Tomás Adam: Elegante e introspectivo

Pode até não parecer, mas o jornalista é intenso no que faz, mas encara a vida com leveza e serenidade

Tomás Adam, sócio da Critério - Resultado em Opinião Pública - Karine Viana

Talvez poucos definiriam Tomás Adam como uma pessoa intensa. De fala calma, quase sem oscilações no tom, risadas discretas e uma delicadeza elegante, um dos sócios-fundadores da Critério - Resultado em Opinião Pública tem um jeito simples de ser e viver.

À primeira vista, não parece o tipo que aproveita ao máximo cada minuto. Porém, essa é uma visão equivocada, ou, no mínimo, superficial. Passando muito longe do simplório ou apático, ele vive cada instante com presença e dedicação.

Intenso, segundo o dicionário Michaelis, é aquele que se manifesta em alto grau, ou, ainda, o som tornado forte pelas ondas sonoras de grande amplitude. Tudo a ver com Tomás, que do "alto" de seus apenas 32 anos, considera-se a "alma velha" do quarteto que forma ao lado de Cleber Benvegnú, Rafael Codonho e Soraia Hanna no comando de uma das mais respeitadas empresas de Comunicação do Rio Grande do Sul.

O primogênito do casal João Carlos Adam e Ivoni Schneider Adam nasceu em uma terça-feira de março de 1989, em Gramado, na Serra Gaúcha. Cinco anos depois, ganhou um irmão, Rafael. O pai já trabalhou como empresário, além de ter sido vereador e de ter atuado como secretário municipal. Já a mãe teve mais experiência como lojista. Hoje, ambos são aposentados.

O irmão também foi eleito representante da população de Gramado, tirando do pai o título de vereador mais jovem já eleito na cidade. A política, de certa forma, rondava Tomás. Mas foi a arte que fascinou o menino introspectivo, que aprendeu a ler muito cedo e encontrou na escrita a forma de materializar seu dom para o belo. 

Entre livros e música

"Nunca joguei bola na rua, nunca machuquei o joelho, sempre fui caseiro. Comecei a ler com três, quatro anos. Eu era obcecado pelos gibis da Turma da Mônica", conta. Com carinho, fala da infância em um bairro residencial, cercado pela natureza serrana e pela tranquilidade de uma cidade que mescla passado e presente, arquitetura e natureza, bucolismo e grandes eventos.

Dessa fase, lembra-se especialmente da relação familiar. Para ele, o gosto pela leitura tem raízes justamente nos finais de semana com os primos, que, por serem mais velhos, já sabiam ler. Outra característica que veio do lar é a música. O avô materno toca saxofone e, hoje, todos da família se expressam por meio de algum instrumento. "A gente ouvia muita música e cultivou esse olhar artístico muito forte. Esse gosto pelo estético me marca até hoje", destaca. "É muito engraçado porque meu filho, com 2 anos e 9 meses, é a criança mais musical que eu conheço, é fora do comum e vem muito desse ambiente", acredita. 

Assim, entre leituras, natureza e família, Tomás passou a infância e a adolescência. Na juventude, não mudou muita coisa. Apenas foi crescendo dentro dele a vontade de morar em uma cidade maior, com uma oferta cultural mais ampla. E, claro, quando se começa a pensar em carreira, leva-se em consideração as possibilidades do mercado em oferecer oportunidades. Aos poucos, foi se consolidando a ideia de morar em Porto Alegre, cidade para qual se mudou aos 17 anos, para cursar Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Um alfaiate do texto

A leitura sempre foi refúgio, diversão. Logo, pensou que exerceria uma atividade mais intelectual. "Mesmo criança, nunca achei que ia ser jogador de futebol. Certamente, passaria fome", brinca. Aos poucos, o senso estético foi se tornando uma característica intrínseca à sua personalidade, o que, de certa maneira, o levou ao Jornalismo. Como sempre foi um amante das artes, da música e da literatura, percebeu que era por meio da escrita que melhor conseguiria canalizar seu modo de perceber o mundo, apesar de também gostar de música. Hoje, toca violão, guitarra e piano.    

Ao contrário de muitos que buscam no que um dia foi o "quarto poder", a dinâmica das coberturas ao vivo, os furos de reportagem e o imediatismo, Tomás sempre quis "apenas" escrever bem um texto. Isso, para ele, significa construir uma narrativa bem encadeada, elegante e com ritmo. "Leio um texto e entendo se aquilo é um estudo de Bach ou um jazz pop. Acho que todo o texto, até mesmo um slogan, tem um ritmo. Precisa ter um início, um meio e um fim bonito", defende.

Uma curiosidade que ajuda a ilustrar quem era o Tomás de 18 anos é que na época da faculdade era bem metódico: jantava sempre a mesma coisa, na mesma mesa, e usava sempre os talheres da mesma cor. E nem se tratava de alguma supertição, ou de um cardápio excepcional (era frango, arroz e batata frita): "Eu não classificaria isso como um transtorno compulsivo, mas quase", admite, em um raro momento de sorriso aberto.

Atualmente, não pensa em fazer outra graduação, mas, se pudesse voltar no tempo, áreas como Economia e Música chamam atenção. "Parece conflitante, mas não é. Tanto uma quanto a outra têm a capacidade de olhar o caos e fazer disso algo mais coeso e harmônico", explica.

Uma doce harmonia

Tomás é casado há cinco anos com Andressa. Juntos, têm um filho de dois anos e nove meses que, "com certeza, é o menino mais lindo do mundo". E aqui novamente o olhar estético entra em cena. Andressa é formada em Moda, um assunto que Tomás também admira. Além disso, compartilham gostos parecidos sobre cinema, música e literatura. Não tinha como dar errado. Assim, o relacionamento se desenvolveu e a paternidade se tornou algo natural. "Ser pai, sem dúvida, é a experiência mais rica da minha vida e que dá sentido a tudo que eu faço", derrete-se ao comentar sobre Benjamin.

"Tem um pensador que eu gosto muito, que diz que o amor é uma doce harmonia. E acredito muito nisso", revela, completando: "Vejo a união com a minha esposa e com meu filho como algo que realmente dá ao nosso cotidiano essa doce harmonia, que é cheia de afeto e sorrisos. E isso é algo que se conquista. Nem todos os dias são fáceis, mas a gente busca manter essa harmonia", esclarece. Para ele, talvez esse seja o seu maior desejo, especialmente para o Benjamin: manter o contexto, dar a ele essa casa cheia de amor.

No fim de 2020, depois de muito tempo em casa, em Porto Alegre, em função da pandemia, o casal planejou passar um mês em Gramado com a família. "Aí começamos a ver o Benjamin na rua, curtindo os avós, vivendo a cidade, e tomamos a decisão de nos mudarmos para cá. Ainda temos o nosso apartamento na Capital, conforme as demandas de trabalho vamos algumas vezes. É o nosso posto avançado", comenta.

Hobbies

Vinho, família e uma boa janta são a combinação perfeita para Tomás. Com música, então, o programa fica completo. "Sempre gostei muito de gastronomia, de ir a restaurantes e cafés", detalha. Quando morava na capital gaúcha, os finais de semana eram dedicados a Concertos da Ospa e visitas a museus. Hoje, quando sai de casa, opta por caminhadas e passeios de bicicleta.

Atualmente, os momentos de lazer envolvem ler, desenhar com Benjamin e cozinhar. Adora passar horas envolvido nisso, ir ao mercado, comprar os itens necessários e preparar tudo com carinho. No cardápio, nada muito complexo, mas muito bem feito e com bons ingredientes. "Um pouco desse jeito italiano de cozinhar", tenta explicar.

Na Literatura, prefere os livros de ficção que sejam de alguma forma um modo de observar o comportamento dos grupos sociais, como se fosse uma mosquinha vendo o dia a dia de uma família. "Todos os autores que gosto, de alguma maneira, fazem isso", comenta. Dos nomes nacionais, Nelson Rodrigues, Lima Barreto e Machado de Assis se destacam. Em relação às obras jornalísticas, Paulo Francis é o queridinho. Além disso, vem estudando a filosofia Estoica.

Se o assunto é a sétima arte, Woody Allen entra em cena, mesmo que ache que ele perdeu a mão nos últimos anos, mesmo assim, um filme mediano do diretor é melhor que 99% dos outros, na sua opinião. Já na música, prefere jazz, clássica e bandas alternativas inglesas e estadunidenses, mas garante ter um gosto bem diversificado.

Presença

Se tem algo fundamental para Tomás, isso é a simplicidade. "É algo do qual não abro mão. Aprendi a olhar o entorno e ter uma visão de respeito, não achar que alguém é melhor ou pior pela posição em que está ou pelo dinheiro que tem. Isso não interessa, mas, sim, o que as pessoas trazem de princípios", defende.

Sabe qual é o seu maior desejo hoje? Fazer um bom jantar para sua família, com todos em harmonia, ouvindo música. Depois que o filho dormir, lavar a louça e bem lavada. Se fazer presente em cada pequena ação do dia e buscar o melhor é uma característica marcante do jornalista, tanto na vida pessoal quanto profissional. "Esse também é um valor na Critério. Buscamos fazer bem feito tudo a que nos propomos, seja uma planilha, atender a um cliente no telefone ou resolver alguma crise. Fazemos com carinho e intenção, estando presente", afirma.

Assim, ele acredita que naturalmente todos os sonhos, desde uma bela casa até a expansão da empresa para outros estados, acontecerão de forma natural. "Eu realmente acredito nisso e sou muito abençoado em ter os sócios que tenho, pois eles acreditam também. Por isso funciona tão bem, cada um com a sua característica, contribuindo com suas expertises, conhecimentos e se unindo no que é essencial", afirma.

De estagiário a sócio

Tomás brinca que sua área profissional no Linkedin não é muito extensa. E nem poderia ser. Antes de ser sócio da Critério, teve apenas experiências como estagiário. Para ele, isso é algo muito positivo. "Se me fosse dada a oportunidade de escolher trabalhar ao lado dos meus sócios pelo resto da vida, eu toparia. A gente tem muita convergência, nos complementamos. Sou muito grato por ter encontrado eles no início da careira", dispara.

Para ele, o momento mais importante da empresa é hoje, em cada pequena coisa que fazem bem feito. "Sou uma pessoa muito realizada. Claro que eu tenho sonhos, mas não acordo todos os dias pensando em trabalhar para juntar dinheiro. Gosto de viver o agora, de estar presente. É isso que me faz estar realizado", finaliza.

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