Este é o caminho

Por Antonio de Oliveira Há algum tempo, numa conversa com alunos de jornalismo preocupados com o futuro (deles e dos meios de comunicação social), fui questionado …

Por Antonio de Oliveira
Há algum tempo, numa conversa com alunos de jornalismo preocupados com o futuro (deles e dos meios de comunicação social), fui questionado sobre quanto tempo ainda durariam os livros e os jornais escritos e impressos em papel, pois haviam fechado o Jornal do Brasil e questionava-se se este não seria o destino de todos: o fim. Me enchi de coragem e respondi que pelo menos na minha geração e na deles isto não aconteceria.
Com a velocidade com que as coisas vêm acontecendo, pressenti nas reações que alguns discordavam, embora não assumissem publicamente. Ai, eu expliquei que poderiam acabar os jornais como são feitos hoje e citei como exemplo o próprio Jornal do Brasil, que fechou (está só na internet) devido a uma administração absolutamente irresponsável e sem qualquer compromisso com informação, e que isto deveria acontecer com outros, que seguem o mesmo caminho, pensando que ainda estão no século XVIII.
Disse a eles que eu acreditava na longa vida dos impressos, ressalvando apenas que eles deverão tomar outros rumos e até mesmo mudar de formato. Os jornalões standard que ainda existem no Rio, São Paulo e em alguns outros estados têm seus dias contados. Se transformam em tablóides ou morrem. Daqui uns tempos ninguém mais terá paciência para andar com um trambolho embaixo do braço, ainda mais sendo propaganda ou classificados a maior parte das suas páginas. E aqueles velhinhos que leem o jornal em casa, nas cadeiras de balanço, não existirão mais.
Citei os jornais distribuídos gratuitamente, que deveriam assumir o lugar dos atuais diários pagos existentes no País. E falei que a imprensa escrita que influenciará o futuro é a dos jornais comunitários, de categorias profissionais, entidades de classe, etc.Todos gratuitos, claro.
Não acredito, entretanto, que sobrevirão do jeito que são os "grandes" jornais existentes hoje, desacreditados, e que já foram "bem maiores". Como insistem em cometer suicídio, morrerão. Se não se transformarem, investirem em jornalismo, deixarem de ser partidos políticos, não têm futuro. Com a inernet entrando na casa de todo mundo, eles têm que voltar a ser (os que algum dia já foram) sérios e ganhar credibiliodade junto à população que os compra na banca ou assina.
Um exemplo de mau jornalismo, como ocorreu recentemente em Porto Alegre - altamente divulgado pelas redes sociais -, em que uma matéria sobre um seminário divulgou apenas as versões e os temas debatidos que interessavam à casa e escondeu as outras versões e outros temas discutidos, não tem futuro. Espero que a longa reunião que ocorreu na redação depois da péssima edição tenha tratado, também, deste assunto. É bom que abram o olho, inclusive os jornalistas profissionais que trabalham nestes veículos, onde até legenda (exagero) é assinada, pois seus nomes caem na boca do sapo e eles podem morrer junto.
Mas toda esta lenga-lenga que escrevi é para saudar a mais importante novidade que aconteceu na imprensa escrita de Porto Alegre nos últimos tempos. A entrada em circulação do jornal Metro, do Grupo Bandeirantes. Dei uma passada de olhos e gostei. Vou devorá-lo à noite, em casa, na cadeira de balanço. Embora pareça, não é um jornal fácil de fazer. Tem que trabalhar (o máximo que puder) com matérias exclusivas sobre temas que interessem ao povão. Se der para ter uma exclusiva em cada edição será a glória.
Meus cumprimentos ao Flávio Ilha (extensivo aos demais integrantes da redação e à direção) pela amostra. Este é o caminho.

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