Luciano Vignoli: Um criativo empreendedor

Família, trabalho, leitura, futebol e natação formam o combustível que move a vida do sócio-diretor da agência e21

Luciano Vignoli - Reprodução

Família, trabalho, leitura, futebol e natação formam o combustível que move a vida do sócio-diretor da agência e21, Luciano Busato Vignoli. O publicitário diz negar a obsolescência até o último instante. A característica faz com que esteja sempre se preparando para momentos de transição, além de tentar não se sentir defasado. Por isso, dedica-se constantemente ao processo de desenvolvimento pessoal, com cursos, leitura e viagens. Ao ser questionado se sente-se uma pessoa realizada, Luciano não hesita ao responder: "Jamais! Não me permitiria isso nunca."

O gosto pela escrita e o pensamento criativo foram alguns dos motivos que fizeram com que escolhesse a publicidade como profissão. Nos tempos de colégio, o porto-alegrense, nascido a 9 de maio de 1964, dedicava-se a redigir histórias e a pensar e criar situações. Devido ao seu instinto empreendedor e ao desejo de gerar soluções para empresas, optou pelo curso de Publicidade e Propaganda ao de Jornalismo. Em 1986, saiu da Famecos com o diploma em mãos. 

Nadador nas horas vagas e fã absoluto de futebol, que se diz "muito colorado", Luciano nunca se imaginou em outra profissão. Chegou a cursar Relações Públicas, Engenharia Civil e Administração de Empresas, mas não concluiu nenhuma das faculdades, pois acreditava que elas apenas complementariam sua carreira de publicitário. Hoje, conta que, se tivesse talento, talvez se dedicasse ao design ou à arquitetura, ramos que admira por trabalharem com estética, transmissão de conceitos e criatividade.

Durante três anos, o Publicitário do Ano 2008 pelo Prêmio Colunistas foi professor na Famecos, da PUC. Ele define esta experiência como uma das mais sensacionais e gratificantes de sua vida. A vida acadêmica foi abortada devido à falta de tempo: em um único final de semana, ele tinha que corrigir cerca de 180 provas ? o que o impedia, até mesmo, de tomar uma cerveja depois do almoço de domingo.

De estagiário a dono de agência

Boa vontade para aprender nunca lhe faltou. O início da carreira ocorreu em uma pequena agência, chamada Propagação, na função de redator. Aos 19 anos, a empolgação juvenil lhe permitia fazer desde o serviço de office-boy à coordenação de freelancers. Foi assim que, em pouco tempo, absorveu todo o processo de operação da empresa.

Quando percebeu que já tinha aspirado o máximo de conhecimento possível, partiu para um novo desafio. Com apenas 20 anos, fundou a Estágio, tendo como sócio seu primeiro patrão. Entre o primeiro trabalho no meio publicitário, como estagiário, ao posto de dono de agência, foram apenas nove meses. Luciano recorda que sempre desejou abrir seu próprio negócio e que este seria uma agência de propaganda. Com o tempo, a nomenclatura do empreendimento foi mudando: tornou-se a Estágio 21 e, em seguida, e21, que em 2009 completa 25 anos.

Pequena e com móveis emprestados, assim foi o começo da agência, que, segundo Luciano, já apresentava no seu DNA características que fizeram parte de seu crescimento. "Desde o primeiro momento a gente não tava preocupado somente com a solução publicitária", conta. Numa época em que, segundo ele, tudo era "mais lento e mais fácil", o publicitário lembra que os clientes pediam anúncios e, antes de colocar a peça na rua, ele sugeria mudanças de fachada ou de design, entre outros. Muitas vezes, o objetivo de gerar soluções provocava obstáculos. "Uma vez pediram uma campanha e nós fizemos todo um planejamento, até de clima interno, para dizer a eles que, antes de fazer uma campanha, teríamos de acertar uma série de coisas. O trabalho durou uns 60 dias. Quando estávamos apresentando o material, o cliente disse: "Cara, eu só queria um anúncio!"", relata.

Para ele, lidar com esse DNA tem sido um desafio constante, mas, ao mesmo tempo, a razão de sucesso da agência. Em outubro do ano passado, a e21 associou-se à d&a, de São Paulo, originando o MTCom - Grupo de Multicomunicação. A associação iniciou sua operação conjunta reunindo nove unidades de negócio.

Amor à família

É casado há 16 anos com a psicóloga Cláudia Lippert e, com ela, tem uma filha, a Mariana, de nove anos. Luciano e Cláudia se conheceram em uma festa do irmão dela, que é casado com a irmã dele. Para dividir o tempo entre família e trabalho, precisa fazer uma equação - como ele mesmo define - bastante complicada, pois a agência e os clientes exigem dele um grau máximo de dedicação. Por isso, procura passar seus momentos de lazer com a esposa e a filha.

Sua agenda é uma verdadeira obra de engenharia: "Tento fazer Porto Alegre caber dentro de Tupanciretã", brinca.  Luciano acorda cedo, por volta das 5h30. Entre as 6h e as 7h é o tempo que destina para responder e-mails.  Às 8h30, inicia uma rotina de reuniões diárias com os grupos de marcas, os profissionais que cuidam especificamente de uma conta. Seu dia termina por volta das 21h.

Por causa das viagens de trabalho, procura não ir a eventos do meio publicitário para poder dedicar mais tempo à sua família. "Senão, a gente vira uma visita", justifica. Em sua casa, duas coisas são sagradas: café da manhã e passeios. A pequena Mariana é quem administra a agenda do pai nas horas de lazer. Entre as atividades mais frequentes, estão idas ao shopping, ao cinema, aos restaurantes e ao Parque da Redenção.

Quando está na Capital, de dois a três dias por semana faz questão de levar a filha ao colégio. Um dos hábitos que busca transmitir para a sua filha é o da leitura, que o acompanha desde a infância. Leitor frenético e curioso, ele afirma que "devora" cerca de 60 livros por ano. "Os livros são meus companheiros de aeroporto", diz o publicitário, que viaja toda a semana a Santa Catarina e a São Paulo. É eclético, mas entre os gêneros preferidos estão o policial e o biográfico.

No caminho certo

Como uma de suas qualidades cita o fato de confiar nas pessoas e gerar oportunidades para elas. "Trago comigo uma frase atribuída a Roberto Marinho, que diz: "Eu prefiro uma desilusão eventual com uma pessoa do que uma desconfiança permanente". E esse também é meu lema. Confio nas pessoas e procuro oferecer oportunidades para que elas cresçam, mas o que vão fazer com a oportunidade, aí depende de cada um", diz.

Todas as suas conquistas foram obtidas a custo de muito esforço e dedicação. Ao avaliar sua trajetória, Luciano sente-se orgulhoso e acredita estar no caminho certo, mas, ainda assim, pensa que poderia levar a vida de uma forma mais leve, "com menos peso", diz ele. "É um defeito de condução e formação que me impede de curtir momentos mais do que eu poderia, principalmente profissionais. Eu deveria aprender a curtir, pois festejo e comemoro muito pouco", conta. Como defeito, ele exemplifica com a seguinte frase: "Eu perdoo meus inimigos, mas jamais esqueço seus nomes."

Quanto à sua filosofia de vida, Luciano cita John Davison Rockefeller Nixon, fundador da primeira companhia petrolífera norte-americana, a Standard Oil: Para ficar rico, tem que acordar cedo, trabalhar muito e achar petróleo. "A terceira opção eu não consegui. Então, tenho insistido nas duas primeiras."

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