A eleição paroquial

Por Vilson Antonio Romero* Com a aproximação do dia três de outubro, os ânimos vão se exaltando, as pesquisas de intenção de voto vão …

Por Vilson Antonio Romero*
Com a aproximação do dia três de outubro, os ânimos vão se exaltando, as pesquisas de intenção de voto vão sendo contestadas, os candidatos aceleram o ritmo de suas campanhas e o eleitor é maciçamente assediado, na rua, na casa, no trabalho.
O jornal, a TV, o rádio e a Internet são instrumentos de massificação da mensagem que invade sem permissão nossos canais de informação e nossa sala de estar. As placas, os outdoors, as faixas, as paredes e muros pintados poluem a paisagem. Os santinhos e panfletos emporcalham nossas ruas e praças e entopem bueiros e bocas-de-lobo.
É a frenética mensagem eleitoral que deixa 5562 municípios brasileiros em ebulição, pela ação dos 15.649 candidatos a prefeito e 345.927 concorrentes às 51.985 vagas nas Câmaras de Vereadores. Nesta hora estão sendo assediados diuturnamente 121,39 milhões de brasileiros aptos a votar. Massacrados todos os dias com propostas mirabolantes de soluções dos problemas das cidades, por candidatos que hoje os cumprimentam pelo nome e que, depois de eleitos, não permitem seu acesso nem próximo ao gabinete.
São milhares de festas, churrascos, galetos, carreteiros, jantares que se repetem incessantemente, arrecadando dinheirinho escasso para as caras campanhas. É a primeira eleição paroquial do novo milênio. Seja no maior colégio eleitoral do Brasil, a cidade de São Paulo, que tem 7,771 milhões de eleitores, seja no menor, em Bora, no interior paulista, onde há uma única zona eleitoral e 834 almas com título na mão.
O dilema da população é como escolher, sem ser seduzido pelo canto da sereia do pretendente a cargo eletivo que distribuiu camisetas para o time de futebol do bairro, que prometeu empregos na Câmara ou nas estatais, que conseguiu a carteira do trabalho ou a carteirinha da associação para seus vizinhos. O palanque está recheado de soluções de combate à violência, de atendimento pleno à saúde da população durante 24 horas, de melhores condições viárias em todas as cidades, de combate à centralização do Poder em Brasília, de educação básica para todos, de uma melhor previdência social, de um melhor serviço público, de preços baixos e, até, de moradia para o brasileiro. O melhor dos mundos está no ar!
É hora da seleção acurada de quem vai, durante quatro anos, executar as melhorias em sua cidade, cuidar da infraestrutura, do transporte urbano, da iluminação pública, do sistema viário ou legislar em prol do povo, desvalido ou nem tanto.
Faça uma reflexão séria, fuja dos projetos mirabolantes, não esquecendo que vivemos num País pobre, com uma inigualável concentração de renda, com carências efetivas nos mais diversos setores e crescimento da Nação umbilicalmente ligado aos humores de Wall Street e dos organismos internacionais, como FMI e Banco Mundial.
Apesar do nosso potencial, ainda somos periféricos, pretendentes a Estado independente e desenvolvido, mas faltando muito para desabrocharmos. Talvez nesta eleição paroquial, em que podemos continuar ou começar a arrumar nosso quarteirão, nosso bairro, nossa cidade, possamos dar o passo inicial para endireitar (sem necessariamente irmos para a direita) o Brasil. O título de eleitor é, ainda, o melhor instrumento. Vote, mas vote bem e consciente de sua responsabilidade?
* Vilson Antonio Romero é jornalista, administrador público, conselheiro da Associação Riograndense de Imprensa e consultor técnico da Fundação Anfip de Estudos da Seguridade Social
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