A ascendência alemã condiz muito bem com seu jeito de ser. Como ele próprio diz: "Sou bem alemão, pragmático e frio". Foi assim, com muito determinismo e dedicação, que Valdir Loeff, 53 anos, conseguiu construir uma carreira sólida. Migrou da área de administração para a de publicidade e hoje, olhando para trás, admite não se arrepender do caminho que escolheu. Seriedade e disciplina são as principais características deste empresário porto-alegrense, que há 17 anos fundou e comanda uma das principais agências de propaganda da capital, a SLM Ogilvy. Antes mesmo de se formar em Administração de Empresas na PUCRS, em 1975, Valdir já atuava na área de especialização que escolhera, a de Recursos Humanos. O primeiro emprego foi na empresa Unesul Transportes, em 1971. Dois anos depois, assumiu a gerência de Recursos Humanos na Sulbrasileiro Crédito Imobiliário, onde trabalhou até 1977. No mesmo ano, começou a trabalhar na DHB Indústria e Comércio também como gerente de RH. Em 1981, decidiu sair da DHB para assumir a diretoria executiva do sistema público CEAG/IDERGS, que, com a privatização, foi transformado no atual Sebrae-RS. Em 1984, foi convidado para atuar como diretor executivo na Fiergs. Paralelamente, Valdir também trabalhava como chefe do gabinete do Banco Meridional. Já em 1987, Valdir resolveu dar um outro rumo para sua vida profissional: deixou de atuar na área de administração para abrir seu próprio negócio, a agência de propaganda SLM Ogilvy. A idéia surgiu juntamente com os amigos e ex-sócios Günter Staub e Laerte Martins. "Tínhamos um relacionamento antigo e nós três achamos que aquele momento era a oportunidade de nos associarmos e fundar uma agência. Na sociedade, eu atuava como administrador, o Günter como consultor de marketing, e o Laerte era o publicitário da equipe. No início, meu papel era mais administrar, porém tomei gosto pela publicidade e fui me envolvendo cada vez mais", conta. Valdir continua diretor da SLM, agora acompanhado de outros três sócios: Luciano Leonardo, diretor de criação, Lúcia - com quem é casado há 27 anos -, diretora financeira, e Gilson Storck, diretor operacional. Ao fazer uma retrospectiva de sua trajetória profissional, Valdir destaca que se sente muito satisfeito com a escolha, graças ao enriquecimento profissional que a publicidade lhe proporcionou. "A publicidade é muito estimulante, os desafios nunca são os mesmos, a gente não tem um problema igual ao outro. E isso é enriquecedor", destaca. A vela Conciliar trabalho e família é tranqüilo para Valdir, já que convive com Lúcia praticamente o dia inteiro. Porém, ressalta que os dois separam muito bem as questões de trabalho e casa. Nela, é proibido falar dos negócios, e no trabalho não se fala de casa. "É a maneira como eu enxergo para manter este relacionamento duplo, sem causar muita confusão", explica. Seu dia-a-dia nunca é igual. Aliás, ele afirma que essa é uma das boas características da área de publicidade, "não ter uma rotina de trabalho". Mas em casa, ele não deixa de lado um velho hábito: todos os dias, pela manhã, toma café e lê os jornais concomitantemente. "Não consigo ler os jornais sem estar tomando café", revela. O dia termina após a prática da ginástica na academia, atividade que faz sempre após o expediente de trabalho, obrigado por orientação médica. Uma de suas paixões e o mais preferido dos hobbies, a prática de vela, teve que ser "deixada de lado" devido a problemas de saúde causados pelo esporte. "Comecei a velejar com 14 anos e parei o ano passado, quando achei que era hora de me demitir, ainda com alguma dignidade", diz com ironia. Hoje, sente muita falta de velejar, mas contenta-se em curtir e torcer para a filha Letícia, de 23 anos, que assumiu seu lugar no barco Catamarã. Além da vela, Letícia também quis seguir os passos do pai na carreira profissional, cursando Administração de Empresas. Nas horas de folga, confessa que gosta de cozinhar e ler. Cozinha somente pratos salgados e sua preferência é frutos do mar. Valdir faz questão de dizer que cozinha para si e não para os outros: "Eu cozinho para o meu prazer, obviamente que a família e os amigos participam". Na leitura, o empresário não nega que é um leitor voraz e eclético, pois chega a ler cinco livros ao mesmo tempo. Valdir também gosta de escutar música enquanto lê. "Gosto de tudo, música clássica, popular, MPB e jazz", diz. Como viajar é outro lazer predileto, Valdir está sempre planejando passeios com a família. Porém, salienta que não gosta de seguir roteiros, preferindo curtir um lugar de cada vez, sem programar. Entre as muitas viagens já realizadas, destaca as visitas a Paris e a Cuba. O cinema também é passatempo para Valdir. "As vezes eu tenho preguiça de ir ao cinema, daí eu assisto DVD em casa". Timidez vencida Valdir considera-se um "sujeito muito leal", ressaltando que a amizade e a lealdade são algumas de suas qualidades. Admite ser tímido e afirma que tenta vencer esta timidez no dia-a-dia, com determinação, coragem e, principalmente, ao enfrentar os desafios da vida. Tamanha é a timidez, que resiste em contar a principal peripécia de sua juventude, a de ser "leader" de uma banda cover dos Beatles, durante os anos de 1965 a 1967. Ele tocava guitarra e fazia a principal voz da extinta Dom Pallas. "Ainda hoje, depois da segunda dose, quando alguns de nós se encontram, a gente fica pensando em retomar. Mas acho que a música perdeu este talento para sempre", comenta. Os defeitos? "Isso, eu deixo para os outros falarem", brinca. Em uma auto-avaliação, Valdir acredita que, às vezes, seja um pouco ambicioso, o que não considera um defeito, já que a característica vem sempre na medida e hora certa. "A construção da sociedade está baseada na ambição das pessoas. Tem que ter, pois ela move o mundo", diz. Como planos de futuro, o empresário garante que não almeja nada além do que todos querem: ser bem sucedido, construir e fortalecer os negócios. "Como acho que sou um cara bem resolvido e estou satisfeito pessoal e profissionalmente, eu não faço grandes planos e fantasias para o meu futuro", afirma. Para Valdir, um dos segredos da vida é olhar atentamente para a realidade com uma visão crítica. "Eu, além de ser muito crítico, vivo em um permanente processo de autocrítica. Isso contribui muito para o meu desenvolvimento pessoal. Talvez por isso, eu enfrente a vida com muito realismo e pragmatismo", conclui.