Lori Pintos: Da produção à premiação

A sala de aula a perdeu rapidamente. Que bom para a Propaganda, que ganhou uma profissional e tanto

Lori Pintos - Divulgação

*Com colaboração de Márcia Christofoli

Recentemente, ela foi premiada como Produtora Gráfica do Ano no Salão ARP 2019. Tendo no currículo agências de peso como Paim, Matriz e Morya, está há quase duas décadas no mercado publicitário gaúcho. Passou três vezes pela primeira, ficou 10 anos na segunda e já está há quatro na terceira. Para quem caiu no mundo da Comunicação por acaso, Lori Pintos tem uma trajetória profissional louvável. Natural de Santana do Livramento, onde cursou Magistério, aos 18 anos decidiu se mudar para Porto Alegre e tentar a sorte e um novo futuro longe das salas de aula. Mal sabia ela o quanto esse futuro a orgulharia.

Insatisfeita com as primeiras experiências profissionais na Capital, Lori decidiu ir a uma agência de empregos. E foi por meio de uma oportunidade para ser recepcionista em uma agência de publicidade, que começou sua carreira. Iniciou na recém-nascida Paim, na década de 1990. Foi promovida a secretária, depois a assistente de produção e, então, a assistente de Atendimento. "Só que cheguei à conclusão de que não gosto de ser linha de frente, não gosto de dar a cara a tapa", constata. Foram cinco anos na Paim, onde cresceu como profissional e entrou de vez no mundo da propaganda.

Após um intervalo, no qual trabalhou com produção de vídeo, primeiro na Lux Filmes, que não existe mais, e depois na Som Guia, que era uma coligada da Jinga, voltou "para casa", dessa vez como produtora gráfica. "Aí, finquei pé na área, porque era o que eu gostava de fazer", afirma.

Quando saiu da Paim pela segunda vez, foi chamada para trabalhar na Matriz. "Quando entrei, me apaixonei. Era uma baita de uma agência, superfamília. Tanto gostava de trabalhar lá, que fiquei 10 anos", conta, achando graça e ressaltando ainda o quanto aprendeu nesse período. Terminada a década, Lori voltou pela terceira e última vez à Paim e, ao sair, seu novo destino foi a Morya. "Ao chegar, achei a agência muito legal, tudo a ver comigo. Posso dizer que tive muita sorte, porque sempre trabalhei em lugares legais, que me acolheram, que tem a ver com a minha energia", avalia.

As conquistas da vida pessoal

Enquanto adentrava o mundo da produção, Lori decidiu iniciar a faculdade. Estudou Administração até o 6º semestre, na Fapa, mas desistiu, pois nunca conseguia chegar no horário, devido ao ritmo de trabalho. Além disso, o mundo das planilhas financeiras e estatísticas estava cada vez mais distante da sua realidade. Depois de alguns anos sem estudar, viu que era hora de terminar uma graduação e resolveu cursar Marketing Digital, em EAD, porque não tinha tempo para ir presencialmente. E esta ela, felizmente, conseguiu concluir. Tendo que trabalhar desde sempre, pois não contava com ajuda financeira familiar, considerando que era de origem humilde, sempre batalhou muito e correu atrás para conquistar suas coisas.

Aos 22 anos, por exemplo, comprou seu primeiro apartamento, um JK. "Sempre pensei: eu quero ter a minha casa, as minhas coisas, pois sou muito organizada. E a Paim me deu a oportunidade de eu ter a minha primeira casa própria", recorda. Mais tarde, foi morar com o hoje seu marido, com quem está há 22 anos. "O Marcelo é amigo, parceiro de todas as horas, nas ruins, nas felizes. A gente é muito unido. Tudo que temos hoje, construímos juntos", elogia. Como casal, passaram por um perrengue durante a crise de 2008, pois a empresa dele, na qual ela trabalhou por oito meses, precisou fechar. Nesse momento de aperto, precisaram tirar o filho da escola. Entretanto, otimista como sempre, Lori vê o passado com bons olhos: "Não foi o fim do mundo, porque se eu for olhar pra trás, as coisas passam, né? E o mais importante é essa energia que a gente coloca nas coisas dá certo. Temos que acreditar que tudo vai melhorar, e que isso é passageiro".

Quando tinha 13 anos de casamento, resolveram que era chegada a hora de engravidar, e aí veio o tão esperado Lucas. "Ele é a razão da minha vida, meu filho. Faço tudo por ele", declara, emocionada. É por ele que ela sai todos os dias da agência ao meio-dia para almoçar na companhia do herdeiro. À noite, na hora da janta, também faz questão de ter marido e filho à mesa. Família, por sinal, é um valor importante para Lori, ainda mais por ter crescido com mais cinco irmãos, com quem passou uma infância feliz. Aos poucos, conforme conta ela, todos foram vindo para Porto Alegre e se reaproximando, ficando novamente unidos. Na cidade natal, restou apenas a mãe, a quem os irmãos visitam com frequência para que não se sinta tão sozinha.

O lado tranquilo

Depois de um dia agitado de trabalho, Lori gosta de ir pra casa e desligar, em suas palavras. É hora de curtir o filho e o marido e ficar quieta: "Não quero barulho. Gosto de ler alguma coisa, mexer no celular." No dia a dia, é assim também, como ela mesma se descreve: "Sou tranquila, não gosto de briga. Pago pra não me incomodar, para não discutir. Estou sempre tentando amenizar as coisas". Segundo a produtora, o pessoal da agência diz que adora trabalhar com ela devido exatamente à sua calma. E complementa: "Esse meu lado de ser serena e tranquila é uma coisa da qual eu gosto, que me faz bem", admite, refletindo em seguida que não se vende muito porque não tem o famoso perfil de ser brigona, mas acha que realmente não precisa. 

Faz parte dessa tranquilidade o gosto por livros e produções audiovisuais no geral. A série do momento é 'Annie' e o livro de cabeceira, 'Toda a luz que não podemos ver', de Anthony Doerr. Romântica, também já leu todos os títulos da escritora Jojo Moyes. O filme favorito é 'Lendas da Paixão', assistido sete vezes - e chorando em todas. Quanto a cozinhar, que pra muitos é terapêutico, prefere deixar o ofício nas mãos do marido. Relembra, rindo, a época em que ele foi morar em Santa Catarina para trabalhar por seis meses. Resultado? Chegou a emagrecer, de tanto que odeia a cozinha. E falando em não gostar nem um pouco, dispensa filmes de ficção e de terror, da mesma forma que não faz questão de futebol, apesar dos homens da casa serem colorados.

Outra fonte de calmaria é a religião. Espírita praticante, Lori entende que ter ajuda espiritual a ajuda a ver o mundo de forma diferente. "A partir dali, muda o pensamento, porque é ele que te move, te rege", acredita. Consumidora de obras espíritas também, já leu quase todos os livros da Zíbia Gasparetto. "É bonito. A gente já vê tanta tristeza no mundo. Tu tens que te apegar a uma religião, porque isso faz com que tenhas fé e acredite nas coisas", defende.

Ela merece

São quase 20 anos trabalhando sempre em grandes agências. E como fruto do trabalho e profissionalismo, o mercado reconheceu. "Foi muito legal ganhar o prêmio da ARP, um reconhecimento superimportante. Primeira vez que fui indicada e já ganhei", comemora. Incrédula ao ser indicada, a surpresa foi ainda maior ao vencer. "É muito legal ver que as pessoas lembram de ti, ver que tu conseguiste isso com o teu trabalho, teu esforço", completa.

Lori estava concorrendo com mais duas produtoras de uma mesma agência, e isso a fez pensar que estava ainda mais distante do prêmio. "Tanto é que a gente nem fez muita campanha", comenta. E acrescenta: "Quando chamaram meu nome, foi muito legal, acho que uma felicidade maior não há. A única outra felicidade maior foi quando nasceu meu filho". Aliás, ao falar de Lucas novamente, frisa o quanto a Matriz a acolheu durante a gravidez. Saiu e voltou tranquila, sem preocupações, e recebendo muito apoio.

Quando olha para a trajetória, recorda as pessoas que passaram pelo seu caminho a ensinando e se tornando referência profissional. E destaca algumas: "Marcos Paim foi alguém que me ensinou muito. Ele é um cara excepcional", elogia. Na Paim, também menciona Sylvia Campos, que foi quem a ensinou produção gráfica: "Ela foi importante no meu aprendizado". Na Matriz, lembra de Beto Philomena, a quem atribui adjetivos como "chefe, uma pessoa maravilhosa, baita coração e supercriativo". E, por último, na Morya, elogia todos os colegas, mas não esquece do chefe Greg (Gregório Leal), e Melissa Bordin, que a apoia todos os dias e foi a maior incentivadora para que almejasse a estrela da ARP.

Mas Lori também é referência para muita gente. Afinal, quase uma hora de conversa é suficiente para perceber características e concordar com a própria autodescrição: "Lori é amiga, fiel, responsável, organizada, feliz, alegre e de fé. Ela é do bem, e torce por um mundo melhor. Ela é a paz que o mundo precisa".

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