A derrota da prepotência

Por Rogério Teixeira Brodbeck* O titulo deste artigo poderia ser "A derrota da arrogância", se quisesse usar a expressão do deputado José Carlos Aleluia …

Por Rogério Teixeira Brodbeck*
O titulo deste artigo poderia ser "A derrota da arrogância", se quisesse usar a expressão do deputado José Carlos Aleluia para resumir o resultado da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados em que o Partido dos Trabalhadores e o governo, indissociáveis neste episódio, sofreram (mais) uma aplastante derrota. Aparentemente um azarão - para recorrer ao "turfês" -, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) venceu o pleito fazendo menos votos no 1º turno. O PT perdeu uma disputa que considerava ganha e mais, conseguiu a proeza de romper uma tradição segundo a qual a condição de maior partido da Câmara lhe daria quase automaticamente a presidência.
Com base nesse histórico, e talvez inebriado pela fácil vitória de seu (de todos os governos?) aliado Renan Calheiros, no Senado, desprezou eventuais apoios, ignorou apelos e zombou da maioria silenciosa (nem tanto, como se viu) ou baixo clero, aliás, um dos fatores responsáveis, junto com a oposição, pela eleição de Severino. Não obstante isso, o partido governista sequer ficou com qualquer lugar à Mesa Diretiva da Casa. Ou seja, novamente tomou um "passeio" (agora na linguagem do futebol) equivalente a barba, cabelo e bigode. Talvez com isso os soberbos aprendam que eleição só se ganha após o último voto, coisa que para eles não têm (tinha) a menor importância até agora, acostumados a fanfarronar vitórias antes do tempo. Já era tempo de terem aprendido a lição com o pleito municipal do ano passado quando o PSDB foi o grande vencedor (o ganhador de eleição não é sempre ou necessariamente o que faz mais votos absolutos, é preciso saber onde fez?).
Essa singular disputa pela Presidência (e pela Mesa) da Câmara apresentou aspectos bastante diferenciados do que vínhamos observando nos últimos pleitos. Assim, pela primeira vez tivemos dois candidatos de um mesmo partido disputando pelo menos três cargos (presidência, vice-presidência e 4ª secretaria) o que equivale a dizer que as bancadas não estão(vam) tão unidas assim num fenômeno não exclusivo do PT, mas também do PFL e do PL. E a nota surrealista foi dada pelo ministro Aldo Rabelo ao declarar que o presidente Lula iria respeitar o resultado das urnas, o que só pode ser traduzido por uma piada de mau gosto. Afinal, como seria se assim não fosse: o Executivo iria dar um golpe no Legislativo, cassando (como fez a "Redentora" em 64) alguns deputados da oposição?
* Rogério Teixeira Brodbeck é jornalista e advogado.
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