Happy House: Uma casa, uma equipe, uma família

Ser referência em Endomarketing causa admiração, mas ela não é maior do que o orgulho da sua essência: as pessoas

A pergunta que não quer calar: como que uma empresa, que trabalha com comunicação interna, comunica-se internamente? A redundância é proposital para apresentar a Happy House, que atua há 18 anos no mercado de Endomarketing. A maioridade trouxe uma série de conquistas, outros tantos aprendizados e, claro, um portfólio de peso quando se trata de clientes, funcionários e trabalhos. Esses que tantas vezes foram reconhecidos com distinções, inclusive, internacionais. Uma pequena parte dos prêmios recebido no último ano está orgulhosamente à mostra na recepção da sala de dois andares, que fica no térreo de um prédio localizado na avenida Carlos Gomes, em Porto Alegre.

A sede, pasmem, é a mesma desde o seu surgimento. E, ao considerar que a empresa começou com seis pessoas, uma nova dúvida: todo esse tamanho - hoje, após algumas reformas, tem cerca de 500 metros quadrados - para meia dúzia de gente? A explicação da fundadora e sócia-diretora, Analisa Brum, é bem simples, mas muito segura: "A Happy já nasceu para ser grande. Sempre soubemos que chegaríamos onde estamos". Apesar dos 70 funcionários atuais, da carteira de clientes estar concentrada basicamente em São Paulo e do espaço bastante grande, a primeira agência voltada ao Endomarketing não esquece sua origem, seus sonhos e, como não haveria de ser diferente, seu público interno.

Na condução da empresa, os primeiros funcionários se tornaram sócios: Cristiane Mallmann, como diretora de Negócios; Rinaldo Medeiros, à frente das Finanças; e Carlos Eduardo Palhares André, mais conhecido como Paulista, que comanda o Planejamento. Na liderança, há, ainda, Kerlin Escobar Dutra chefiando Operações, Atendimento e Editorial. E quando se fala dos cinco diretores, a característica destacada é sempre a mesma: eles colocam a mão na massa como qualquer outro colaborador. "Sabemos o que está acontecendo em toda empresa e a equipe nos enxerga como pessoas que produzem como eles. A Ana (apelido da fundadora), por exemplo, é a que mais trabalha aqui, sua porta está sempre aberta e qualquer um pode entrar, pois ela é muito disponível", ressalta Kerlin, que está há sete anos na casa.

Pela mesma porta

O dia começa cedo, com os primeiros funcionários chegando por volta de 8h30, e, ainda que a fama de agências seja de trabalhar até muito tarde, esta não é a cultura incentivada ali, pois se motiva para que saiam às 18h. A diretora de Operações, por exemplo, comenta que sempre sabe como seu dia começará, mas nunca como terminará. Mesmo assim, o esforço de todos é para que as demandas sejam cumpridas em horário comercial. A estrutura está dividida em oito núcleos completos, como chamam internamente, pois cada um conta com atendimento, assistente, redator, diretor de Arte e uma ou outra função a mais, dependendo da necessidade do cliente.

Há, também, um núcleo editorial formado apenas por jornalistas, e outro considerado 'sênior', que é o de Planejamento. É nele que trabalham os colaboradores mais antigos e experientes. Esse é o setor que conta com a atuação direta de Ana, que lida com questões estratégicas. Aliás, essa área, o editorial, um espaço para reuniões e a sala de Analisa ficam no andar superior, enquanto no térreo é onde o maior número de pessoas pode ser encontrado.

A movimentação de sobe e desce, entra e sai é intensa e, como toda agência, a Happy House tem um fluxo de trabalho bem grande. O cenário, porém, não faz do local uma bagunça, pelo contrário, é silencioso, ainda que se perceba facilmente a loucura que é criar campanhas - internas, neste caso. "Aqui não tem grito, diretor não tem chilique, quase não tem barulho", orgulha-se Ana, que acrescenta: "Também não temos a cultura do culpado. Se houve um erro, todos estão envolvidos. Pessoas que destoam desse perfil são automaticamente expelidas daqui, é uma seleção natural".

O tamanho da sede, que ostenta uma decoração fortemente vermelha, reflete o orgulho que sua fundadora alimenta. Ana, que trabalha desde os 15 anos e teve chefes que a influenciaram positivamente ou não, criou a Happy House para ser um lugar em que ela mesma gostaria de trabalhar. E conseguiu. "Eu entro pela mesma porta há 18 anos achando a nossa empresa o máximo. Nunca achei ruim. É como uma mãe que olha para um filho com orgulho. É isso que me mantém", comemora. Dos muitos momentos marcantes, destaca a conquista da conta da Vale do Rio Doce, em 2002. "Entramos na concorrência apenas para aprender como se fazia. Dois meses, recebi uma ligação que confirmava que a conta era nossa. Quase não acreditei", recorda.

Comunicando comunicadores

Comunicar-se internamente com 70 pessoas quando se tem clientes com número de colaboradores bem mais elevado pode parecer fácil, mas como fazer isso com quem conhece todas as técnicas de Endomarketing? A Happy House encontrou diversas formas. A mais prática é com televisores espalhados pelas paredes, além de expositor de vidro para materiais impressos, que noticiam as últimas movimentações da empresa e seus clientes. A alternativa não apenas mantém todos informados, como também incentiva que alguém possa colaborar dando ideias e compartilhando experiências.

Clientes, novos, campanhas internas, renovação de contratos. Muitos podem ser os motivos para brindar com os funcionários. "Somos uma agência que confraterniza muito. E sempre de forma transparente", diz Kerlin, ao contar que, quando é necessário comunicar algo importante, uma tradição foi construída "sem querer". É que, quando a notícia a ser dada é mais séria e importante, algum diretor reúne todos na escada. "Historicamente, se a informação for passada do meio da escada, é coisa boa. Mas, se o mensageiro estiver no chão, todos se preparam, pois não vai ser algo bom", detalha a diretora de Operações.

Existem campanhas internas que são mapeadas para o ano inteiro, como é o caso dos agasalhos. No ano passado, a mobilização foi tão grande que conseguiram fazer doações para três instituições de caridade. E se tem um momento que ganha atenção e a alegria de todos é o famoso "Choripan" (conhecido também como pão com salsichão). A confraternização organizada pela empresa de tempos em tempos acontece no salão de festas, que fica no 13º andar do prédio. "Acho que tem gente que volta pra Happy só por causa disso", brinca Kerlin.

Apesar de manterem um banco digital com todos os trabalhos realizados até hoje, as referências mais importantes são vivas, ou seja, as pessoas, pois são as que mais contribuem. Para estimular a criatividade da equipe, foram criados dois momentos mensais, onde a operação toda para por uma hora. O Break serve para que as duplas de criativos apresentem seu melhor trabalho do mês, explanando sobre o desafio, a proposta e o resultado final. A ideia é que todos possam ver e entender o que acontece com os outros núcleos. Já o Recarga é quando a agência recebe um convidado de fora para conversar com os colaboradores, e, nesse caso, todos os assuntos que possam interessar os clientes interessam à Happy.

Tudo isso parece empolgar a equipe, mas o ponto alto, mesmo, é a festa de final de ano. A última foi com o tema rock'n'roll, ideia surgida despretensiosamente durante um almoço entre Ana e um funcionário que mantinha uma banda do gênero musical. Logo após acertar sua apresentação para os colegas, o grupo se separou e isso motivou os diretores a selecionarem músicos dentro da empresa. Espalharam cartazes com "Procura-se baterista", por exemplo, e divulgaram um e-mail para que os interessados fizessem contato. Pagaram ensaios quinzenais em estúdio e eles, finalmente, se apresentaram no evento. "Foi incrível. A cada festa a gente pensa que foi a melhor de todas", conta Kerlin, visivelmente empolgada.

Na ponte aérea

Uma boa definição para a equipe da Happy talvez seja "desprendida". Isso porque, ainda que estejam sediados em Porto Alegre, os clientes estão basicamente em São Paulo. Então, ir para a terra da garoa é quase como trocar de bairro por aqui. Tem até Atendimento que já deixa a mala pronta, pois sabe que a qualquer momento precisará viajar. Com toda essa intimidade com a capital paulista, seria natural que a agência se mudasse para lá, mas isso passa bem longe dos planos de Ana: "Sou daqui, a equipe e minha família também. Já foi demais ter saído de Quaraí para Porto Alegre. Daqui eu não vou a lugar nenhum", garante, aos risos.

Inclusive, as viagens podem trazer mais do que experiências profissionais, como foi o caso de Angélica Madalosso, que começou como executiva de conta há cinco anos e, hoje, atua no Planejamento. Acontece que, quando viajava periodicamente para São Paulo, durante um voo, um piloto se sentou ao lado dela. Conversaram, se interessaram, algum tempo depois trocaram contatos e bingo! Já são três anos de relacionamento. "Uma colega, que estava junto quando nos conhecemos, ao saber que não trocamos telefones num primeiro momento, lamentou dizendo: 'Mas eu te vi casando com ele de véu e grinalda'", recorda Angélica.

O vai e vem nem sempre precisa ser usado para ressaltar a ponte aérea, pode ser utilizado, por exemplo, para salientar que muitos colaboradores foram e voltaram. Como Régis Corrêa Pinto, mais conhecido como Bambam - apelido adquirido na sua primeira passagem pela Happy, há quase 10 anos, ainda como estagiário. "Não sabia nada da profissão e o Paulista viu potencial em mim. Cheguei disposto a aprender o máximo e fiz isso durante dois anos, mas senti necessidade de conhecer outras áreas", conta ele. E por onde passava, estranhava o clima, por isso, visitava a agência com frequência. Voltou e o sentimento de estar em casa foi maior ainda. "Minha vida se divide em antes e depois da Happy. Hoje, não me vejo trabalhando em outro lugar."

Pessoas que amam a Happy

Ao conversar com demais integrantes, uma constatação é bem fácil de fazer: há quem considere os colegas sua própria família. E não é só modo de falar, já que existem três casais na equipe. Dois deles se conheceram lá dentro e o outro trabalha, literalmente, junto, pois marido e mulher atuam no mesmo núcleo. E se é para falar em vínculos familiares, que tal mãe e filha? Andressa não herdou apenas o sangue ou o sobrenome de Analisa, aprendeu a amar a empresa e dela se alimentar 24 horas por dia. Tinha apenas 16 anos quando pediu à mãe para frequentar a Happy profissionalmente, pois queria decidir se cursaria Administração ou Publicidade.

Seis anos se passaram desde que Andressa optou por seguir carreira na empresa da mãe e, ainda que lembre com carinho dos tempos em que saía do colégio de moletom e calça jeans, tem ciência da responsabilidade que carrega nas costas. "Sempre soube que, por ser filha, teria que chegar mais cedo, sair mais tarde, ou seja, andar na linha. Ela é bastante exigente, pois sua régua é alta", admite, contando em seguida que o agravante fica por conta do trabalho não terminar quando bate a porta, afinal, o assunto continua em casa. Sem um processo sucessório definido, ambas sabem que esta é, sim, uma grande possibilidade, mas ainda distante, já que Andressa não consegue imaginar a mãe aposentada e nem tem a pretensão de substituí-la. "Ela sempre será a Rainha do Endomarketing. E a Happy, a minha casa."

Se tem alguém considerado "o mais apaixonado pela Happy", seu nome é Átila Ferrarez. Depois de tanto ouvir amigos falando bem da agência, surgiu um freela, que, segundo ele, foi amor à primeira vista. "Conheci uma galera extremamente afetuosa, competitiva no sentido de buscar o melhor, uma empresa fora da curva entre agências de propaganda pelas quais eu tinha passado, que se preocupa com o bem-estar dos seus", elogia. Um ano inteiro entre um job e outro, enquanto fazia o mesmo para outros locais. Veio a proposta de se fixar, mas não era na Happy. No entanto, queria tanto ficar por lá que preferiu esperar até que uma vaga na agência surgisse. Deu certo. "Tive uma receptividade especial e chego a me emocionar quando lembro, porque era um momento difícil na minha vida. Então, gosto de dizer que fui acolhido aqui", recorda, com lágrimas.

Da sala de Ana, que fica no segundo andar, é possível ver parte da operação no térreo e também uma escada pendurada no teto. Trata-se do primeiro símbolo da agência, que também significava duas vezes a letra H, uma em cima da outra. Conforme a fundadora, ali ela permanecerá para que nunca se esqueçam das suas origens. "A minha principal vaidade é o sucesso. Tudo que eu faço é pensando no resultado, mas o que mais amo aqui é nunca esquecer a nossa essência."

 

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