Brizola vive!

Por Vilson Antonio Romero* No momento em que se alvoroçam partidos, candidatos e equipes no pontapé inicial da corrida eleitoral deste ano, é fundamental …

Por Vilson Antonio Romero*
No momento em que se alvoroçam partidos, candidatos e equipes no pontapé inicial da corrida eleitoral deste ano, é fundamental refletir sobre a trajetória do líder trabalhista que já repousa em paz na cidade de São Borja (RS), ao lado de Getúlio Vargas e João Goulart, após consagradora homenagem "post mortem".
Já muitos falaram e escreveram sobre Leonel de Moura Brizola, repassando criticamente sua biografia. Os epítetos foram os mais variados: "o último caudilho", "o engenheiro da Legalidade", "o derradeiro romântico", "o baluarte do nacionalismo", "o maior herdeiro do trabalhismo". Todos verdadeiros e enfocando as diversas e a única faceta de uma mesma personagem: o político purista, não-fisiológico, idealista, eterna fênix renascida de muitas cinzas encontradas ao longo dos mais de 50 anos de vida pública.
Nesta circunstância histórica em que se apresentam muitos candidatos a lutar com afinco pelo voto dos cidadãos, seja para ocupar as prefeituras, seja para assumir os poderes legiferantes municipais, é primordial que o legado do líder trabalhista seja espelho e paradigma aos que pretendem fazer política pela política, como ingrediente básico da prestação de serviços públicos e da representação da comunidade.
Todas as eventuais controvérsias decorrentes do centralismo com que comandava seu partido. Todas as respostas evasivas que enlouqueciam repórteres e entrevistadores, onde estes podiam perguntar o que queriam, mas Brizola falava sobre o que bem entendia, inclusive numa seqüência muito difícil de ser interrompida, às vezes. Todas as escorregadas políticas registradas na proximidade que teve de Fernando Collor e, antes disto, com Figueiredo, no extertor do regime militar. Tudo isto era Brizola. Mas Brizola não era só isto. E tudo o que ele representou deve impregnar os corações e mentes, nos permitindo sonhar com um quadro político mais saudável. Voltado para os interesses coletivos, da cidadania, não e nunca para a ordem do dia pequena e individual dos compromissos escusos e das reivindicações menores. O político jurássico se foi, dirão seus desafetos. O dinossauro morreu, dirão os maldosos. Mas o ideário de Pasqualini e do trabalhismo permanece atual e redivivo. Falta agora surgirem mais porta-bandeiras idealistas. Falta um sucessor para o caudilho. Enquanto isto, miramos sobressaltados as pichações já postas nos muros e paredes do RS: Brizola vive!
* Vilson Antonio Romero é jornalista, administrado público, diretor da Associação Riograndense de Imprensa, consultor da Fundação Anfip de Estudos da Seguridade Social.
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