Na abertura, 'pai da Internet' lança campanha global para salvar a web

Tim Berners-Lee manifestou preocupação com manipulação e problemas de privacidade

Tim Berners-Lee no palco do Web Summit - Divulgação/Coletiva.net

Por Cleidi Pereira, de Lisboa, Portugal

A preocupação com os efeitos adversos e o futuro da tecnologia deu a tônica da cerimônia de abertura da terceira edição da Web Summit em Lisboa, Portugal, nesta segunda-feira. 'Pai da Internet', o físico britânico Tim Berners-Lee - que inventou a World Wide Web há quase 30 anos - foi o primeiro a subir ao palco principal do evento e defendeu a necessidade de se criar um 'contrato' para salvar a web,  em que cidadãos, empresas e governo trabalhem juntos em prol de uma rede segura e inclusiva. "Todos são responsáveis pelo futuro, por tornar a web um lugar melhor. Estou pedindo a ajuda de vocês para concertar algumas coisas. Nós podemos fazer isso juntos", disse ele, lançando o projeto #fortheweb.

Notícias falsas, discurso de ódio e problemas de privacidade foram alguns dos exemplos de 'falhas' citadas por Berners-Lee. Ele afirmou que esperava que a rede mundial de computadores fosse uma plataforma livre e aberta a serviço da humanidade, mas que, olhando para trás, apesar de muitos avanços e benefícios, muitas coisas correram mal. "Há dez anos, diria que a web não deveria ser controlada por ninguém, mas há um momento em que percebemos que há movimentos simples pelos quais devemos lutar, como a liberdade e a liberdade de expressão, e que há consequências de se defender, por exemplo, o anonimato".

A fala dos demais oradores, como o secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, seguiu a mesma linha de raciocínio. Depois de citar aspectos positivos, como a inteligência artificial, Guterres alertou para os riscos da tecnologia, apontando como preocupações o populismo, o futuro do emprego e os discursos de ódio. "Não foi a web que criou o populismo e as polarizações, mas é verdade que ela amplifica esses problemas", disse. Num painel chamado "Nutrindo um futuro digital seguro e benéfico para todos", ele também reconheceu a urgência de se discutir acordos e protocolos que possam levar a internet a outro patamar, voltado para o bem comum. 

Também passaram pelo palco principal da Web Summit, na Altice Arena, a vez da vice-presidente de Ambiente, Política e Iniciativas Sociais da Apple, Lisa Jackson, o cineasta norte-americano Darren Aronofsky, diretor de filmes como Mãe! (2017), Cisne Negro (2010) e Requiém para um Sonho (2000), o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina.

Considerada a maior conferência de empreendedorismo, tecnologia e inovação da Europa, a Web Summit nasceu em 2010, em Dublin, na Irlanda, e mudou-se em 2016 para Lisboa, onde deverá permanecer por mais uma década. Nesta edição, cerca de 70 mil pessoas de 159 países devem passar pela Altice Arena e pela Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações, até a próxima quinta-feira, dia 8.

A cobertura em tempo real de Coletiva.net tem apoio de BriviaDez e Grupo Bandeirantes.

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