Assessor e jornalista

Por Hélio Ademar Schuch Um dilema permanente entre alunos e formados em jornalismo é: no trabalho de assessor ele continua sendo jornalista ou não? …

Por Hélio Ademar Schuch
Um dilema permanente entre alunos e formados em jornalismo é: no trabalho de assessor ele continua sendo jornalista ou não? Sim, ele permanece jornalista porque esta é a sua formação, mas a assessoria não pode ser entendida como jornalismo. As duas funções têm naturezas diferentes, os interesses privado e público (certo, isto, às vezes, se mescla na atividade jornalística, mas o que se enfatiza é a regra, não a exceção).
Originados numa mesma graduação, jornalistas e assessores ocupam posições diferentes no mercado de trabalho. Mas isso também ocorre em outras profissões,  por uma razão simples: as carreiras universitárias sempre serão em menor número do que os cargos e funções que são criados constantemente no setor produtivo e que exigem nível superior de escolaridade para desempenho. (De memória cito um dado: haveria uma relação de 1 para 10, se não mais, entre tipos de graduações e pontos de emprego; assim, se atualmente a universidade brasileira gradua aproximadamente 250 diferentes profissionais, existiriam, no mínimo,  2.500 ocupações não identificadas estritamente com determinada formação).
Este deslocamento não significa a perda da identidade profissional, ao contrário, sua adequação no mercado sempre estará baseada - e sustentada - pela instrução obtida na graduação. Geralmente, para maior ajuste e eficiência, tornam-se alunos de cursos, desde os de curta duração até pós-graduações. (E uma sugestão para quem  ainda é aluno de jornalismo: procure cursar disciplinas isoladas em outros departamentos, conforme tendências, como os de administração/biologia/economia/matemática e estatística/informática/educação/saúde?).
Porém, carreira universitária é uma coisa, outra são os números que a preenche.  Segundo o Censo da Educação Superior de 2009 (MEC/INEP, 2010) em 2005 havia 199.350 matrículas nos cursos de Comunicação Social (sempre presente entre as 10 graduações com maior quantidade de alunos), já em 2009 o total era de 221.211, um crescimento de 11 por cento.
Entre as múltiplas habilitações dos cursos é de se imaginar as dezenas de milhares de estudantes de jornalismo que certamente não encontrarão as vagas típicas da profissão. Mesmo assim, trabalhar em assessoria ainda aparece como alternativa, "o plano B". Ao mesmo tempo, pelo papel de recurso que assumiu, a comunicação de empresas e instituições tornou-se o maior empregador de profissionais - que se diferenciam apenas conforme as funções exercidas, e isto temporária ou permanentemente, mas não deixam de ser jornalistas.

Comentários