Tulio Milman: Um pai coruja e de primeira viagem

Mesmo não parecendo, ele se considera uma pessoa muito tímida

Tulio Milman - Reprodução

Mesmo não parecendo, ele se considera uma pessoa muito tímida. Um pai coruja e de primeira viagem, um amante da profissão. E, na opinião de muitas mulheres gaúchas, um colírio nas noites de domingo, quando aparece no vídeo para apresentar o Teledomingo, da RBS TV. Este é Túlio Milman, um jovem que, aos 36 anos, já se acha um veterano por ser o comunicador mais antigo da TVCOM. "O Lauro Quadros cobriu a festa na frente do prédio, o Mendelsky inaugurou o estúdio do Morro Santa Tereza e eu inaugurei o estúdio da Zero Hora. Com a saída dos dois, fiquei eu sendo o mais velho fundador que ainda está no ar".

Apesar da influência do pai - o advogado Gildo Milman, que foi locutor de rádio e chegou a ser sócio de uma emissora -, Túlio nunca sonhou em ser jornalista. "Sempre gostei muito de escrever, mas quando chegou a hora do vestibular, não sabia direito o que eu queria. Optei pelo jornalismo em respeito a uma inclinação, não como uma vocação ou um sonho". Plenamente realizado e desfrutando de um excelente momento profissional e pessoal, conseguiu conciliar prazer com trabalho. "O que eu mais gosto na profissão é a possibilidade de encontrar pessoas, visitar lugares e ter sensações que eu não teria se não fosse pela condição de jornalista. É isso que me fascina: ser uma espécie de penetra consentido."

O útil e o agradável

Sua primeira reportagem foi publicada em um jornal da comunidade judaica, ao voltar de Israel, onde fez um intercâmbio aos 17 anos de idade. "Na faculdade, fugia de televisão e de rádio, gostava era de escrever." Ainda sem saber direito o que queria após a formatura, resolveu ir para Barcelona fazer pós-graduação em Recursos Humanos. E foi lá que tudo começou. A cidade estava se preparando para sediar as Olimpíadas de 1992, e ele resolveu aproveitar a oportunidade para procurar uma colocação profissional. "O Paulo Sérgio Pinto, que na época era diretor comercial do Correio do Povo, me abriu a possibilidade de enviar reportagens para o jornal. Comecei a escrever como frila e fui contratado dois meses antes da abertura dos Jogos para fazer toda a cobertura".

De volta ao Brasil, foi convidado para integrar a equipe de José Barrionuevo, então editor de política do Correio. Três meses depois, os dois mudaram-se para a Zero Hora, onde Túlio atuou como assistente interino e editor-assitente de política. "Com a fundação da TVCOM, comecei a fazer comentários direto da redação, acumulando os dois veículos durante um tempo. Até que veio uma proposta boa para ficar só na TV, e assumi o comando do Estúdio 36". Depois surgiu o Teledomingo, e o fim de semana de folga ficou mais curto. Mais recentemente, começou também a atuar em rádio, fazendo comentários ao vivo no Gaúcha Hoje.

Além de atuar nos veículos da RBS, a experiência como entrevistador o fez identificar um grande nicho no mercado. Há pouco mais de um ano, Túlio vem desenvolvendo uma atividade complementar, ministrando cursos de media training para executivos, políticos e profissionais liberais. "Percebi que as pessoas erravam em coisas muito banais, porque as escolas de Administração, Direito, Medicina, Engenharia não ensinam a se relacionar com a opinião pública". O curso realizado em parceria com a Universidade Sebrae de Negócios teve resultados surpreendentes. "Eu esperava chegar onde estou hoje daqui a dois ou três anos em termos de crescimento e de procura pelo produto".

Oh! Internacional que eu vivo a exaltar

Quando tem folga, aos sábados, aproveita para ficar com a família. "Não gosto muito de badalação pública, em grandes eventos sempre fico acuado, tenho uma certa fobia a multidões". Casado há quatro anos com a defensora pública Fernanda Knijinik Milman, atualmente está encantado com a paternidade. "É a experiência humana mais completa e gratificante pela qual já passei na minha vida", derrete-se o corujíssimo pai de Camila, de quatro meses. As atenções para a mais nova integrante da família Milman são divididas com a leitura e as partidas de tênis, que funcionam ao mesmo tempo como esporte e terapia. "Sou viciado na endorfina do esporte, acho muito importante extravasar a agressividade de forma saudável, é relaxante".

Também gosta de futebol, mas prefere torcer. Segundo ele, a história do time do coração se mistura com as origens de sua família. Ao chegar ao Brasil após sair de um campo de concentração onde passou um ano, seu avô materno foi procurar um time de futebol para torcer. Naquela época, os clubes eram muito fechados e, por ser judeu, não foi bem-vindo no Grêmio. "Então ele foi para o Inter, que era o clube do povo", conta Túlio, citando de memória o fragmento da ata de fundação do Clube, referente à escolha da cor do uniforme do time: "O vermelho igual ao sangue que corre igual nas veias de todos os homens".

E foi também o sangue que transmitiu a paixão do avô para os seus descendentes. "Até hoje eu vou ao estádio com meu pai e meu irmão e sentamos sempre no mesmo lugar". O futebol tornou-se um pólo de convergência familiar, um assunto constante com grande carga afetiva. É assim, Túlio demonstra ser uma pessoa sempre afetiva e se considera mesmo um tímido. Nem tanto, pois, além da experiência de entrevistador, mostra-se muito à vontade na condição de entrevistado - a ponto de ressaltar que gostaria mesmo de conversar mais: "Eu passo o dia entrevistando outras pessoas, fico honrado quando alguém me entrevista".

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