Brainrot: como driblar o banal e focar no que é de fato relevante

28/05/2025 10:00
Brainrot: como driblar o banal e focar no que é de fato relevante

Você já deve ter visto ou ouvido falar de "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo", filme que levou diversas estatuetas do Oscar na temporada 2023. Mas, calma; essa não é uma resenha cinematográfica. Tomo a liberdade de emprestar o título da obra para falar sobre um processo que vem se tornando cada vez mais comum no meio digital: o "brainrot".

O termo, que pode ser traduzido livremente como "apodrecimento mental", carrega muito do nome do filme. Afinal, ele acontece pela super exposição a informações, muitas vezes fragmentadas e repetitivas - um fenômeno que se potencializa com o uso exagerado das redes sociais.

Atire a primeira pedra quem nunca ficou "scrollando" pelo feed do Tik Tok ou do Instagram sem ver o tempo passar. Quando somos expostos a diversos conteúdos ao mesmo tempo, em diferentes canais, como focar no que é verdadeiramente relevante para nós?

Os sintomas do "cérebro apodrecido"

Em 2024, "brainrot" foi eleita a palavra do ano pelo dicionário Oxford, a expressão certa para descrever o consumo de conteúdos de baixa qualidade na internet e o seu impacto na saúde da população - principalmente na Geração Z e na Alpha. De 2023 para 2024, o uso do termo aumentou em 230%.

Quando o consumidor passa a ser consumido pelas infinitas publicações de criadores de conteúdo, portais de fofoca ou perfis de humor, nosso cérebro entra em estado de letargia, afetando a capacidade de raciocínio, a criatividade e a concentração.

A ansiedade também é outro sinal do "brainrot" - aquele sentimento de que precisamos acompanhar sempre as últimas notícias ou estar por dentro do que é mais "trendy" no universo digital. E com isso, o celular não sai das nossas mãos e a mente não recebe o descanso que merece.

O superficial como modus operandi na internet

Será que hoje quantidade vale mais que qualidade? De uma hora para outra, somos expostos a milhares de posts, fotos ou vídeos "mais do mesmo" nas mídias sociais: um novo desafio, aquele áudio que já ouvimos inúmeras vezes ou um novo estilo de foto que você não pode ficar de fora.

O fútil passa a gerar likes e visualizações, mas não vem para ficar. Ele é momentâneo, sendo substituído por um novo conteúdo dentro de um ciclo de distrações descartáveis, que só reforçam a cultura do imediato.

Nesse cenário de excesso e superficialidade, cabe às marcas refletirem sobre o tipo de conteúdo que colocam no mundo. Em vez de alimentar o brainrot, elas têm a oportunidade e responsabilidade de entregar algo com propósito, que se conecte de verdade com o público.

O papel das marcas frente ao brainrot

Gerar conteúdo relevante na era dos conteúdos vazios é um desafio. É preciso nadar contra a corrente para chamar mais que a atenção: é sobre gerar e gerir valor para as pessoas.

É necessário consistência e consciência para se manter relevante em meio a um mundo volátil, incerto. As marcas devem construir narrativas significativas para conectar histórias e se relacionar em um nível mais emocional com as pessoas.

Mais do que seguir tendências passageiras, as marcas precisam investir em conteúdos que reflitam seus valores de forma autêntica. Isso significa priorizar a profundidade em vez do volume, construindo uma presença que faça sentido a longo prazo.

Uma boa construção de conteúdo começa com um entendimento claro de identidade e propósito. É fundamental ouvir ativamente o público, adaptar mensagens com sensibilidade ao contexto e investir em formatos que estimulem a reflexão e geração de valor.

Quando as informações estão em todos os lugares e ao mesmo tempo, combater o brainrot deve ser uma responsabilidade compartilhada. Usuários, criadores de conteúdo e marcas devem escolher com atenção e intenção aquilo que consomem e compartilham na internet.

Ao priorizarmos o que é de fato importante para nós, protegemos a nossa saúde mental e construímos uma internet mais saudável para todos.