Por Sérgio Capparelli

As crianças estão recentemente no olho do furacão. E mais do que nunca nessa semana. Outro bebê foi jogado do alto de um edifício. China Arnold, a mãe que assou a filha no microondas, foi condenada a passar o resto de sua vida numa prisão em Ohio, nos Estados Unidos. Identificadas finalmente as vítimas do engenheiro eletrônico de São Paulo: duas irmãs e uma prima. Iniciado nos Estados Unidos o julgamento de Neil Havens Rodreick, de 29 anos, Ele conseguia se fazer passar por um menino de nove anos e se matriculava em escolas primárias para atrair crianças.

Outras notícias que chocaram os leitores: a Polícia Militar de São Sebastião do Paraíso (MG) prendeu Alejandro Jorge Martinez Reed, 35, mexicano, suspeito de pedofilia. A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul prendeu e indiciou o conselheiro tutelar Wilson Melo Acosta, de Guia Lopes da Laguna ( 260 km de Campo Grande), por suspeita de exploração sexual de adolescentes e atentado violento ao pudor. E um professor que abusou sexualmente de 39 alunas durante 18 anos foi executado nesta sexta-feira na cidade de Pingliang, na província noroeste chinesa de Gansu.

Até parece existir uma tendência à destruição da infância. O animal humano volta-se contra seus próprios filhos. Antigamente, nas sociedades primitivas, os idosos e as crianças eram sacrificados, para que o grupo pudesse sobreviver, caso não houvesse alimento para todos. Mas dizem que vivemos no mundo civilizado e a sociedade não está exposta a um grande perigo. Aliás, o grande perigo é o que está acontecendo: a auto-destruição deliberada.

O que fez China Arnold colocar sua filha no microondas? Por que os pedófilos logo estão soltos para rondar novamente os jardins de infância? Por que Wilson Melo Acosta era conselheiro tutelar, se tinha um comportamento conhecido? E como Luo Yanlin pôde ser professor durante os 18 anos em que abusou de crianças e de jovens? Impossível responder. E correríamos o risco de uma discussão tétrica se nos puséssemos a comparar os casos de destruição da infância.

Mas podemos comparar as reações da sociedade a esse tipo de comportamento. Ainda hoje o primeiro-ministro espanhol Zapatero se disse ultrajado porque o juiz Rafael Tirado Marquez foi multado em apenas 1.500 euros por não cumprir suas obrigações. Ele levou três anos para julgar um pedófilo, que ficou livre para matar uma criança. E a mãe que assou a filha mo microondas porque tinha brigado com o namorado? O júri mostrou-se preocupado, porque essa mulher tinha apenas uma vida para passar na prisão. E o que vai acontecer com o engenheiro eletrônico paulista? E com o conselheiro tutelar? Não sabemos, pois não foram ainda julgados. E Luo Yanlin?  No caso do chinês, foi feito o que sempre se faz na China em casos graves como esse: um tiro na cabeça e bye bye.

 

* Sérgio Capparelli é jornalista e escritor, colaborador de Coletiva.net.