Empresas devem enfrentar desafios para sobreviver

Fazer bem-feito é uma obrigação. A grande provocação é estar em constante renovação e de forma planejada, diz professor

Quais são as maiores ameaças que as empresas enfrentam hoje? Com essa provocação, Carlos Alberto Arruda de Oliveira, doutor em Administração e Negócios e professor da Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, começou a palestra "A longevidade das empresas". Os participantes do 10º Congresso dos Diários do Sul do Brasil estão, neste momento, acompanhando a exposição, que tem por objetivo apontar os aspectos que podem garantir a sobrevivência de uma empresa em um mercado cada vez mais competitivo.


Para estudar as razões que levam uma empresa a manter a sua performance por mais de 30 anos, o Oliveira tomou como base a lista Maiores & Melhores, publicada pela Revista Exame, da Editora Abril. A publicação anual permitiu a análise sólida e consistente do comportamento das empresas. O primeiro dado destacado pelo palestrante foi: das 500 empresas apontadas pela Exame, apenas 23% conseguiram manter o seu desempenho econômico. Ou seja, 77% das empresas não conseguiram manter negócios viáveis em mais de 30 anos.


Para Oliveira, uma empresa viável é aquela que gera resultados de alta performance. No entanto, é na capacidade de gestão eficiente que está uma das ameaças para a longevidade das organizações. "A sobrevivência de uma empresa é ameaçada pela sua gestão, pois ela se torna objeto de desejo dos grandes concorrentes", afirmou. Entre as empresas pesquisadas, o principal fator de descontinuidade é a aquisição por grandes empresas. Portanto, "ser uma boa empresa é uma ameaça a ser enfrentada", enfatizou.


A análise profunda das empresas sobreviventes ainda apontou sintomas interessantes, como: a capacidade de uma empresa sobreviver está diretamente relacionada a sua capacidade de assumir riscos; em nenhuma empresa pesquisada, o fator financeiro foi a causa de mortalidade, em algumas foi a causa mortis; empresas, mesmo consideradas excelentes pela mídia, não sobreviveram; muitas empresas boas para trabalhar não sobreviveram; as empresas longevas caracterizam-se pela inovação, mas algumas empresas que não sobreviveram também foram inovadoras; a longevidade está diretamente associada à capacidade de superar crises; em todas as empresas pesquisadas, o papel da liderança foi fundamental para a sua longevidade.


O maior desafio, portanto, é estar em constante renovação. E de forma programada. "Hoje, a proposta é descobrir o que nós temos que fazer e que ainda não estamos fazendo. Saber fazer bem-feito é uma obrigação. Por isso, a provocação é estar o tempo todo aprendendo", explicou. Dirigindo-se aos participantes do encontro, Oliveira ressaltou que "o papel das lideranças é apontar o que pode ser criado, o que ainda pode ser feito. O problema é que a maioria dos líderes não tem tempo para isso", alertou.

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