Vera Peres: Segura de si

Publicitária apaixonada por trabalhos em vidro confidencia o amor por cachorros, pelo afilhado Francisco e pela Fórmula 1

Vera Peres - Divulgação/Arquivo pessoal

A filha única do comerciário aposentado Abraão Carvalho Peres e da dona de casa Rosa Maria de Oliveira Peres é uma leonina de juba curta. Apaixonada por cachorros e por Fórmula 1 (F1), a gerente de Mídia da Centro, Vera Peres, nasceu no inverno, em 4 de agosto de 1963, em Porto Alegre.

Da infância, recorda que vivia com os joelhos estourados, sem tampão, e a testa sempre com galos e manchas roxas, pois era bem bagunceira e aproveitava muito o pátio da antiga casa na Rua Moura Azevedo, zona norte da Capital. No local, tinha galinheiro, horta, patos e cachorros. Após se mudar para a casa que vive até hoje, no Jardim Sabará, além das plantações, passou a criar bichos, como coelho, caturrita, periquito, tartaruga e peixes, além dos muitos cachorros, com nome de pilotos de F1 e que considera membros da família. 

Há um ano, uma "vira-latinha muito sem vergonha", chamada Lella Lombardi, de três anos, é quem está completando a família. O nome é referência a uma italiana que pilotou nos anos 1970 e até hoje foi a única mulher a conseguir pontuar em Fórmula 1. "Ela é uma cadela empoderada, pois tem o nome da única mulher que até hoje conseguiu furar o bloqueio masculino deste esporte", orgulha-se.

Mas é extremamente emocionada que Vera conta que ainda está se recuperando da perda do Kimi Räikkönen, um vira-lata, a quem se refere como um pequeno bebê de 40 quilos, muito comportado e com quem confessa que teve uma relação muito profunda e sente muita falta. Afinal, foram 11 anos de convivência.

Surtos de transformação

Solteira e feliz, brinca que agora tem três filhos, o pai, a mãe e a cachorra. Mas os olhos brilham mesmo e ela se derrete em elogios quando fala do afilhado Francisco, de oito meses, que é filho dos colegas de trabalho e amigos Yuri Lopardo e Niruana Satie. "Ele é um bebezinho lindo, de olhos azuis, maravilhoso, simpático e sorridente, que é minha prioridade", admite.

Nos dias de folga, gosta de ir ao cinema, ler livros e ir ao Beira-Rio assistir aos jogos do time do coração, o Internacional. Aprendeu a gostar de futebol com o avô materno, Oscar. Diz que ter alguém ou não para acompanhá-la nestas atividades não a impede de fazer o que tiver vontade. Tanto é que, quando se trata de mais uma das suas paixões, as viagens, adora viajar sozinha e até prefere, pois é uma "rata de museu" e, por ser metódica, gosta mais de estar sozinha nestes momentos. E se tem algo que Vera não aprecia é o calor e o verão, tanto que, sempre que possível, foge para algum lugar que tenha frio nesta época do ano.

As leituras preferidas são crônicas, biografias, história, história da arte e revistas em quadrinhos, além de publicações da escritora Claudia Tajes e de literatura brasileira e de automobilismo. Já a sétima arte é destacada por ela com os filmes originais do Syfy, Chat Noir, Marvel, DC, Disney e Pixar. De música, o que ela não suporta são as duplas de sertanejo e sertanejo universitário. Já o rock dos anos 60, 70, como Led Zeppelin, Beatles, Rolling Stones e Queen, faz parte da sua playlist, assim como blues, música erudita, flamenco, MPB clássica, samba de raiz e bandas de rock nacional.

Em termos de gastronomia, a culinária italiana é destacada por ela, assim como a comida da mãe, arroz, feijão, bife à milanesa e maionese batida na xícara. Já nos churrascos com a turma de amigos publicitários, ela faz um sensacional papo de anjo, com cobertura de nozes caramelada e um mousse, "que é de respeito." Às vezes, Vera tem também uns surtos de transformação, de trocar todos os quadros da parede, de moldura e lugar e de mexer nas coisas e reordenar tudo.

Destaca que gosta de fazer trabalhos manuais porque é algo que, para ela, descansa a cabeça e que, atualmente, tem uma atividade com trabalhos com vidros fundidos, uma técnica de trabalhar com chapas de vidro que já vem pronta da indústria e se reprocessa. Já fez de quase tudo em artesanato, mas não se acertou muito. O vidro, de tudo o que já tentou realizar, foi o que mais gostou e se identificou. "Uma matéria-prima totalmente reciclável e que tu nunca vai ter uma peça igual à outra", explica. 

Satisfação

Formada em Publicidade e Propaganda pela PUC, teve uma época em que pensou em cursar Veterinária, porém não conseguiria lidar com o sofrimento dos bichos. Chegou, inclusive, a cursar Biologia na Ufrgs, mas tomou uma decisão consciente em largar e optar pela Comunicação.

Em 1985, quando se formou, queria ser redatora. Passou por algumas agências pequenas, que já nem existem mais, em que fazia de tudo um pouco e começou a gostar de Mídia. Mas foi quando trabalhou na Agência Boa Nova, em 1993, que começou a se direcionar especificamente para a área. No local, anos depois, assumiu o Departamento de Mídia. Atuou ainda por quatro anos na Agência Norton que, em Porto Alegre, era comandada por mulheres, e também teve duas passagens pela Competence e Upper.

Em 2003, ingressou na DCS, local em que ficou por 10 anos e que destaca como sua maior experiência profissional. Lá, realizou feitos que jamais imaginaria, comprando praticamente todos os grandes projetos nacionais da Rede Globo. Foi uma experiência extremamente rica, pela qual Vera tem um enorme carinho e diz que teve uma vice-presidente de mídia, a Ana Esteves, maravilhosa e que fez grandes amigos - estes, inclusive, revela que trouxe para vida. "A DCS foi, com certeza, uma página marcante no mercado gaúcho, por tudo o que se fazia lá dentro e pelos profissionais que trabalhavam lá. Foram 10 anos muito felizes, maravilhosos", relembra. Há cinco anos atuando na Centro, que tem como foco o mercado do Rio Grande do Sul, basicamente com contas públicas, afirma que teve o prazer de começar a atender ao seu time do coração.

Para os próximos 10 anos, Vera espera ter seu ateliê, fazer seus vidros, ler muito, cuidar dos cachorros, sair para tomar chá com as amigas e viajar. Garante que procura não criar grandes expectativas para não ter grandes frustrações, mas que acredita que, em termos profissionais, conseguiu fazer muitas coisas e que o momento de maior satisfação na carreira foi quando recebeu a notícia de que havia conseguido comprar, para Olympikus, uma cota de patrocínio da Copa do Mundo na Rede Globo. "Este dia foi inesquecível, pois foi o único anunciante na época, do Rio Grande do Sul, a comprar uma cota do produto mais nobre da televisão brasileira", compartilha. 

Das referências profissionais, destaca para representar todos as amigas e mídias Dulce Cardoso, Ana Esteves e Janine Torma. Já as pessoais são os avós maternos, Oscar e Olga, que são descritos por ela como amorosos e carinhosos e de quem traz as melhores lembranças, além da comadre Niruana, que é tida como um ponto de referência no papel de mulher.

Pequena alma terna flutuante

A paixão pela F1 vem do pai, que sempre gostou muito de automobilismo e trabalhou com comércio de autopeças. Por isso, este ambiente sempre foi muito familiar para Vera, que ouvia as narrações pelo rádio. Desde que tem memória, que começaram as transmissões regulares de F1 no País, nos anos 80, recorda até hoje que a única corrida que não assistiu foi um GP do México, em 1986, pois estava trabalhando em um evento. A paixão é tanta que ela já conheceu a sede da Ferrari em Manarello, na Itália, onde acompanhou treinos de inverno na época em que treinavam em Portugal; foi em alguns GPs Brasil, ao último GP de Fórmula Indy no Brasil e, eventualmente, vai ao Stock Car.

Batizada na Igreja Católica, explica que não gosta de rituais preestabelecidos, de coisas impostas e obrigadas, mas que respeita e admira muito São Francisco e Santo Antônio, os quais foram duas pessoas reais, que, na época em que viveram, fizeram uma pregação extremamente humanista de respeito a si, aos outros, aos animais, à vida como um todo. "Nisso eu consigo acreditar. O que me serve de inspiração e referência são estas pessoas que, através das suas atitudes e de seus pensamentos, mudaram alguma coisa no mundo", expõe.

Como defeito, considera-se teimosa e, como qualidade, diz que é muito amiga de seus amigos, que não tem preocupação com a quantidade, mas sim com a qualidade, tanto que seus perfis nas redes sociais são bem fechados, só para se comunicar com os amigos mesmo.

Definindo-se como uma pessoa difícil, Vera gosta de muita diversidade, por isso, afirma que não consegue se encaixar em nenhuma tribo, em nenhum perfil, e acredita que isso a torne chata para outras pessoas. Ela explica ainda que busca conhecimento e tenta não cair no lugar-comum. Fica contente com ela mesma, não uma questão narcisista de vaidade, mas de se satisfazer consigo própria a fim de tentar ser uma pessoa mais agradável para conviver com os outros.

Até o fim deste ano pretende tatuar o cachorro Kimi Räikkönen. No corpo, já traz quatro tatuagens: um dragão tribal; o nome em letras etruscas; o lema de Roma; e o primeiro verso de um poema de Adriano, imperador romano do Século II, a qual se identifica e que é uma definição: "Animula vagula blandula, hospes comesque corporis...", traduzindo "Pequena alma terna flutuante, companheira e hóspede do corpo?".

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