Apesar do conceito ter surgido há mais de quatro décadas, o desafio de estimular inovação e resultados dentro das empresas a partir dos seus colaboradores persiste. Desde a criação do termo intrapreneur, em 1978, por Gifford Pinchot III, representando ?empreendedorismo interno? ou ?empreendedorismo corporativo?, sua relevância só cresceu.
A cultura do intraempreendedorismo empodera os funcionários para criar novos produtos, serviços, ideias e soluções, pensar e atuar como empreendedores na empresa onde trabalham, gerando o sentimento de ?dono do negócio? e permitindo um ambiente mais propício para assumir riscos, contando com os recursos e apoio da corporação. Enquanto empreendedores criam negócios do zero e arriscam seus próprios ativos, os intraempreendedores usam o capital e a estrutura da empresa trabalhando colaborativamente e lidando com maior tolerância ao erro. Contudo, podem enfrentar menor flexibilidade, autonomia e abertura para desempenhar este papel. Por isso, as organizações devem reconhecer os benefícios desse perfil de trabalho.
O empreendedorismo interno é uma ótima alternativa para tornar as empresas mais inovadoras, competitivas e dinâmicas, usando habilidades e criatividade das suas próprias pessoas. Impulsiona a produtividade e a proatividade, faz os funcionários assumirem mais responsabilidades e, portanto, sentirem-se motivados e valorizados, aumentando o capital humano da companhia e a capacidade de retenção de talentos.
As características de um intraempreendedor incluem ser proativo, adaptável, autônomo e colaborativo, observar oportunidades de melhorias, propor novas ideias e soluções, trabalhar com criatividade e aprendizado contínuos, ter mindset inovador, assumir riscos e apresentar ótima visão estratégica e holística. Pessoas com esse perfil geram grande impacto nas suas organizações, impulsionando saltos de inovação e garantindo sustentabilidade nos negócios.
E como fomentar o intraempreendedorismo? Primeiro, é fundamental que a companhia esteja realmente aberta a novas ideias e a dar espaço para seus colaboradores inovarem e errarem. Lideranças e RH devem apoiar essa visão, criando diretrizes e ferramentas para consolidar a cultura intraempreendedora. Criar recursos para suportar iniciativas intraempreendedoras e mecanismos de engajamento dos funcionários, como hackathons, feiras de ideias ou a possibilidade de dedicarem parte do seu tempo em projetos paralelos (como a política dos 20% de tempo livre no Google para desenvolver novas iniciativas) também pode fomentar o espírito empreendedor na empresa. Além disso, motivar e recompensar os colaboradores com reconhecimentos, incentivos e oportunidades de crescimento é essencial para garantir um clima organizacional estimulante, com espaço para celebração de conquistas e realização de sonhos pessoais. Por fim, a comunicação clara sobre a visão e os benefícios do intraempreendedorismo são igualmente primordiais para engajar os funcionários.
Alguns exemplos clássicos de empreendedorismo corporativo, como o botão de curtir do Facebook e os post-its da 3M, mostram o impacto das ideias internas. Pergunte-se: Que cases temos em nossas empresas? O que podemos fazer de diferente para impulsionar nossos negócios?
No mercado da comunicação, o intraempreendedorismo é ainda mais relevante devido à inovação constante e às mudanças rápidas. Nele, promover essa cultura ajuda a gerar soluções mais criativas e assertivas, melhora a resposta às demandas do mercado, fortalece marcas e amplia o retorno sobre investimentos.
Olhando para frente, o intraempreendedorismo deve ter cada vez mais impacto no futuro da comunicação, a partir do desenvolvimento de novos modelos de negócio, de formatos de trabalho mais flexíveis e da ampliação da colaboração em processos criativos. Contribui, ainda, para um maior foco em engajamento e experiência do cliente, para o avanço da cultura da inovação e para maior presença de plataformas multicanais, conteúdos personalizados e interativos, transformação digital e responsabilidade social na criação de iniciativas.
Como disse Gary Hamel, conhecido teórico de gestão e autor de livros sobre inovação: ?o intraempreendedorismo é tão necessário para o futuro da sua empresa quanto nadar é para um tubarão ? se você não fizer isso, você morrerá?. Essa postura de empreendedor dentro de uma organização é fator crucial para a sobrevivência e o sucesso contínuo das corporações. Buscar no mercado e valorizar profissionais com esse perfil deve estar no radar de todos os líderes. Valorizar e recompensar o pensamento criativo e o intraempreendedorismo, com dedicação, transparência e alinhamento com a visão institucional, deve ser uma prioridade, ajudando as empresas de comunicação a se manterem competitivas e relevantes em um ambiente em constante evolução.