Atualização tecnológica e produção mais limpa

Por Alfried Karl Plöger A indústria gráfica brasileira investiu R$ 1,6 bilhão em 2008, na aquisição de máquinas e equipamentos. É um valor expressivo, …

Por Alfried Karl Plöger
A indústria gráfica brasileira investiu R$ 1,6 bilhão em 2008, na aquisição de máquinas e equipamentos. É um valor expressivo, em especial se considerarmos que já vem, há mais de duas décadas, destinando expressivo volume de recursos ao aporte tecnológico e atualização dos bens de capital. Mais significativo ainda é o fato de o dispêndio com tais rubricas, no ano passado, ter representado 7% de todo o faturamento bruto do setor.

O dado é um dos mais relevantes do "Estudo Setorial da Indústria Gráfica no Brasil", que acaba de ser lançado pela Abigraf Nacional, entidade representativa da atividade, por meio de parceria com o Sebrae. Demonstra não apenas a preocupação com maior produtividade, menores custos, melhor qualidade dos impressos, agilidade e ampliação do portfólio de serviços, mas também o exercício da responsabilidade socioambiental, na busca da produção limpa.

De fato, o chão de fábrica das gráficas é constituído por máquinas cada vez mais modernas e econômicas em termos de tinta, consumo de água e substratos químicos, do mesmo modo que os processos produtivos voltam-se ao tratamento de resíduos, à redução de ruídos e da emissão de gases. O parque gráfico brasileiro dispõe de 71 mil impressoras, com média próxima a quatro por fábrica. Conta, ainda, com 92 mil máquinas e equipamentos de acabamento e beneficiamento, totalizando mais de 163 mil unidades. Nos últimos três anos, foram adquiridas 21 mil novas impressoras, o que equivale a quase 30% do parque instalado. Quase 40% das máquinas e equipamentos em operação têm menos de cinco anos.

O avanço das gráficas brasileiras na direção do conceito da sustentabilidade já havia ficado bastante evidente na primeira edição do Prêmio Abigraf de Responsabilidade Socioambiental, cuja cerimônia de entrega realizou-se em 5 de junho último, Dia Mundial do Meio Ambiente. Os cases inscritos testemunharam que as empresas do setor entenderam a inviabilidade de ignorar o quanto é imprescindível a indústria ambientalmente correta, não apenas pela consciência cívica, como também pela exigência dos clientes e consumidores finais, cada vez mais intolerantes com os transgressores dos princípios da preservação.

Os investimentos em tecnologia limpa são muito pertinentes e têm excelente relação custo-benefício para a indústria gráfica e a sociedade, pois a mais importante matéria-prima utilizada pelo setor, o papel, também não agride o ambiente em nosso país. No Brasil, 100 por cento da madeira destinada à produção de papel de imprimir e escrever advêm de florestas cultivadas. Ou seja, não se devastam matas nativas. Ademais, a plantação de árvores sequestra vultosa quantidade de carbono na atmosfera, ao longo do ciclo reprodutivo e de crescimento das plantas.

O inédito "Estudo Setorial da Indústria Gráfica", trabalho mais completo já feito sobre essa atividade no Brasil, revela a existência de 19.897 empresas, responsáveis pela manutenção de 20.295 unidades fabris, nas quais foram processadas 6,5 milhões de toneladas de papel em 2008. Tal volume corrobora e torna ainda mais evidente o quanto são inexoráveis a produção limpa e a utilização de insumos ecologicamente adequados.

Essa indústria também é importante sob o aspecto da inclusão social (outra prioridade no tocante à sustentabilidade), considerando que emprega, formalmente, 276.731 mil trabalhadores e é constituída, em sua maioria, por empresas de micro e pequeno portes. Estas representam 88,7% do número total e foram responsáveis, no ano passado, por 32,2% da mão-de-obra empregada e 21% do faturamento.

Destoam nessas estatísticas, lamentavelmente, as gráficas estatais, religiosas, de partidos políticos e sindicatos, que não estão sob o guarda-chuva associativo da Abigraf. Portanto, são alheias aos compromissos formais que o setor assumiu com a sociedade brasileira, de contribuir para o crescimento econômico, trabalhando com responsabilidade social, política e ambiental. Ademais, exercem concorrência desleal, um problema mercadológico sério para mais de 22% das empresas ouvidas no estudo. Contudo, essa distorção, uma das consequências da insegurança jurídica nacional, não impedirá o processo de desenvolvimento da atividade, cada vez mais preparada para atender às novas demandas da comunicação e dos produtos impressos.
 

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