A indecisão da decisão eleitoral de 2024

Por Elis Radmann

Na véspera do processo eleitoral a maioria das cidades está mantendo uma média de 10% a 15% de indecisos, que irão decidir a eleição em muitas delas, inclusive definir se algumas terão ou não segundo turno.

As pesquisas do IPO - Instituto Pesquisas de Opinião têm se dedicado a compreender o comportamento desse tipo de eleitor e entender o que motiva essa indecisão. O eleitor indeciso não está muito afim de eleição. Em todos os testes comportamentais, mostra-se distante da eleição e só deve decidir, inclusive se irá dar o voto a um candidato, no dia da eleição. Nada impede este eleitor de votar branco, nulo ou até mesmo de nem ir votar.

A indecisão eleitoral mapeada pelas pesquisas está associada a três fenômenos básicos:

a) desconhecimento dos candidatos. A maioria dos eleitores indecisos só se informa sobre os candidatos na véspera da eleição, lá por sexta-feira vão se preocupar com o tema. Estes eleitores não assistem a propaganda eleitoral no rádio e na TV e ignoram o material de campanha dos candidatos na rua. Para eles, trata-se de poluição visual;

b) dúvida sobre o melhor candidato. Uma parcela do eleitorado costuma ficar dividida entre mais de um candidato. São eleitores que demonstram uma insegurança sobre qual seria a decisão mais assertiva ou gostam de dois candidatos ao mesmo tempo. Estes eleitores devem consultar amigos e familiares ou vão prestar atenção nos últimos movimentos e narrativas dos candidatos. As pesquisas qualitativas do IPO indicam que este eleitor gosta quando os candidatos "falam com eles", se direcionando e dando motivos para quem está indeciso, decidir;

c) desinteresse com o pleito eleitoral. Os eleitores que se mostram distantes da política mantêm a sua indecisão até a hora de votar, quando avaliam o contexto. Se as campanhas estiverem em uma onda positiva, com propostas inspiradoras, esses eleitores tendem a se posicionar. Caso contrário, se a campanha descambar para agressões mútuas, esse grupo de eleitores tende a fazer a adesão ao voto branco ou nulo.

Estamos na última semana do pleito e muitas candidaturas irão tentar dialogar com o eleitor indeciso, pois a indecisão eleitoral pode definir o destino de muitas cidades.

 

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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