O inconsciente, tirano e aliado de uma vida inteira

Por Paulo Tiaraju Quem manda em nós não é o destino, nem o empregador, nem a sua mulher, nem o seu marido, quem manda …

Por Paulo Tiaraju
Quem manda em nós não é o destino, nem o empregador, nem a sua mulher, nem o seu marido, quem manda em você, em mim e em todos nós é o nosso inconsciente. Inclusive mandava no Freud, que, por sua vez, era um ferreiro, mas tinha espeto de pau.
Nosso cérebro, se comparado às proporções de um ovo, a clara e a gema representa o inconsciente, cabendo à casca fina a parte consciente. Ou seja, quem é que manda?
Pois bem, é na clara e na gema que nós moramos. É ali que você se encontra e fala consigo mesmo, tem ideias e, quando precisa inventar uma mentira apostólica (do bem), é dali que sai a estória da carochinha. Ali também é o território das sinapses e das cognições, assim como de outras funções práticas, como enviar impulsos elétricos para seu coração bater no ritmo certo e outras nem tão glamourosas, como lhe alarmar em caso de emergências sanitárias. É o inconsciente quem faz os insights, quem inspira os planos, as paixões, as saudades, gera os medos, os desejos e as fantasias que, geralmente, não dão em nada. E ainda, é no aconchego dele que você é socorrido quando é devastado por uma perda brutal, ou é assolado por uma solidão de pedra.
Suas questões básicas de sobrevivência (e outros fundamentos vitais) se encontram ali, no bom e velho inconsciente, sempre alertas, prontas para te acionar. Exceto quando o protagonista distorce sua escala de valores. Essa é uma das mais temidas armadilhas plantadas no inconsciente. Por exemplo: não raro o sujeito reage a um assalto, por julgar que o valor material - sua carteira com cartões de crédito etc. - vale mais do que a sua vida. Conscientemente não acha. Mas isso nunca ficou claro e consolidado no plano inconsciente. A reação se dá num átimo de segundo, não há tempo para pensar. Quem manda são os princípios armazenados nas camadas mais profundas do cérebro humano.
Se tivesse tempo para pensar, diria: deixo o assaltante drogado levar tudo, fico vivo, depois ganho outra vez. No entanto, o valor material foi tão incrustado que seu reflexo condicionado é reagir, lutar e morrer. A vítima morre sem glória, uma morte miserável do ponto vista moral e espiritual. Quer dizer, com o inconsciente não se brinca. Na prática você é, de fato, tudo o que sente e pensa, nas suas camadas mais profundas. Mesmo que nem às paredes confesse, o teu inconsciente sabe.
Paulo Tiaraju é publicitário.

[email protected]

Comentários