Marcelo Torri: Palavra é prata, silêncio é ouro

Apaixonado pelo trabalho, publicitário e sócio da FTCom se considera ponderado e perfeccionista

Marcelo Torri, sócio-diretor da FTCom - Arquivo Pessoal

Marcelo Torri sempre soube que queria fazer algo na Comunicação, afinal, desde "piá" gostava muito de conversar e conhecer a história das pessoas. Porém, o gosto por um bom bate-papo não o torna alguém que mais fala do que ouve. Pelo contrário. O publicitário e sócio da FTCom carrega consigo o lema de que "palavra é prata, silêncio é ouro". Isso porque entende que, às vezes, é mais importante ouvir do que falar, habilidades fundamentais para um comunicador apaixonado pela área de Atendimento. 

Outro ponto fundamental para o trabalho, mas desta vez em relação ao lado como empresário, é o que acredita ser sua maior qualidade: ponderação. Apesar de se considerar um inquieto, faz muitas reflexões antes de tomar uma decisão. Muito crítico sobre si, o pior defeito, o perfeccionismo, é um grande inimigo de quem se dedica tanto para o que faz. 

Correria disciplinada

Exatamente por isso diz ser um eterno insatisfeito, principalmente quanto ao lado profissional - onde gosta de se desafiar bastante. "Gosto muito da pauleira e da correria", conta, ao confessar que se considera um pouco workaholic. E é aqui que decreta: é preciso se divertir enquanto trabalha. Por isso, acredita que se come bem, treina bem e consegue ter momentos leves, mesmo dentro da empresa, que pode desvirtuar e carregar o pensamento para outro lugar, consegue fazer tudo acontecer.

"Pouca gente aguenta o tirão que tenho", reflete ele, que acorda todos os dias às 5h45, chega na empresa às 6h, toma o café no local e sai por volta das 19h - um dia a dia de trabalho que gira em torno de 13 horas, sem exceção. Valorizador da rotina e da disciplina, para ele não existe resultado sem esforço, foco e vontade de fazer acontecer.  

Uma das raras saídas, sem contar reuniões e almoços, é para treinar, atividade física que realiza ao lado do Tênis - esporte que ama praticar, visto que se identifica muito e considera quase que uma terapia. A paixão é tanta que acabou ocupando mais espaço na telinha do que o futebol. "Sou um gremista não praticante", brinca Marcelo, que, quando era mais novo, viajava para assistir aos jogos do Grêmio, tanto em outros estados, quanto para outros países, como na final da Copa Libertadores, em 2017, na partida contra o Lanús, da Argentina. "Era muito viciado, mas hoje nem tanto. Prefiro encontrar os amigos para assistir às partidas", manifesta, ao apontar que outro hobby pelo qual se interessa muito é jogar pôquer. 

Entre decolagens e guitarras

Blefe, ou não, diz que curte de ir ao cinema para assistir a franquias, como a britânica do agente secreto James Bond, conhecido como 007. Entretanto, tende a escolher filmes mais profundos, assim como documentários. Em relação a séries, prefere as documentais, como 'Making a Murderer' e 'Tiger King', ambas da Netflix. Tem dificuldade com tramas longas, a exemplo de 'Ozark', porque as acha muito lentas. 

Quando adolescente, era guitarrista de uma banda de rock, fruto de grande admiração por Slash, do Gun'N'Roses. Apesar de o tempo ter passado e o instrumento ter ficado de lado, o grupo do vocalista Axl Rose faz parte de sua playlist até hoje. Adorador do gênero, principalmente em relação ao que foi criado nos anos 1970, 1980 e 1990, inclusive aguarda 2022 por uma ótima razão: ir aos shows do Metallica e do Kiss. Além disso, escuta bastante música eletrônica.

Outro gênero musical com grande importância na vida de Marcelo é o Rap. Isso porque foi um dos aspectos que o ensinou a falar inglês, em vista da curiosidade que tinha em relação às letras. Autodidata, o conhecimento obtido em entender e acompanhar as letras rápidas o levou a morar um ano em Dublin, na Irlanda, onde aperfeiçoou o aprendizado no idioma, além de vivenciar experiências e culturas distintas. Na terra onde se celebra o Saint Patrick's Day, trabalhou desde vender raspadinhas até carregar pessoas em uma bicicleta, em uma espécie de carruagem. 

Inclusive, outra paixão do publicitário é viajar, mas, é claro, sempre com o desejo de aliar a adoração por música a isso. "Queria muito fazer viagens para ir a festivais fora do Brasil, como o Glastonbury, na Inglaterra", relata, ao contar que já frequentou vários desses eventos, um hobby que tem desde mais novo.

Para além da música, já conheceu os Estados Unidos e alguns países da Europa, enquanto nutre grande vontade de ir para Fernando de Noronha. "Gosto muito de praia e natureza. Tenho aquela imagem de férias que precisamos sentar na areia, com os pés para cima, olhando o mar e tomando algo", descreve. Embora não tenha um lugar favorito, uma das cidades que mais mexeu com ele foi, devido à experiência que teve, Barcelona, na Espanha.

Todavia, em suas viagens, não aproveita a culinária norte-americana e tampouco a italiana, mas sim a japonesa. Isso porque mudou muito o cardápio nos últimos tempos. Sempre amou comer porcaria, como pizza e hambúrguer. Hoje em dia, prefere se alimentar de maneira mais saudável, uma vez que se preocupa muito "com o que coloca para dentro do seu corpo". Sendo assim, decreta: "Minha maior gula é comer sushi". 

Do Bonfa a Encol

Nascido e criado em Porto Alegre, viveu bastante tempo no Bom Fim quando era criança. Gostava muito, porque podia fazer tudo a pé e morava perto da Redenção. Segundo ele, "teve uma infância típica de criança antes do boom digital": conhecia todo mundo no bairro, tomava banho de chuva e brincava de bexiguinha. 

Como os pais se separaram quando era mais novo, tinha sempre duas casas: uma em Porto Alegre e outra em Brasília, São Paulo ou Rio de Janeiro. Isso porque o pai, Solon Lemos Pinto, é engenheiro e sócio de uma empresa de soluções em TI, que se chama Brisa, na terra da garoa. Entretanto, anteriormente, trabalhou por muitos anos na CEEE, foi diretor-presidente do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs) e vice-ministro de Planejamento na capital federal. 

Na adolescência, mudou-se com a mãe, a jornalista Fátima Torri, para perto da Encol, no bairro Bela Vista, onde jogava bola e andava de skate. Na época, aos 16 anos, ainda começou a trabalhar no que ele brinca, ao relatar que era um "a pé boy", quando entregava e buscava documentos de ônibus para a matriarca - o famoso office-boy. 

Um publicitário na Comunicação Corporativa

O trabalho na então Fatto foi apenas o começo em uma empresa de Comunicação para ele, que mais tarde se graduaria na área. Quando estava se formando no Ensino Médio, algumas campanhas publicitárias lhe chamaram atenção: desde a parte semiótica até o conceito. "Gostava muito dos jargões e slogans. Identificava-me com os amigos do meu irmão (mais velho, o psicólogo Bruno), que atuavam na área, como em relação à cultura e música", comentou, ao salientar que todos eles tinham algo em comum, o que é quase como um estereótipo do publicitário.

Durante a graduação na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), estagiou na Due Mix, onde até servia cafezinho, porque tinha como objetivo aprender sobre a Publicidade. Na agência, passou a ter discernimento sobre as diferenças e o que eram as áreas de Mídia e Atendimento, por exemplo. Ao mesmo tempo, por ser um pequeno negócio, conseguia transitar por todos os setores. "Com o passar do tempo, me interessei pela Produção. Mais tarde, acabei migrando para o Atendimento, com o qual acabei me identificando mais", relatou ele, que estava à frente de contas como Planalto e Mônaco.

Depois de deixar a Due Mix e de um ano longe da Publicidade, devido à viagem para Dublin, quando retornou ao Brasil, sentia falta de trabalhar na área e desejou voltar direto para o mercado. Foi então que procurou João Batista Melo, da Paim, que lhe ofereceu uma vaga em Planejamento. Migrou mais tarde para a Mídia e, um tempo depois, para o Atendimento, onde se reencontrou, área que acredita ser sua vocação. 

Na época, entre as contas que atendeu, estiveram Ambev, CCGL, Walmart e Vinícola Aurora. "O mais desafiador foi a primeira, porque era uma aula devido à complexidade de uma empresa grande. Nessa experiência, aprendi a lidar com situações de estresse, um aprendizado que adquiri e permeia a minha vida até hoje", aponta. Deixou a Paim em 2017, haja vista que estava com um projeto em Miami, nos Estados Unidos, o qual acabou desenvolvendo apenas em 2021. Ele consiste em um complexo multiesportivo focado no futebol, situado perto de uma comunidade latina.

"Todas essas experiências moldaram quem sou hoje. Não atuo mais com Publicidade, mas a área trouxe uma riqueza de mundo para saber gerir projetos e me ajuda muito no dia a dia", relata. Durante esse período, a mãe o chamou para testar os conhecimentos adquiridos na então Fatto Comunicação. O publicitário, praticamente um peixe fora d'água, começou mais quieto, tentando entender como era o trabalho, porém rapidamente aprendeu. "O grosso de Jornalismo e Assessoria" foi aprendendo ao longo dos anos.

Atualmente, Marcelo é quem está à frente das decisões administrativas e estruturais da FTCom. Acabou crescendo o olhar como empresário e conseguiu em pouco tempo sair da atuação com algumas contas, como Tramontina, e dar uma guinada para ser sócio. 

Grandes provações

O maior desafio, no entanto, não foi trabalhar em outra área, mas, sim, atuar em uma empresa sabendo que não seria apenas um colaborador. "Quando se entra em uma organização pronta, que já tem mais de 20 anos trabalhando com grandes empresas, é preciso ganhar e merecer o espaço", afirma. Ainda, precisou se provar ao mercado, por ser mais novo, além de ter o vínculo familiar, como filho da então diretora. 

Hoje, depois de todas as provações, decreta: "Sou realizado pelo que fiz até aqui, mas não significa que permanecerei assim daqui para frente". Por isso, não para de planejar o futuro. Além da FTCom, deseja ter um negócio em uma área completamente diferente, em vista da volatilidade do mercado de Comunicação, e imagina que esse projeto esteja concretizado até 2025.

Namora há quatro anos Fabiane Rittes, com quem também divide o lar. Inclusive, outro plano consiste em se mudar para um novo apartamento. Na lista, há também itens como viajar (muito) e, claro que não poderia deixar o lado profissional de lado: continuar se divertindo no trabalho.

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