Bira Valdez: Um lutador

A adoração por voar alto vem de muito tempo. Tanto na carreira profissional como no seu dia a dia

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A adoração por voar alto vem de muito tempo. Tanto na carreira profissional como no seu dia a dia. A vontade e o entusiasmo pela aviação caracterizam uma pessoa que busca sonhos cada vez mais altos. É assim o diretor-geral da Rede Bandeirantes no Rio Grande do Sul, Ubirajara Valdez. Carioca, ele chega aos 48 anos preparando-se para comemorar três décadas de atividade na área da comunicação. Junto com a autorização para pilotar aviões, Bira, como é conhecido por todos, quer ver as emissoras da Band consolidadas na segunda posição entre os maiores grupos de comunicação no Estado, "um lugar que realmente pertence a quem tem uma história como a nossa".

O caminho para chegar ao atual posto começou em São Paulo, onde trabalhou na Jovem Pan AM, "uma das melhores "escolas" de jornalismo", como classifica. Foi lá que viveu aquela que considera uma das mais importantes ações na área do jornalismo, trabalhando com figuras como Fausto Silva, Osmar Santos e Milton Neves. Nesses primeiros anos de profissão, Bira também pôde experimentar aquela que se tornaria a sua experiência mais marcante na vida de jornalista: a cobertura do incêndio no edifício Joelma, em São Paulo, em 1974, no qual dezenas de pessoas morreram. "Infelizmente, foi numa tragédia com aquelas proporções que tive a possibilidade de saber o que realmente significa o jornalismo e como a prestação de serviços torna o rádio um dos meios de maior penetração na vida de uma população", avalia.

Família e sabedoria

Casado pela terceira vez, Bira Valdez tem nas filhas Paula Valdez, de 22 anos, e na pequena Vitória, de 3 anos e filha da atual esposa, Ana Paixão Cortes, um compromisso gostoso com a vida familiar. "Não sou uma pessoa de muita festa, escolho a dedo os eventos dos quais participo", argumenta, já que o corre-corre diário e as atribulações administrativas precisam ser compensados. Para isso, nada melhor do que o descanso nos finais de semana com a família, ouvindo música e pensando em assuntos que, de preferência, não tenham a ver com trabalho.

Um local mais do que apropriado é a cidade de Canela, refúgio quase semanal do casal. "Quando consigo tempo, tento manter a forma em animadas partidas de tênis", acrescenta. Também é em casa que gosta de reunir amigos e de se esmerar na produção de experimentações culinárias. "A minha preferência são os peixes, principalmente o salmão e seu sabor requintado, mas não deixo de lado um saboroso churrasco, regado com um bom vinho e bate-papo com os amigos."

Artista de teatro "de carteirinha", Bira Valdez diz ter pouco tempo para dedicar à atividade artística. "Gosto de ouvir música em casa, principalmente clássicos, e tenho pensado em fazer algum tipo de curso na área da pintura, mas os horários pouco ajudam", diz o diretor da Band. A emoção por voar, no entanto, é uma exceção: "Tenho buscado voltar a praticar esse hobby, iniciado há tempos, mas que tive de deixar de lado, e, agora, tento retomar", salienta. Para Bira, a convivência com os amigos do Aeroclube do Rio Grande do Sul traz bons ensinamentos. "Lá, existe muita responsabilidade em jogo, o que faz com que a gente aprenda a ser líder e esteja sempre atento a tudo o que é feito", sentencia.

Na área da literatura, o jornalista se classifica como um rato de biblioteca, que está em dívida consigo mesmo, uma vez que "compro mais do que consigo ler e pelo menos 30% dos livros da minha biblioteca estão me esperando para serem saboreados". Dentro dessa área, a sabedoria instalada nos livros do Dalai Lama foi uma feliz descoberta. Bira diz preferir os autobiográficos, sem dar atenção aos fenômenos editoriais da auto-ajuda. "Antes do Dalai, havia terminado de ler uma biografia do Che Guevara", recorda.

Socialismo e voluntariado

A política e a economia passam diariamente pela vida do jornalista Bira Valdez, especialmente durante a hora e meia em que senta ao lado dos colegas Felipe Vieira e Afonso Ritter para o tradicional Jornal Gente, da Band AM. Por isso, tem posição clara sobre o momento difícil vivido pelo País e aqui no Rio Grande do Sul "devido às incertezas e ao clima de peleia que existe entre as forças que se opõem na política gaúcha". Mesmo assim, considera que o Estado perdeu oportunidades. Para ele, o governo anterior mostrou os claros objetivos que tinha, da mesma forma que a atual administração também sinalizou suas intenções, "mas não está conseguindo implantar suas propostas".

Bira se diz um socialista que admira pessoas como o senador Roberto Freire e o deputado Bernardo de Souza, embora não mostrando uma identificação única com o PPS. Outra pessoa a quem presta homenagens é o jornalista Fernando Vieira de Melo, um dos criadores do estilo do melhor radiojornalismo feito no Brasil, implementado pela própria Jovem Pan, "onde a prestação de serviços tem destaque especial". Dentro dessa ideia, Bira reafirma a intenção de manter a Band RS com um trabalho na área de voluntariado que ele próprio quer tocar, também, como cidadão. Essa intenção é um dos pilares para o seu projeto de melhorar o posicionamento da rede dentro do ranking da comunicação no Estado: "Com maior penetração e crescimento nos índices de audiência, o bolo publicitário aumenta e a rentabilidade proporciona a perspectiva de investimentos".

Para chegar aos resultados que espera, ele tem como filosofia o exercício da dignidade e da perseverança, "o que faz a pessoa tornar-se um bom profissional, que pode encarar as coisas de peito aberto, conquistando sem ter de pisar em ninguém", diz. Mas, para atingir o sucesso, entende que uma boa dose de sorte também vem a calhar: "Estar no lugar certo, na hora certa, com a habilidade de visualizar e antecipar ações, ajuda, com certeza".

 

Nota da Redação: Bira Valdez faleceu em 23 de junho de 2005.

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