A sala da publicitária Ana Lúcia Germani Esteves ? ou simplesmente Ana Esteves, como prefere ?, diretora de Mídia da DCS, …
30/05/2005 00:00
A sala da publicitária Ana Lúcia Germani Esteves - ou simplesmente Ana Esteves, como prefere -, diretora de Mídia da DCS, ainda está decorada com uma grande bandeira da França, que cobre todo o teto, compondo a decoração com centenas de lápis de todas as cores e tamanhos, que ela mantém sobre sua mesa. Os lápis podem ser um toque pessoal, mas a bandeira tem uma explicação. Ana completou 43 anos, no último dia 22 de abril, e ganhou uma festa temática, uma referência ao curso de Francês que ela iniciou neste semestre, para sanar a ?total ignorância sobre a língua?. O posto de diretora de Mídia da DCS, ao contrário da escolha pela profissão, não foi por acaso. Sua trajetória se confunde com a própria história da agência. Recém-formada em Publicidade e Propaganda pela Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) e com pouco mais de três anos de experiência na área, entre estágios e sua efetivação na Standard, a tímida Ana foi convidada por Antônio D????Alessandro para participar da criação da nova agência. ?Tudo começou em 2 de dezembro de 1985. Na verdade, a agência não tinha nada: eram umas cadeiras da casa do D????Alessandro e uma mesa do Beto, tudo muito improvisado. E tinha muito a ser feito, desde documentação até logotipo?, lembra. Mas antes disso, com apenas 16 anos, ela queria ser arquiteta. Se inscreveu para o vestibular e fez sua segunda opção de curso de uma forma aleatória, por acaso, escolheu a Publicidade. Não sendo aprovada em Arquitetura, resolveu cursar sua segunda opção ?para ver como era e dar um tempo naquela neurose de vestibular?. Acabou gostando e ficando. Em 1982, iniciou seu primeiro estágio, na MPM, onde conheceu D????Alessandro. Seu desejo já era atuar na área de Mídia, mas como não havia vaga disponível, entrou para o Planejamento e Pesquisa. Foram apenas três meses nesse departamento, até conseguir ser transferida para o setor que queria, onde ficou mais três meses. Seu segundo estágio foi na Standard, onde seria efetivada e trabalharia, no total, por quase três anos, também na Mídia. ?Sou mídia desde sempre, foi a parte que mais gostei na faculdade e que mais tinha a ver comigo. Acho que é porque mexe com coisas exatas?, diz Ana, explicando que gosta de tudo muito certinho, de números, de criar estratégias: ?Esse trabalho mental me interessa bastante, gosto de desafios intelectuais?. Em 1985, a publicitária resolveu apostar alto na criação da DCS, ao lado de D????Alessandro, Roberto Callage, Roberto Lautert e Hector Paulin, ?um argentino muito alto-astral?. Ela encarou como um desafio e uma oportunidade: ?Foi um marco na minha carreira, porque, a partir dali, a gente começou a construir tudo. O primeiro cliente foi a Azaléia, com o tênis Olympikus?. A empresa de calçados é, até hoje, um grande cliente da agência, deixando a publicidade de todas as suas marcas (Azaléia, Dijean, Funny, Olympikus e a licenciada Asics) nas mãos da DCS. ?É um cliente maravilhoso, sem dúvida nenhuma, é o maior e melhor trabalho que a gente teve nesses 20 anos. Não só pela força da marca, mas por toda a mentalidade que tem por trás. O Seu Nestor de Paula era uma pessoa impressionante, com uma visão incrível de desenvolvimento. Foi muito interessante o convívio direto com essa pessoa excepcional, porque são vivências assim que enriquecem a gente?, conta, acrescentando que ?foi a Azaléia que confiou e viabilizou a criação desta agência. Acho que estamos fazendo jus à confiança?. Ana relembra outras contas importantes que a DCS conquistou quando ainda estava no início de suas operações, como McDonald????s e Effem. A agência foi responsável pela implantação da rede de lanchonetes na Região Sul. ?Foi um trabalho muito bacana e marcante. Aprendi muito sobre mídia com o McDonald????s, porque eles tinham uma tecnologia muito avançada, vinham dos Estados Unidos dar cursos, explicar a metodologia que usavam?, relembra. Já com a Effem, a agência lançou o conceito de alimentos para animais domésticos no Brasil. ?O único produto que tinha aqui era o Bonzo. Então, foram lançados vários outros: Frolic e Pedigree Champ, para cachorros, Whiskas, para gatos, Trill, para pássaros? E ainda havia a parte de
human food, com o arroz e os molhos Uncle Bens?, explica. A DCS permaneceu atendendo às marcas durante uns 10 anos e, hoje, são todos produtos bem conhecidos no mercado. Um dos pontos altos da carreira de Ana foi também quando começaram as discussões sobre o Mercosul. Não existia nenhuma pesquisa de mercado sobre a mídia dos países que compunham o bloco e Ana foi enviada à Argentina, para preencher esse vazio. ?Os clientes queriam saber como poderiam anunciar lá, então passei uma semana em Buenos Aires, me reunindo com os principais veículos de comunicação. Consegui montar uma radiografia do mercado argentino?, recorda. Hoje, quando um cliente necessita anunciar no exterior, a agência conta com a parceria do grupo JWT, do qual é associada. ?Quando precisamos, acionamos ????La Red????, como chamo. Tramontina e Azaléia são os clientes com mais necessidades de anúncios lá fora?, conta. Reuniões fazem parte da rotina da publicitária. Às vezes são cinco ou mais por dia, tanto com veículos como com clientes. ?Atendemos muitas contas fora de Porto Alegre, então quando vamos visitar um cliente é uma viagem, pode levar algumas horas ou um dia inteiro?, explica. Ela diz que momentos de folga são raros. O trabalho começa por volta das 9h e não tem hora para acabar. Por isso mesmo, suas férias são sagradas. ?Todo mundo precisa tirar uns 30 dias e aproveitar ao máximo. Primeiro, para descansar e, depois, para conhecer outras coisas, ter outras referências. Se a gente fica sempre fazendo as mesmas coisas, nos mesmos lugares, vai empobrecendo?, acredita. Nas suas últimas férias, Ana foi para o arquipélago Fernando de Noronha e as próximas já têm destino certo: a Europa. ?Nunca fui à Europa e pretendo conhecer a França, para treinar meu francês?, diz, contando que também pretende ir a Portugal e Espanha. Quando está em Porto Alegre, gosta mesmo é de ficar em seu apartamento, onde mora com suas duas gatas - Lola e Guadalupe - e cultiva árvores frutíferas. Por enquanto, são uma pitangueira e uma jabuticabeira, que embora sejam pequenas, Ana afirma que dão frutos. Sua próxima aquisição deverá ser um limoeiro, ela também gostaria de ter um butiá, mas ponderou que seria inviável num apartamento. Outro lazer caseiro é a leitura. Ana também está tentando adequar sua rotina à de seus pais, que, depois de uns 15 anos vivendo na praia, resolveram voltar à Capital. Para o futuro os planos são viajar, não apenas de férias, mas para ter um contato maior com seus colegas de outros países, em outras associadas da JWT: ?É um mundo tão rico de informações, devemos aproveitar mais isso. Esse é um dos meus objetivos, que pretendo alcançar em breve?. Outro objetivo, ainda sem prazo para conclusão, é um mestrado, na área de Administração ou Comunicação. Prestes a completar 20 anos de DCS, Ana se orgulha do trabalho que construiu na agência. Recentemente, foi lançado o ????Mídia 360º????, um panorama da mídia brasileiro realizado pela DCS. ?O mercado mudou muito nos últimos anos na área de mídia. Houve uma revolução. Antes tínhamos quatro mídias básicas: TV, rádio, jornal e externa. Agora, há uma diversidade de opções. Temos que ficar sempre acompanhando essas mudanças?, diz. E às pessoas que acham que se manter tanto tempo numa agência é ?acomodação?, a publicitária responde: ?Sei que tem gente que estranha, mas isso não me incomoda, porque o que importa não é o lugar, e sim o espírito e a determinação para as coisas. Acho que é possível se acomodar até em ficar mudando de emprego a toda hora. A inquietude e a vontade de fazer as coisas irem para frente independem de onde se está, é uma coisa que está dentro da gente. Tento estimular essa inquietude e essa vontade aqui na DCS, para que a equipe perceba que a rotina pode ser igual, mas os desafios e as necessidades são sempre diferentes?.