou as experiências incríveis. "Talvez, hoje, o que mais sinta falta no meu dia a dia é esta relação e este afeto que nasce em sala de aula. Acho que por isso me mantive na Educação. Foi muito difícil para mim abrir mão de dar aula, mas foi uma decisão importante, pois, quando decidi ser mãe, tive que reposicionar minhas escolhas", explica.

Feliz e realizada

Achando muito difícil sintetizar o ser humano, pois acredita que ninguém cabe em uma frase, ela entende que é muitas coisas ao mesmo tempo e, por isso, enxerga-se muito híbrida e otimista. Traços bem característicos da sua personalidade são calma, tranquilidade e organização, tanto que já deixa tudo o que precisa separado no dia anterior.

Como qualidade, diz que tem a preocupação com o outro, porém, muitas vezes, esta pode se tornar um defeito, pois faz com que reflita demais sobre coisas que nem sempre são necessárias, como, por exemplo, quando vai dizer ou fazer algo para outra pessoa e tem sempre a preocupação de respeito e de olhar para o outro como ser humano. Além disso, considera que um nível alto de perfeccionismo é também um defeito. Destaca que já evoluiu muito em não querer alcançar a perfeição, mas que, por muito tempo, já lhe atrapalhou no sentido de achar que nunca estava bom o suficiente o que fazia, chegando a impactar na sua autoconfiança.

Feliz e realizada, o sentimento não significa que não esteja sempre buscando algo, mas, sim, que tem a noção de viver e degustar o presente, que precisa acordar todos os dias feliz e assim se manter com o que faz. Apesar desta certeza, ainda quer viajar mais e desbravar o mundo, acompanhada, claro, do marido e do Martín.

Para a próxima década, Lidiane diz que pretende ter mais um filho e estar ainda trabalhando com comunicação organizacional, desde que tenha afinidade com seu propósito de vida, sendo uma causa relevante, em que o saber dela seja relevante e faça sentido. "Não sei se será como é hoje, ou em outro modelo, mas acho que é importante esta convergência. Se tiver sentido para mim e para área ou instituição que eu estiver assessorando, está tudo bem. Apenas com mais um filho na conta", risos.

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