O livro do Valdi conta o início da MPM

Por Juvenal Azevedo Quando vivia em Porto Alegre, Valdi Ercolani foi um privilegiado espectador da fundação da MPM Propaganda, nos churrascos realizados na casa …

Por Juvenal Azevedo
Quando vivia em Porto Alegre, Valdi Ercolani foi um privilegiado espectador da fundação da MPM Propaganda, nos churrascos realizados na casa da família de Luiz Vicente Goulart de Macedo (um dos M da futura agência), que reuniam também Antônio Mafuz, na época na Sotel Publicidade, e o próprio Macedo e Petrônio Corrêa, ambos naquela altura na Grant Advertising, em 1957.
Anos depois, em 1963, Valdi, depois de ter vivido durante um ano nos Estados Unidos, tornou-se diretor de arte da MPM em São Paulo, fazendo dupla comigo como redator, ocasião em que participamos da revolução criativa na agência e na publicidade, ao lado de outros profissionais do mercado, como a dupla José Fontoura da Costa e Hector Rossano, na S.J. de Mello, Alex Periscinotto e Sérgio Toni, na Alcântara Machado, Roberto Duailibi e Jean Udry, na Standard e José Leão de Carvalho, Enio Mainardi, Antônio Torres (provável futuro imortal da Academia Brasileira de Letras) e o diretor de arte Augusto Oliveira, na Inter-Americana.
O escritor Valdi Ercolani surgiu depois de viver boa parte da sua vida no exterior, trabalhando dos 20 aos 44 anos como diretor de arte e roteirista nos Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, França e Argélia. Essa convivência com povos de diferentes culturas lhe fez perceber a existência dos mesmos sentimentos em cada ser humano, dando a ele uma visão realmente globalizada dos homens e do mundo, seja no Ramadã árabe ou na comemoração do Natal nos países ocidentais, numa época em que ninguém sequer sonhava com a internet. Agora, Ercolani está lançando, em São Paulo, o terceiro volume da Saga do Inocêncio ("Inocêncio e o Início da Jornada"), um livro de autoajuda motivacional orientadora, que serve de bússola para jovens e adultos que estão buscando e ainda não acharam o seu rumo.
Nesse livro, o pano de fundo são os acontecimentos políticos que culminaram com o suicídio de Getúlio Dornelles Vargas, em agosto de 1954, e depois a renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1961, com o consequente veto dos ministros militares à posse de Jango e a resistência legalista de Leonel Brizola, que assegurou a posse de Jango na presidência.
Contribuíram para acrescentar detalhes históricos à obra de Ercolani sua convivência com a família de Luiz Vicente Goulart de Macedo, sobrinho de João Goulart e de Leonel Brizola, em Porto Alegre; com Antônio Mafuz, que foi chefe de gabinete de Manoel Vargas, filho de Getúlio e secretário de Agricultura do então governador do Rio Grande do Sul, Ernesto Dornelles; e com Paulo Richer, engenheiro químico com curso de introdução à energia nuclear no Instituto de Energia Atômica da USP e estágio nos centros nucleares de Mol, na Bélgica, e Saclay, na França. Vieram dele algumas informações mencionadas no livro, pois Paulo Richer estava em Porto Alegre, convidado pelo governador Brizola para participar de um grupo de trabalho sobre energia elétrica e se encontrava no Palácio Piratini quando da renúncia de Jânio e durante os tumultuados dias e noites da resistência legalista liderada por Brizola, que asseguraram a posse de João Goulart na presidência da República.
"Inocêncio e o Início da Jornada" foi publicado pela Selene Editora, de São Paulo, e se constitui em leitura gostosa tanto para quem viveu aquele período histórico quanto para os jovens que não curtiram os anos de ouro e revolucionários do Brasil e da propaganda brasileira, para os quais atua como um verdadeira aula de história.

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